Sporting de Keizer tem ainda muito trabalho a fazer!

José Nuno QueirósJulho 11, 20196min0

Sporting de Keizer tem ainda muito trabalho a fazer!

José Nuno QueirósJulho 11, 20196min0
O Sporting realizou o seu primeiro particular de pré-temporada, mas arrancou com o pé esquerdo. Mais importante que o resultado foram as limitações que as segundas linhas evidenciaram contra um adversário bastante acessível.

O Sporting defrontou o modesto Rapperswil Jona, naquele que foi o primeiro teste dos leões em terras helvéticas e naquele que seria também o primeiro teste aberto ao público e o a primeira oportunidade de ver a versão Sporting de 20219/2020.

Keizer dividiu o a equipa pelas duas partes apresentando dois 11’s completamente distintos, algo que acabou por jogar contra o treinador holandês. Os leões atuaram na primeira parte com a equipa que mais se aproxima da versão base que o técnico deverá lançar no início da época na supertaça com o rival Benfica, ao passo que na segunda parte foi possível ver o rendimento dos suplentes, dos regressados e dos jovens lançados das camadas jovens do Sporting.

Foi um Sporting ainda muito dependente da sua estrela aquele que se viu na Suiça. (Fonte: A Bola)

Num jogo onde o resultado não tem importância naquilo que será o decorrer de uma época bem longo e ainda algo longínqua, não deixa de ser algo vergonhoso para os leões terem saído de campo vergados por uma equipa que esta época vai disputar a 3ª divisão da Suiça e sobre a qual muitos esperariam uma vitória folgada e com vários golos.

Os grandes destaques da primeira parte foram o inevitável Bruno Fernandes e o extremo Raphinha. Bruno continua a mostrar que tem uma qualidade técnico-tática muito acima da média e encheu o campo, mesmo estando ainda com uma rotação muito baixinha quando comparámos com o Bruno da última temporada, algo perfeitamente normal. Já Raphinha quer arrumar desde cedo a sua titularidade, começando a mostrar já a sua velocidade, o seu drible e a sua capacidade de finta, mostrando uma ótima relação com o internacional português no meio campo, conseguindo criar a maioria das jogadas de perigo.

Na defesa Luís Neto apresentou-se a bom nível reforçando a ideia que veio para lutar por um lugar no eixo defensivo, ao passo que Thierry não soube aproveitar a oportunidade de ser o único lateral direito disponível, esperando-se mais do campeão europeu de sub-19, numa posição que precisa urgentemente de um dono.

Na frente o grande destaque vai para o meio campo com Doumbia a partir à frente na posição de “6” e com Vietto a ser o extremo esquerdo que servia de apoio a Bas Dost, situação que pode não ser definitiva fruto da existência de Acuna para o lugar. No entanto, este foi o primeiro teste em que Keizer fez variar o 4x3x3 que apresentou no Sporting na última época para o 4x4x2.

Raphinha chegou cheio de vontade para não passar pelas indefinições da última época. (Fonte: Record)

Quando chegou a segunda parte todas as dificuldades do Sporting foram expostas, principalmente a nível defensivo. A pouca eficácia na transição defensiva já vinha da primeira parte, mas foi sempre bem gerida por Mathieu e Neto, só que Ivanildo e Ilori demonstraram dificuldades no entendimento e no posicionamento que confirmam as principais suspeitas: os dois não tem qualidade para o nível exigido no Sporting.

A juntar à inércia defensiva, o Sporting registou um apagão do ponto de vista ofensivo, tendo apenas dois lances de registo em toda a segunda metade (remate ao ferro de Plata e remate por cima de Camacho). Isto deveu-se a uma má estratégia de Keizer que ao colocar as fichas todas na primeira parte, não deu às alternativas o contexto ideal para potenciar o seu futebol, visto que só a jogar com os melhores é que os mais inexperientes podem ter qualidade de jogo.

Com Eduardo e Miguel Luís a não assumirem o início da construção, teve que ser Matheus pereira a recuar para perto dos centrais, fugindo ainda mais da sua posição, uma vez que atuou como médio ofensivo em vez de extremo, e perdendo aquilo que faz dele um bom jogador que é o atuar de frente para o jogo. No meio acabou por ser uma presa fácil e raramente conseguiu desequilibrar, muito menos com a qualidade com que Bruno Fernandes o faz.

Na frente ao contrário de Bas Dost que teve apoio das investidas de Raphinha e da chegada pelo centro de Vietto e Bruno Fernandes, Luiz Phillype foi sempre um homem só, uma vez que os extremos que jogaram na segunda parte (Camacho e Plata), pouco utilizaram o jogo interior.

Plata acabou mesmo por ser a mais agradável surpresa da noite, ter ritmo do recente mundial de sub-20 ajudou, ao ser o mais inconformado e o motor que permitiu ao Sporting chegar com perigo na segunda parte, tendo a sua exibição apagado em parte a do reforço Camacho.

FUTEBOL – Rafael Camacho no Rapperswill Jona – Sporting, encontro de carater particular disputado no ambito do estagio de pre epoca do Sporting com vista a preparacao da PRIMEIRA LIGA 2019/2020. Centro Desportivo do FC Freienbach, nos arredores de Zurique, na Suica. Quarta Feira, 10 de Julho de 2019. (Miguel Nunes/ASF) Rafael Camacho

Por fim destacar o trabalho dos miúdos da formação (Quaresma, Abdu Conté, Nuno Mendes) que tiveram estreias positivas na equipa, jogando de forma simples e nunca comprometendo a equipa e conseguindo arrancar lances que empolgaram os adeptos que se deslocaram para ver o Sporting.

Tudo isto serve para mostrar a Keizer que é preciso definir melhor o papel dos jovens em campo e exigir mais do posicionamento e da transição defensiva. As debilidades da última época parecem longe de estar resolvidas com os espaços e as situações de golo a aparecerem com alguma naturalidade, mesmo em adversários com a valia do Rapperswil. Na frente houve muita cerimónia parecendo que queriam entrar com a bola pela baliza, algo perceptível pela ideia de querer trabalhar e fazer a bola circular no pé, mas isso resultou em algum exagero que também não deve ser permitido.

Aos adeptos é pedido calma com uma equipa que precisa de crescer, mas onde não vale a pena crucificar por perder com uma equipa do 3º escalão, da mesma maneira que não pode haver excitação desmedida caso acha uma vitória com equipas de maior valia como Liverpool. As pré-épocas tem um carácter especial e a exigência da vitória deve apenas surgir no início das competições oficias em Agosto.


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