Brasil: conquista da Copa América 2019 e próximos passos

Rafael RibeiroJulho 14, 20196min0

Brasil: conquista da Copa América 2019 e próximos passos

Rafael RibeiroJulho 14, 20196min0
O Brasil foi campeão da Copa América 2019 sob o comando de Tite e sem Neymar, cortado por nova lesão. Quais os próximos passos da seleção brasileira rumo ao mundial de 2022 no Catar?

A Seleção Brasileira conquistou neste mês de Julho a Copa América 2019, enfrentando o Peru na grande final disputada no Maracanã. Sem Neymar, cortado por lesão e envolvido em diversas polêmicas fora do relvado, o Brasil conseguiu mostrar um jogo mais coletivo e, contando com as más exibições da Argentina e o tropeço do Uruguai na semi-final, conquistou o título em casa depois de 30 anos, quando também havia vencido em casa em 1989, e após uma seca de 12 anos (o Brasil venceu a Copa América em 2007 na Venezuela). O Fair Play analisa a competição internacional e quais os passos que Tite e Seleção Brasileira tomarão rumo ao Mundial de 2022.

Mais experiência do que renovação

Tite optou por convocar jogadores de mais experiência, nomes que o treinador brasileiro tem mais confiança e liberdade para escalar. Ligeiramente pressionado no cargo, principalmente após um resultado considerado ruim no Mundial da Rússia em 2018 (eliminado pela Bélgica nas quartas de final), Tite decidiu por uma lista mais sólida, com o único objetivo de conquistar a Copa América, e não trazer de imediato uma renovação necessária para um próximo ciclo que levará ao Mundial, ainda mais quando chamou Willian para a vaga do cortado neymar, quando muitos pediam por um nome mais novo, como Lucas Moura, Vinicius Jr. ou mesmo Dudu do Palmeiras.

Dani Alves, eleito capitão desta competição, além de Fagner, Thiago Silva, Miranda, Filipe Luís, Alex Sandro e Fernandinho (praticamente todo o setor defensivo) não tem presença garantida em 2022, e mesmo assim foram chamados pelo treinador para esta Copa América. Já a mescla da nova geração apareceu com Éder Militão, os médios defensivos Arthur e Allan, Paquetá, Éverton Cebolinha e David Neres. Pouco para analisar quais serão as opções mais seguras para os próximos desafios, porém competente o suficiente para a conquista da taça.

William foi o nome de confiança escolhido por Tite para o lugar de Neymar (Foto: Reprodução)

A permanência de Tite

Ao longo da fase final da competição, surgiram dúvidas sobre a permanência do treinador. Caso não vencesse a competição, era uma opção a ser considerada, já que muitos entenderam a falta de maleabilidade de Tite como um fator negativo em suas escolhas fora e durante os jogos. Antes da final contra o Peru, havia até a possibilidade de saída mesmo se saísse vencedor, isto devido ao desmanche de sua comissão técnica (Sylvinho foi comandar o Lyon na França enquanto Edu Gaspar anunciou sua saída rumo ao Arsenal na Inglaterra). Dias se passaram após a conquista, e Tite parece permanecer no cargo até o fim de seu contrato, justamente em 2022.

Uma nova Copa América será disputada em 2020 para um ajuste de calendário. A Conmebol (Confederação Sulamericana de Futebol) decidiu adequar a Copa aos anos pares, dois anos entre os Mundiais, exatamente quando são enfrentadas as Eurocopas. Portanto, o Brasil terá uma nova oportunidade em competição oficial (juntamente com as eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar) para testar novos nomes, estes sim sendo chamados como uma forma maior de teste, já que a pressão sob Tite pode ser menor.

A pouca dependência de Neymar e a ascensão de Éverton

Dentro do relvado, o que se viu foi a constatação de uma equipa sólida para os padrões sulamericanos, mas ainda devendo quanto às seleções européias. Isto porque durante toda a preparação para a Copa América, o Brasil enfrentou em amistosos apenas seleções de pouca expressão (contra Catar e Honduras), e tirando a própria Argentina nas semi-finais, acabou pegando equipas de menor poderio como Venezuela, Bolívia, Paraguai (nas quartas de final) e o próprio Peru na final.

Sem Neymar, a equipa se tornou mais coletiva, sem depender tanto de jogadas individuais do atual jogador do PSG. Seus substitutos naturais, com menor protagonismo, conseguiram jogar mais para os demais companheiros, e isto incrivelmente fez bem para o desenvolvimento na competição. David Neres começou como titular, como já havia fazendo nos treinos. Foi bem, porém deslocado ao canto esquerdo do ataque, rendeu menos do que no Ajax por exemplo, onde costumou jogar mais aberto pela direita. Éverton Cebolinha (do Grêmio) ganhou a posição e não saiu mais. Foi protagonista e cravou seu nome na equipa, assim como grandes rumores sobre seu futuro na Europa. Willian, chamado para o lugar de Neymar, entrava para dar solidez à equipa, e mesmo não sendo titular, era o homem de confiança de Tite.

Éverton (à esquerda) conquistou o prêmio de artilheiro da competição (Foto: BPFilmes/Globoesporte.com)

Novos nomes para o futuro

Nomes já chamados por Tite ou que fizeram parte das discussões da comissão técnica devem ser testados em breve. O próprio treinador definiu a convocação desta Copa América como a mais difícil que já fez pelo Brasil. Dos nomes que estavam com a seleção, é de se esperar que Éder Militão, Alex Telles, Allan, Paquetá e o David Neres estejam nas próximas listas e recebam mais rodagem (não jogaram com frequência). Já nomes de fora que podem ser considerados são Neto (Barcelona), Fabinho (Liverpool), Vinicius Jr (Real Madrid), Lucas Moura (Tottenham), Malcom (Barcelona), Felipe Anderson (West Ham) e Pedro (Fluminense).

De certa forma ser campeão da Copa América, em casa, diminui as críticas, dá mais tempo e paciência para Tite poder fazer esta renovação com menos empolgação do que se esperava. Pode dar a falsa impressão de que o treinador está no caminho certo, mas sem ter até agora provado que pode enfrentar de igual para igual seleções européias com grandes conquistas recentes. Vale lembrar que das 42 jornadas do Brasil com Tite como seu treinador, são 33 vitórias, 7 empates e somente 2 derrotas, mas uma delas justamente a que mais importou, contra a Bélgica no Mundial da Rússia.

Éder Militão e Alex Telles são alguns dos nomes na mira de Tite para a renovação (Foto: José Reis/Movephoto)

Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS