Assim não, mister Rui!

Francisco da SilvaNovembro 10, 20185min0

Assim não, mister Rui!

Francisco da SilvaNovembro 10, 20185min0
Ao longo das primeiras 9 jornadas do segundo escalão, o FC Porto B tem estado muito aquém do que seria expectável. Quais são os principais fatores que podem explicar esta quebra abrupta de rendimento?

A formação secundária do FC Porto já conquistou um lugar na história do segundo escalão do futebol português fruto de uma temporada mágica em 2015/2016, que culminou com o primeiro posto na Ledman LigaPro. Para esse êxito coletivo muito contribuiu a qualidade individual de elementos como Raúl Gudiño, Rafa Soares, Francisco Ramos, João Graça, Ismael Díaz, Gleison e André Silva, devidamente potenciados pela competência de Luís Castro.

Desde então, o FC Porto B tem reforçado a sua aposta em talentos dos seus escalões de formação, pontualmente complementados por jogadores estrangeiros de outras provenientes, e mantido uma performance razoável e tranquila no segundo escalão nacional. Se em 2016/2017 o 12º lugar não faz corar de vergonha os responsáveis portistas, o 7º posto alcançado em 2017/2018 deixa um sabor amargo pois o clube esteve várias jornadas na liderança do campeonato, porém, a saída de inúmeros jogadores em Janeiro baixou drasticamente o rendimento da equipa.

Na presente temporada de 2018/2019 a prestação da formação orientada por Rui Barros tem sido absolutamente deprimente. À 9ª jornada do campeonato, o FC Porto B é o lanterna vermelha com somente 5 pontos conquistados, ao qual se soma a pior defesa com 18 golos sofridos e um dos piores ataques com apenas 7 golos marcados. A juntar a este cenário negro há ainda a falta de uma ideia de jogo dominadora, consistente e capaz de vencer encontros. Mas quais são os principais fatores que podem explicar esta quebra abrupta de rendimento?

Primeiramente, o técnico Rui Barros. O técnico de 52 anos é uma pessoa humilde, íntegra e simpática, no entanto, o outrora virtuoso médio ofensivo nunca foi um líder e isso denota-se fora das quatro linhas. No comando da sua jovem equipa, Rui Barros tem tido muitas dificuldades em domar a irreverência dos seus pupilos e fornecer tranquilidade a elementos à procura de se consolidarem em termos humanos e futebolísticos. Nesse sentido, não é surpresa nenhuma o facto de o FC Porto B ser a equipa com mais vermelhos na competição (3), numa clara evidência da instabilidade emocional do conjunto azul e branco. A somar à “falta de pulso” de Rui Barros, há ainda que apontar as limitações técnicas e táticas do próprio, que conduzem a que o FC Porto B esteja longe do fio de jogo exibido com Luís Castro ou António Folha.

Outro fator que pesa imenso na solidez defensiva da equipa são as constantes alterações promovidas neste setor. Tirando Oleg Reabciuk e Mouhamed Mbaye que são os 2º e 4º jogadores mais utilizados, respetivamente, os restantes elementos da defesa têm rodado constantemente, nomeadamente entre Diego Landis, João Pedro (reforço contratado para a equipa A), Diogo Queirós, Pedro Justiniano, Diogo Leite e Fernando Fonseca. Ao longo das 9 primeiras jornadas, tem saltado à vista a falta de entrosamento entre os elementos defensivos e a ausência de uma voz de comando no eixo defensivo capaz de organizar e orientar a equipa.

Diogo Leite está com dificuldades em dar estabilidade defensiva à equipa | Fonte: Miguel Pereira/Global Imagens

Por outro lado, a casa das máquinas azul e branca não tem um “carregador de piano”, sendo esta exclusivamente constituída por jogadores de cariz defensivo como Rui Pires, Luizão, Moreto Cassamá ou Romário Baró. Falta um elemento como Fede Varela capaz de municiar os homens mais adiantados e descortinar espaços entre linhas. Nem a chegada de Kelechi por empréstimo parece mudar o maior pendor defensivo do meio campo portista.

A frente de ataque continua órfã e desesperadamente à procura de um homem golo. Até ao momento, os melhores marcadores da equipa são Rúben Macedo e Madi Queta, dois extremos imensamente vertiginosos mas com pouca objetividade na definição dos lances. Em claro subrendimento encontram-se elementos como Rui Pedro, Tony Djim e Gleison. O português continua sem confirmar as enormes expectativas que recaíam sobre si, já o belga é um avançado muito poderoso mas sem faro de golo, por último, Gleison é um criativo com uma boa capacidade de desequilíbrio mas ainda está à procura da melhor forma. Uma palavra também para Rui Costa, um elemento extremamente móvel e promissor mas que não se encontra na totalidade entrosado com os seus companheiros de ataque.

Ainda faltam inúmeros encontros e tudo pode ainda acontecer, contudo, os sinais de preocupação começam a assolar o Dragão. Rui Barros é um homem da casa, porém, a sua competência está a ser colocada a toda a prova e, volvidos 4 meses desde a sua chegada ao comando técnico, a sua performance tem estado aquém. Numa equipa com a qualidade individual do FC Porto B exige-se mais, sendo que tudo pode mudar a partir do momento que a formação azul e branca comece a assimilar processos e os jogadores estejam mais comprometidos com os objetivos coletivos do clube. A época é longa, esperemos que não penosa.

Madi Queta é um dos melhores marcadores da equipa | Fonte: Mais Futebol

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