A última prova dos 9 antes do regresso de Cristiano Ronaldo

Francisco IsaacNovembro 16, 20185min0

A última prova dos 9 antes do regresso de Cristiano Ronaldo

Francisco IsaacNovembro 16, 20185min0
Itália e Polónia marcam os últimos encontros de Portugal em 2018 e Fernando Santos tem uma oportunidade de testar a equipa antes do retorno do capitão Cristiano Ronaldo. Qual vai ser o desfecho?

O título funciona em dois sentidos: será a última vez que Portugal fará testes na ausência do capitão dos últimos 5-7 anos, com Fernando Santos a procurar melhorar o sistema de jogo das Quinas e que, ao contrário do que todos pensavam, tem o conseguido. Por outro lado, se a formação lusa atingir os 9 pontos assegura desde logo presença na fase-final da Liga das Nações.

Fernando Santos disporá de duas oportunidades para atingir esse objectivo máximo e está totalmente dependente de si próprio, mesmo que consuma uma derrota frente à Itália no dia 17 de Novembro, só precisa de ganhar à Polónia no Estádio D. Afonso Henriques no dia 20 do mesmo mês.

Nos quatro jogos disputados entre Setembro e Outubro, o futebol da Selecção Nacional deu um salto (ou dois) em termos qualitativos, com um empate e três vitórias a serem claras provas desse facto. Para os que mesmo assim duvidam das melhorias, Portugal concretizou oito golos (André Silva com 2 foi o “goleador” nesta fase pós-Cristiano Ronaldo) e consentiu quatro.

Foi também nesta fase que Fernando Santos experimentou mais e reformulou a forma de abordar o ataque, com Bernardo Silva a assumir a batuta dos desequilíbrios entre a faixa da direita e o centro do terreno, com um apoio de qualidade e de alta intensidade fornecido por Rúben Neves e William Carvalho (o trinco voltou ao seu melhor em Sevilha, ao serviço do Bétis). A introdução de Bruma e Pizzi como opções para a ala e “miolo” garantiu criatividade e linhas de passe de qualidade, formando um composto interessante e compacto nos últimos encontros.

A ausência de Cristiano Ronaldo forçou a equipa a “sobreviver” sem a enorme dimensão do capitão em termos de eficiência na frente-de-ataque, poder de decisão e de alta intensidade no trabalho ofensivo e de recuperação de bola (ao contrário do que se pensa, Cristiano Ronaldo tem a sua quota-parte de influência nesta sector). Noutra página, a inexistência do avançado português permitiu aos mais novos perceberem que podem ter influência nos destinos de Portugal e, até este momento não têm desiludido.

Curiosamente, a segunda vitória de Fernando Santos contra a Itália confirmou-o como o treinador com mais vitórias ante a formação transalpina, um dado de interesse para aceitar que Portugal tem conseguido suster o maior ímpeto dos seus adversários e rivais.

Faltava claramente um futebol de mais posse, de maior intensidade nas transições entre o centro do terreno e a grande área, de movimentações mais claras e enérgicas das laterais (com Cédric Soares garantia-se o aspecto defensivo, mas caía por terra o apoio ao ataque) e de um fantasismo mais dominador e “agressivo”.

Com a reformulação pós-Mundial foram introduzidas estas alterações e Portugal apresenta-se mais ameaçador na frente de ataque e na resposta ao perigo do adversário… a recuperação de Rúben Neves permite um lançamento rápido, mas com qualidade e de bom trato do esférico. Portugal pode optar por jogar pelo chão, com combinações simples ou arriscar em lançamentos bombeados a fazer uso da velocidade de Bruma, Cancelo, Bernardo Silva ou André Silva (que soma ainda o bom posicionamento).

Contudo, o que significa o regresso de João Mário à toada? O médio-avançado do Inter de Milão foi titular em dois dos últimos três encontros da formação milanesa, aparecendo bastante bem na manobra de jogo de Luciano Spalleti. Contudo, no esquema actual, João Mário só pode entrar como falso-extremo, ocupando o lugar que tem sido de Bruma e Rafa Silva ou substituir Pizzi no trabalho de médio-centro mais avançado.

Na construção actual, o que pode alterar a introdução de um só jogador? E o mesmo vai acontecer com o retorno de Cristiano Ronaldo? É errado pensar que Portugal jogou como jogou no Mundial 2018 e o Euro 2016 devido ao futebol edificado baseado e adaptado ao estilo do avançado. É correcto, no entanto perceber que a ascensão de Bernardo Silva só se veio a confirmar nos dois últimos anos, assim como de Rúben Neves, Bruma, João Cancelo, Mário Rui, entre outras opções que poderia proporcionar outras “armas” a Portugal.

É precisamente neste momento que se observam os maiores desenvolvimentos em termos de opções para a Selecção lusa, que tem só em falta mais opções para o eixo-defensivo (José Fonte e Pepe têm, no máximo, mais 1 ou 2 anos de serviço a Portugal), tendo mesmo forçado Fernando Santos a convocar Pedro Mendes, um jogador relativamente “desconhecido” para a maioria do público português (Diogo Leite poderá ser outra franca opção para o Euro 2020, necessita só de voltar a ganhar a titularidade).

Com Cristiano Ronaldo de regresso em 2019, as cores nacionais ganham eficácia, intensidade, dinamismo e espírito de combate e liderança no esquema táctico de Fernando Santos, impondo-se à esquerda, com André Silva a assumir o papel de pólo-ofensivo dentro da área, auxiliado do outro lado pela velocidade, génio e capacidade de invenção de Bernardo Silva.

Será interessante perceber como será ter Portugal nesta nova forma de jogar com Cristiano Ronaldo na ponta esquerda a fazer o que fez nos últimos 15 anos: golos, rasgos e capacidade de mudar o jogo de um momento para outro.

Agora, são os dois últimos capítulos de 2018 que podem colocar Fernando Santos no topo de seleccionadores portugueses com mais vitórias durante o seu “reinado”. Conseguirá esta nova vaga de fantasistas e líderes derrotar novamente a Itália em San Siro?


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