A Sangria na Formação do FC Porto

Francisco da SilvaFevereiro 24, 20194min0

A Sangria na Formação do FC Porto

Francisco da SilvaFevereiro 24, 20194min0
Ao longo dos últimos anos, inúmeros talentos da academia do FC Porto foram desaproveitados e, posteriormente, potenciados pelos principais rivais. A sangria no Olival parece não terminar.

O artigo seria logo à partida falacioso se não mencionasse e salvaguardasse que nos escalões mais jovens do futebol nacional é extremamente habitual os jogadores trocarem constantemente de clube com o objetivo de aumentarem as suas hipóteses de brilhar no futebol profissional. Nesta roleta russa há um emblema claramente mais lesado pelas trocas adolescentes, o FC Porto.

Ao longo dos últimos anos são várias as saídas da formação portista, a maioria delas com um impacto enorme em termos desportivos e financeiros nos principais rivais do FC Porto.

Ultimamente, face ao momento de forma do SL Benfica e de João Félix, é difícil ficar indiferente à forma negligente como o atual avançado encarnado saiu dos sub-17 do clube nortenho sem uma real oportunidade. Desaproveitado no Olival, as 4 épocas seguintes foram de pura magia e com doses industriais de golos e assistências. O futuro, eventualmente, virá nos livros de história do futebol mundial.

João Félix (Fonte: Bancada.pt)

Outro elemento que nunca teve a oportunidade de demonstrar o seu valor na equipa sub-17 do FC Porto após várias temporadas de azul e branco ao peito foi André Gomes. O atual médio do Everton não demorou muito a despertar a atenção do SL Benfica e acabou por render, 5 anos depois, uma transferência milionária para Valência.

André Gomes (Fonte: Jornal de Notícias)

João Mário rendeu também uma enorme maquia aos cofres de um emblema lisboeta, o Sporting CP. O médio criativo atualmente com as cores do Inter de Milão teve uma passagem curta pela formação azul e branca, tal como o seu irmão, Wilson Eduardo. Ambos viriam a trocar o norte pelo sul do país, mudando-se de malas e bagagens da Constituição/Olival para Alcochete.

Existem ainda dois elementos que, não fossem as constantes lesões, poderiam estar a adensar a lista de jovens promissores dispensados/não aproveitados pela academia do FC Porto. Nuno Santos passou grande parte da sua adolescência com o emblema dos Dragões ao peito, contudo, foi o SL Benfica que acreditou verdadeiramente no valor do jogador e resgatou-o para o Seixal.

Após várias temporadas a brilhar nos escalões de formação encarnados, Nuno Santos tem tido uma transição complicada para o futebol profissional. Mais consolidada é a carreira de Ricardo Ferreira, um dos melhores centrais do Sporting de Braga e já internacional A, porém, as últimas temporadas têm sido nefastas para o jogador que tem sofrido lesões graves e não tem tido a oportunidade de mostrar a sua qualidade no clube bracarense. Ricardo Ferreira formou-se no FC Porto, no entanto, viria a sair para Itália à procura de crescer e consolidar as suas qualidades futebolísticas.

Uma nota ainda para João Novais. Este médio ofensivo com características físicas e técnicas muito interessantes fez parte dos quadros azuis e brancos durante 4 temporadas, contudo, tal não foi suficiente para convencer os responsáveis portistas a apostarem no talento do gaiense que hoje brilha ao serviço do Sporting de Braga.

A sangria de talento da formação azul e branca parece não ter fim e promete continuar a alimentar este artigo. A saída de Vasco Paciência, um dos melhores avançados do futebol jovem portista, para o SL Benfica parece corroborar a tese de que existe uma enorme inércia no Olival.

Os responsáveis azuis e brancos têm que forçosamente incrementar os índices de retenção de talento por forma a superar a heterogeneidade do desenvolvimento morfológico e futebolístico na adolescência. Casos como o de João Félix ou André Gomes levam a que os adeptos desconfiem que a academia do clube está a ser gerida com amadorismo e negligência, nesse sentido, se a administração do FC Porto quer recuperar a confiança dos seus aficionados, a melhor forma é fazer bem o trabalho de casa e valorizar o que de melhor existe na formação portista. Os resultados desportivos e financeiros acompanharão certamente a aposta genuína do clube.

Vasco Paciência (Fonte: Zerozero)

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