Gigante adormecido ou morto: Académica, os Estudantes de Coimbra

João NegreiraJulho 23, 20185min0

Gigante adormecido ou morto: Académica, os Estudantes de Coimbra

João NegreiraJulho 23, 20185min0
Apesar de estar fora do lote dos clubes portugueses que já ganharam um campeonato, a Académica também pode ser considerada, como histórica. Neste artigo, explicar-lhe-emos o porquê e ainda, a situação atual do clube.

No sétimo episódio da rubrica, voltamos a Portugal para falar de mais um histórico, que tem estado fora dos grandes holofotes, a Académica. Na mesma senda dos outros artigos, convidamos o leitor a sugerir clubes que possam fazer parte da rubrica.

A Associação Académica de Coimbra é um dos clubes mais antigos de Portugal, senão o mais. O propósito do artigo não envolve isso, envolve sim, dar ao leitor um olhar sobre aquilo que a Académica foi capaz de conquistar e sobre aquilo que é hoje em dia, estando uns patamares abaixo do que já foi; a pergunta, é a mesma de sempre: Estará adormecido ou morto?

Um sentimento nacionalista

Teríamos que recuar ao século XIX para sabermos a fundação da Académica. Foi no dia 3 de Novembro de 1887 que a Associação Académica de Coimbra se instalou no Colégio de São Apóstolo e o seu primeiro presidente foi António Luiz Gomes, estudante de Direito que mais tarde se tornaria reitor da Universidade de Coimbra.

E é mesmo aí que reside o seio do clube. A Universidade de Coimbra. A ligação que o clube tem com a Universidade e com a própria cidade são incríveis, estimulando um sentimento que é quase impossível de ser indiferente.

A Académica faz lembrar história, faz lembrar uma cidade histórica, faz lembrar uma cidade de estudantes…faz-nos lembrar que não é só futebol, não são só as vitórias e as conquistas.

O futebol é muito mais do que isso. É  tudo o que o envolve, dentro e fora das quatro linhas, é as pessoas que o sustentam, é muito mais daquilo que nós pensamos que é.

E a Académica representa isso muito bem. É um clube que nos faz apaixonar pelo futebol, que nos mostra que pode haver ligação entre o futebol e outras coisas, neste caso a Universidade.

De referir, então, que é mesmo por isso que a Briosa se pode enquadrar nesta rubrica. Pelo que consegue despertar no amante de futebol, por aquilo que é, que é mais que um clube, é uma cidade, o que faz dele, um histórico.

Primeira fotografia do clube, ainda no século XIX. (Foto: Site – Académica)

Um olhar sobre o passado

Depois de apelarmos ao sentimento, é necessário fazer um resumo sobre aquilo que a Académica é em termos de palmarés e resultados.

Aludir, então, para o facto de terem 64 participações na 1ª Liga, onde a sua melhor classificação foi um 2º lugar em 1966/67. Já participou 20 vezes na 2ª Liga Portuguesa e 13 no Campeonato de Portugal.

Destaque por terem sido os vencedores da 1ª Taça de Portugal, realizada na temporada 1938/39. E por, 73 anos depois, terem ganho pela segunda vez, a Prova Rainha, em 2011/2012, numa equipa que tinha jogadores bem conhecidos como: Ricardo Nunes, Cédric Soares, João Real, Adrien Silva, David Simão, Edinho, Marinho (o marcador do golo) e, ainda, Éder.

É também relevante mencionar que, não há muitos anos, em 2012/2013, a Académica participou na Liga Europa, num grupo com Viktoria Plzen, Hapoel Tel Aviv e Atlético de Madrid, terminando em 3º lugar, com 5 pontos, à frente dos israelitas.

Não obstante, a história dos Estudantes não é só feita de êxitos, já que o clube já teve várias vezes nos escalões mais baixos, perdendo um pouco o reconhecimento e, até, o respeito dos outros.

A despromoção mais recente deu-se na temporada 2015/2016, onde terminaram em 18º lugar. Nestas 2 últimas épocas, estiveram perto de alcançar a subida, mas não o conseguiram, acabando em 6º lugar em 16/17 e em 4º lugar em 17/18.

Em 5 anos foram de bestiais a bestas, do céu ao inferno, o que pode ser justificado pela falta de organização e estabilidade. As várias mudanças de treinador (Pedro Emanuel que ganhou a Taça de Portugal, foi despedido antes da temporada seguinte acabar e substituído por Sérgio Conceição), a reformulação completa na estrutura directiva do clube são os casos mais paradigmáticos que podem não ter ajudado a Briosa.

O olhar incrédulo de quem vai ter que enfrentar a descida de divisão. (Foto: Site – Académica)

A Académica de hoje em dia

Apenas uma nota e referir que Marinho, o marcador do golo na final da Taça de Portugal em 11/12, ainda se mantém no clube, já como capitão e representante máximo dos Estudantes.

Como já referido, são candidatos à subida no segundo escalão português, sendo que no ano passado ficaram a 3 pontos da promoção. Com Carlos Pinto a chegar esta época ao comando técnico, as esperanças continuam altas, já que o mesmo conseguiu subir o Santa Clara, na época transata.

Mencionar também que Hugo Almeida, campeão europeu pelo FC Porto, chegou esta época. O goleador português de 34 anos, afirmou que teve propostas de clubes da 1ª Liga, mas escolheu a Briosa para “estar perto da família”.

É relevante referir que a Académica para alcançar a subida necessita da tal estabilidade. Seja ela desportiva, económica ou social. É necessário que o clube consiga manter um “núcleo duro” de jogadores que saibam passar a paixão do clube para os que chegam; é necessário que a direção seja equilibrada e duradoura, tomando sempre as melhores decisões para o clube; e, principalmente que se mantenha este sentimento de clube histórico que é.

O primeiro 11 da época 2018/2019. (Foto: Diário de Coimbra)

Depois de uma viagem ao início da história da Académica, passando pelas suas melhores conquistas e pelos seus dias mais negros (mais recentemente), conseguirá a Briosa voltar aos grandes palcos do futebol português e voltar a dar alegrias à cidade de Coimbra?


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