Serie A: A outsider Juventus que joga noutro campeonato
Praticamente ninguém duvidava que a Juventus ia repetir o feito dos últimos 7 anos e conseguir o inédito 8º título de forma consecutiva na Serie A.
É certo que ainda vamos em Outubro e no futebol tudo é possível, mas esta Juventus com a adição da dupla portuguesa Ronaldo/Cancelo parece imbatível, pelo menos a nível interno, onde soma por vitórias os 8 jogos realizados, incluindo uma vitória sobre o principal rival, o Nápoles (que já se encontra a 6 pontos do campeão).
Com o melhor ataque e a segunda melhor defesa da liga, as únicas dúvidas são saber até quando a Juventus será capaz de manter este registo 100% vitorioso e quais serão os números avassaladores com que a equipa vai terminar a época.
Com um plantel claramente acima dos restantes na liga italiana, a Juventus parece ter claramente todas as atenções viradas para a Liga dos Campeões, que tantas vezes escorregou no passado. Com jogadores, habitualmente suplentes, como Cuadrado, Can ou Bernardeschi, fica bem provada a teoria da super equipa que mora em Turim.
Numa análise mais detalhada a este plantel, há algumas notas a tirar. A começar pela baliza onde Perin não conseguiu mostrar mais que o colega polaco e permitiu a Szczesny ser o titular da equipa, e pelo que vimos não será fácil tirar-lhe o lugar.
Na defesa Allegri, manteve a solidez italiana da dupla Chiellini e Bonucci (regressado esta época), que tanto sucesso teve na última década, apoiados por dois laterais bastante ofensivos e que já passaram por Portugal. Falo pois de João Cancelo e Alex Sandro, sendo que o português é a novidade em relação à época passada e para já tem encantado os adeptos do futebol italiano e em particular os da Vecchia Signora.
Num meio campo a três, o destaque vai para Betancur que está a exibir-se a um nível extraordinário neste início de época e que já tinha demonstrado no último campeonato do Mundo, para prejuízo da nossa seleção. Fortíssimo na transição rápida e com cada vez mais capacidade física o médio uruguaio promete ser uma das sensações da liga italiana.
Apoiado por dois velhos conhecidos, como Matuidi que atua como homem mais recuado e primeiro construtor de jogo da equipa na primeira fase, e por Pjanic, o bósnio que não sabe tratar mal a bola, obrigando todo o jogo a passar por si, e ainda tem uma apetência para lances de bola parada, onde chega mesmo a ser decisivo, como se viu na ausência de Ronaldo frente ao Valência na Champions League.
Na frente o nome de Dybala continua em grande destaque, mesmo tendo perdido algum protagonismo com a chegada de Ronaldo (viu-se uma grande diferença no jogo contra o Young Boys sem Ronaldo). Com o português em campo, Dybala é “obrigado” a recuar mais no terreno e a servir mais como o número 10 que carrega nas costas, perdendo a oportunidade de aparecer em zonas de finalização como aparecia no passado, mas mostrando cada vez mais maturidade na maneira como percebe o jogo desde trás. Acima de tudo é de destacar a classe que Dybala teve para aceitar a perda de algum protagonismo em prol do bem maior da equipa.
Os homens mais avançados são Mandzukic e Cristiano Ronaldo, e são eles os responsáveis por 8 dos dos 18 golos da equipa na liga italiana. Se juntarmos o tento de Dybala, os 3 homens da frente perfazem 50% da capacidade goleadora da equipa, bem ao estilo do que qualquer treinador pretende: Uma equipa que faz golo com qualquer dos jogadores da frente de ataque.
Ronaldo ainda não colocou em campo aquele jogador endiabrado que faz golos de todos os lados, mas temos vindo um Ronaldo em crescendo ao longo do início de época, e quando o tema é Ronaldo, só podemos esperar muitos e muitos golos.
Com o avanço que já levam e com a qualidade que o plantel possui o campeonato será uma certeza desde que os jogos sejam encarados com responsabilidade, pelo que o principal desafio de Allegri será preparar a equipa para a europa.
Com a passagem para os oitavos de final bem encaminhada com 6 pontos em 6 possíveis, a dupla jornada com o Manchester United será decisiva, não só na passagem, mas também na garantia do primeiro lugar, que pode ser importante no sorteio dos oitavos de final.
Resta saber se a Juventus vai mesmo conseguir a Champions League, e se Ronaldo se vai mostrar como a peça que falta para atingir esse mesmo objetivo.