Selecção Nacional: novidades na linha do sucesso pós-Liga das Nações?

Francisco IsaacSetembro 2, 20198min0

Selecção Nacional: novidades na linha do sucesso pós-Liga das Nações?

Francisco IsaacSetembro 2, 20198min0
Portugal já tem os seus 25 escolhidos para ombrear com a Lituânia e Sérvia por um lugar no próximo Europeu e analisamos como podem se encaixar as novidades de Fernando Santos na estratégia lusa

Depois de ultrapassado e conquistado a Liga das Nações Portugal está neste momento a jogar contra o prejuízo, obrigado a somar vitórias e só vitórias no que resta da qualificação para o Campeonato da Europa de 2020 e tudo começa com encontros frente à Sérvia e Lituânia. Relembrar que Portugal ocupa neste momento o 4º lugar de um grupo composto por 5 selecções, estando atrás da Ucrânia (10 pontos), Luxemburgo e Sérvia (ambos com os mesmos pontos que Portugal, 4), isto quando faltam 6 jogos para terminar a participação portuguesa nesta fase pré-europeu.

Ou seja, Portugal entra em campo pressionado (novamente) para obter não só resultados positivos, como atingir o Campeonato da Europa de forma “respeituosa”, evitando cair para um sempre perigoso e delicado playoff.

Depois de uma época 2018/2019 de contrastes díspares, com a conquista da primeira edição da Liga das Nações a ser o ponto mais alto, e o duplo empate em casa frente às formações da Ucrânia e Sérvia o mais baixo, a nova temporada de selecção começa com algumas novidades à mistura no que toca aos convocados de Fernando Santos, começando com a chamada de Daniel Carriço às Quinas, cerca de 4 anos e 3 meses depois da sua primeira e única convocatória. Curiosamente, foi com Fernando Santos que o central do Sevilha foi chamado para alinhar pela selecção nacional, isto no ano de 2015, actuando 30 minutos frente à Itália.

NOVIDADES POR NECESSIDADE, GOSTO OU MÉRITO?

Mas porquê a inclusão do central formado em Alcochete nesta convocatória de Setembro? Existem alguns factores que nos podem empurrar para a aceitação de Carriço entre os 25 escolhidos de Fernando Santos a começar desde logo pela experiência e conhecimento vasto que acumulou nos últimos anos, sendo merecidamente reconhecido como um dos pilares essenciais da equipa espanhola.

Não é dos centrais mais espectaculares em termos de qualidade de jogo, mas a capacidade de leitura táctica e os céleres tempos de reacção podem claramente trazer estabilidade ao eixo-defensivo português, caso Pepe, José Fonte e Rúben Dias não estejam fisicamente aptos para alinhar por Portugal. E por fim, perante o que acabámos por dizer é fundamental que exista uma 3ª/4ª solução para a posição de defesa-central de Portugal, sendo que para além de Pepe, Rúben Dias, José Fonte e Daniel Carriço existem ainda Luís Neto, Bruno Alves, Francisco Ferro, Pedro Mendes, Paulo Oliveira ou Edgar Ié, o que oferece uma certa “paz” a Fernando Santos na multiplicidade de opções para a posição.

A inclusão de Daniel Carriço é ao mesmo tempo uma demonstração de que com Fernando Santos existem sempre oportunidades (ou segundas oportunidades), como de que existe um trabalho de observação de jogadores com o próprio seleccionador nacional a assinalar para esse facto e “ferramenta” durante a conferência de imprensa após a convocatória. Contudo, o processo de observação dos técnicos nacionais tomou também a decisão de incluir dois jogadores que somaram poucos ou nenhuns minutos oficiais nesta temporada, apontado para os exemplos de João Cancelo e Renato Sanches.

Ambos mudaram de clube durante o defeso, tendo situações algo diferentes no cômputo geral das últimas épocas… João Cancelo tem sido na maioria das ocasiões titular pelas equipas por onde passa (em quatro anos já alinhou por igual número de clubes) e não há dúvidas que é um defesa com grande cultura de jogo, bem calibrado para o apoio ao ataque e dotado no aspecto técnico. A adaptação à nova realidade inglesa está a ser como esperada, lenta, o que colocou o lateral no banco de suplentes de Pep Guardiola nos dois últimos encontros.

Renato Sanches por outro lado não tem jogado de forma regular nas últimas três temporadas e acabou por ser forçado a sair do Bayern de Munique, sem antes deixar de lançar umas quantas “farpas” e críticas à gestão técnica de Niko Kovac em relação à sua utilização.

O médio formado no SL Benfica está longe das rotinas do passado, e o argumento de ter sido campeão europeu em 2016 não pode ser encarado como sério, pois então teria de se aplicar o mesmo a Ricardo Quaresma, Bruno Alves, Cédric Soares, entre outros que deixaram de ser opção para Fernando Santos entretanto. Haveriam melhores soluções para ocupar o lugar de ambos os jogadores nesta convocatória?

Os números de Renato Sanches (Foto: Fair Play / Der Bild)

QUEM PODERIA TER ENTRADO NA CONVOCATÓRIA?

Para o lugar de lateral direito porque não optar por Ricardo Pereira que se tem apresentado em alto nível na Premier League e que até na temporada actual arrancou como um dos melhores atletas dos foxes de Leicester, conseguindo desdobrar-se tanto como lateral ou extremo, não perdendo qualidade na alteração de posicionamento?

E no lugar de Renato Sanches? Fica a dúvida de qual é a finalidade da inclusão do médio, se pela capacidade física fogosa e transporte de bola, se para simplesmente voltar a ambientar-se ao espírito dos estágios da selecção portuguesa (é de crer que em Lille vai voltar a ter tempo de jogo útil) ou para ter um médio que consiga substituir Pizzi. Mas porque não incluir André Horta, que se tem afirmado como um dos médios mais esclarecidos do meio-campo do SC Braga de Ricardo Sá Pinto?

Ou Adrien Silva, que apesar de só ter alinhado em 2 dos últimos 4 jogos do AS Monaco, apresentou-se em boa forma e cada vez mais próximo da qualidade exibicional que ostentou pelo Sporting CP. Contudo, há que aceitar que Fernando Santos gosta de fazer uma combinação entre atletas que estão em excelente forma, jogadores que encaixam nas ideias do seleccionador e novas experiências.

De resto, a convocatória de Fernando Santos é exactamente igual em comparação com a da Liga das Nações, à excepção das tais inclusões de Renato Sanches e João Cancelo, para além da estreia de Daniel Podence, que entra “indirectamente” para o lugar de Dyego Sousa, entretanto transferido para a CSL.

(A POSSÍVEL) MAIS UMA ESTREIA DA ERA FERNANDO SANTOS: PODENCE!

Na ausência de um André Silva minimamente rotinado para jogar ao mais alto nível (a carreira do ex-FC Porto parece estar num limbo perigoso e nocivo para o seu futuro) ou de Rafael Leão ainda estar em processo de ambientação a Milão, a escolha recaiu em Podence que tem sido uma das maiores revelações do Olympiacos, emblema que conseguiu a qualificação para a fase-de-grupos da Liga dos Campeões.

O antigo extremo do Sporting CP, encaixa na lógica das últimas convocatórias de Fernando Santos que entre Setembro e Novembro de 2018 apostou em Bruma, e agora volta a optar por um extremo/avançado rápido, tecnicamente evoluído e predisposto a criar perigos entre as faixas e a grande área. A entrada de um extremo e a saída de um ponta-de-lança da convocatória revela a potencialidade de Cristiano Ronaldo vir a ocupar o centro do ataque ou de que esse papel cairá nas mãos de Gonçalo Guedes, permitindo ao capitão de Portugal mover-se para uma das extremidades do ataque de Portugal.

Na ausência então de um ponta-de-lança de área “normal”, o ataque português fica destinado a jogadores mais móveis, rápidos mais disponíveis para actuar bem e velozmente nas entre-linhas, esperando que principalmente Cristiano Ronaldo faça a diferença dentro dos últimos metros. Porém, isto não significa que o extremo será uma solução minimamente constante na Selecção Nacional, até porque ainda não apresenta os índices necessários para ser uma escolha normalizada na lista do seleccionador português.

A grande questão que só será respondida dentro das quatro-linhas é que Portugal vai actuar nestes jogos de qualificação… um mais dominador tanto na posse de bola como nas operações ofensivas como se viu na Liga das Nações ou uma equipa mais fria e distante do risco atacante como se assistiu nos primeiros dois jogos no caminho para o Campeonato da Europa de 2020?

O Fair Play deixa uma sondagem em relação a quem devia ocupar o meio-campo de Portugal para os encontros frente à Lituânia e Sérvia



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