Vamos sobreviver sem Cristiano mas com ele… 102, 103…

Bruno Costa JesuínoSetembro 12, 20208min0

Vamos sobreviver sem Cristiano mas com ele… 102, 103…

Bruno Costa JesuínoSetembro 12, 20208min0
Quem viu a dupla jornada da seleção nacional na Liga das Nações só pode ter ficado orgulhoso de ambas prestações. No primeiro jogo, sem Ronaldo, o colectivo brilhou, no segundo, com o melhor Sr. 101 golos, foi um equipa adulta e embora com menos 'nota artística' nunca teve em causa a supremacia portuguesa.

Quem viu a dupla jornada da seleção nacional na Liga das Nações só pode ter ficado orgulhoso de ambas prestações. No primeiro jogo, sem Ronaldo, o colectivo brilhou, no segundo, com o Sr. 101 golos, foi uma equipa a jogar um futebol adulto e, embora com menos ‘nota artística,’ nunca teve em causa a supremacia portuguesa. Vamos sobreviver sem Cristiano mas com ele… 102, 103…

As opções de Fernando Santos

Seja qual for a convocatória nunca será unânime. Há sempre opções discutíveis por parte do selecionador, mas mais discutível ainda são as opiniões que se ouvem por aí. Entre os muitos comentários que se vai lendo e ouvindo, destacam-se “o Jorge Mendes é que faz as convocatórias”, “João Félix é o maior flop de sempre e qualquer um é melhor opção que ele”, “Bruno Fernandes só de penalty”, “João Moutinho e Pepe estão velhos”, “William não se mexe”… e até que “Cristiano Ronaldo não faz falta”. Sobre o capitão, há vários anos até ouvi num café perto de mim “tira o Ronaldo e mete o Jorge Ribeiro!”.

Refutando cada uma das opiniões

João Félix é um dos jogadores com maior potencial do futebol actual. Bruno Fernandes além da facilidade de adaptação à Premier League, foi o líder que fez crescer uma equipa que andava desacreditada. João Moutinho respira classe, faz tudo quase sempre bem e o futebol não tem segredos para ele. Em Inglaterra adoram-no. Pepe com a idade que tem, além da experiência e da capacidade de liderança, é ainda o melhor defesa central português no activo. William Carvalho, em boas condições físicas, é um dos 23 indiscutíveis. Ronaldo é uma lenda. Nem deveria precisar de qualquer justificação. Ah, sobre o Jorge Mendes. Pode-se não gostar dele, mas o facto é que ele agencia vários dos melhores jogadores portugueses. Logo é normal que muitos dos melhores sejam convocados.

A origem das críticas nasce do mesmo: clubite

Estas opções têm todas (ou quase) origem no mesmo: “clubite”. Todos os jogadores conotados a um rival não “prestam”. Se sair a mal do seu clube também – subitamente – perdem qualidade. E torcem para que esses jogadores “inimigos” fracassem. É ridículo? É. Mas é o futebol. Veja-se os comentários recentes do treinador português, ou melhor, treinador “portista, André Villas Boas. Todos têm o direito à sua opinião? Têm. Mas defendo que determinadas pessoas têm a obrigação de pôr água na fervura, em vez de mandar mais lenha para fogueira. Pois mal ou bem, são influenciadores, e têm que ter bom senso devido à grande propagação que as suas opiniões têm.

Voltando ao que interessa, falando de futebol

Falando de futebol dentro das 4 linhas, Fernando Santos surgiu com ideias idênticas as que teve quando teve os seus principais jogadores disponíveis. Coabitar no mesmo “onze”: Ronaldo, Bruno Fernandes, Bernardo Silva e João Félix. A primeira tentativa não correu assim tão bem. Ainda estava Félix e Bruno nos rivais de Lisboa, e nesse primeiro jogo não conseguiram encontrar a sua posição em campo, com tantas trocas posicionais. A ideia era boa, mas o pouco tempo de treino não ajudou. No entanto, é normal que um treinador tente juntar em campo aqueles que são os seus maiores talentos.

Portugal 4 – 1 Croácia

Neste primeiro jogo, com a lesão de Ronaldo, Fernando Santos, de certa forma, teve a vida “facilitada”. Isto porque pôde deixar João Félix numa posição mais central, como falso 9, e colocar um jogador mais talhado para jogar na ala esquerda. Numa posição em que Gonçalo Guedes tem sido opção, o eleito for Diogo Jota, que fez uma boa época muito boa em Inglaterra.

Dinâmicas de Félix e Bruno com ou sem Cristiano

Quando Ronaldo está disponível, mesmo que jogue a cair para esquerda, João Félix e/ou Bruno Fernandes terão sempre que ter atenção ao flanco esquerdo, pois Ronaldo vai para dentro e para fechar defensivamente a sua disponibilidade não é mesma, até para estar mais “fresco” na frente. Com a lesão do capitão no primeiro jogo, Félix e Bruno jogaram com mais liberdade e sem “obrigações” com o flanco esquerdo. Isto permitiu que os dois fizessem provavelmente a melhor exibição que já fizeram com a camisola da seleção A. Bernardo Silva indiscutível na direita, com as suas diagonais, criatividade e tomada de decisão faz com a equipa tenha pelo menos três jogadores super-criativos.

No meio o eficaz capitão portista e classe do Sr. Futebol

No meio, o melhor médio português a defender – Danilo – e a classe e o equilíbrio que João Moutinho dá ao jogo sabendo sempre o que é preciso fazer em prol da equipa. Nos últimos 10-12 anos, provavelmente só Ronaldo tem sido mais consistente e importante que ele, embora muitas vezes não lhe dêem a devida importância. Sem lesões – e sem impedimentos do Covid-19 – fará ainda o Campeonato da Europa no próximo verão.

Na defesa a experiência rodeada de irreverência

Na defesa, sem surpresas, o melhor e segundo melhor centrais portugueses. Na esquerda o indiscutível Raphael Guerreiro (que é muito mais que um lateral). No lado oposto o irreverente João Cancelo, que de todos os muitos e bons laterais direitos que temos é o que pode oferecer mas ofensivamente. Fazendo dele até a melhor opção para o flanco contrário em caso de impedimento de Guerreiro.

Na baliza, Rui Patrício tem sido indiscutível, mas a oportunidade dada a Anthony Lopes foi justíssima pela grande época que fez (meias-finais da Liga dos Campeões). Ambos são guarda-redes bem acima da média.

Sobre o jogo

Durante os 90 minutos, Portugal quase que banalizou a seleção vice-campeã mundial, e antes do 1-0 já tinha enviado quatro bolas aos ferros, além de 2 ou 3 defesas de nível de Livkovic. Diogo Jota entrou algo nervoso e a tentar fazer as coisas demasiado rápido. Mas com o passar do tempo tornou-se num dos protagonistas do autêntico carrossel, que juntava o melhor Félix e Bruno da Seleção, a classe de Bernardo, a assertividade de Moutinho e ainda as subidas dos de Raphael e Cancelo. Sem bola, pressão alta bem coordenada que permitia recuperar a bola rapidamente e, muitas vezes, perto da baliza croata. Foram 4, mas podiam ter sido muitos mais.

Suécia 0 – 2 Portugal

Com menos nota artística, com Bruno Fernandes e João Félix um pouco menos soltos, mas somando Ronaldo o saldo será sempre positivo. Já o referi há meses num artigo aqui no Fair Play, a importância de Cristiano à medida que aumentou (e muito) perto da baliza foi baixando nas zonas de criação. E em zona de criação, o que não nos falta é talento e criatividade. Embora neste jogo, se tenha sentido algo diferente, um Ronaldo participativo com o futebol mais rendilhado. Em vez de, como muitas vezes aconteceu, a equipa tentar jogar o futebol dele, foi Ronaldo a jogar o futebol da equipa. Depois, foi o que a história costuma contar: mais dois golos, o sétimo à Suécia. E chamar a ambos golos à Ronaldo é um dos maiores elogios que podemos dar ao Sr. 102, 103…

Próximo jogo da Liga das Nações diante da dificílima e arqui-rival França. Será dos jogos mais esperados: a seleção campeã do mundo, recebe a campeã da Europa. Haverá melhor cartaz!?

Confiança no futuro pois matéria (para obra) prima não falta

A seleção vai fazendo uma revolução natural e não forçada, tal como Fernando Santos sempre defendeu. Além do muito talento que existente em jogadores que já tinham provado a sua qualidade em todo o lado: Ronaldo, Pepe, João Moutinho, Raphael, Bernardo e William.

Bruno Fernandes a assumir-se como imprescindível e um dos líderes da equipa. Rúben Dias a continuar a crescer, Danilo a ser Danilo e João Cancelo cada vez mais assertivo. João Félix a prometer cada vez mais (dois belos jogos, decidiu quase sempre bem e quase sem perdas de bola). Diogo Jota assumir-se como opção muito viável.

Rúben Neves, Ricardo, Nélson Semedo, Gonçalo Guedes, Renato Sanches. Francisco Trincão foi o último a estrear-se, e ainda o muito potencial que já nas gerações seguintes.

Na baliza estamos além de dois guarda redes de eleição, ainda há Rui Silva e José Sá que fizeram grandes épocas além das esperanças de Porto e Sporting. A posição mais carenciada é centro da defesa face a idade de Pepe e José Fonte. Mas além de jogadores como Rúben Semedo e Domingos Duarte, vamos acreditar no crescimento de jogadores como Diogo Leite, Diogo Queirós, Tiago Djaló, Miguel Quaresma e Gonçalo Inácio.


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