A peça que falta ao Borussia Dortmund
Os media alemães noticiaram uma suposta oferta do Borussia Dortmund para adquirir Mahmoud Dahoud ao Borussia M’Gladbach na reabertura do mercado. Aparentemente, o BVB pretende contratar o alemão de origem síria por 15 milhões e a cedência de Sahin. Não existe, por enquanto, qualquer certeza de que o negócio se irá concretizar, mas Tuchel ficaria com um brilho no olhar caso pudesse contar com o talentoso médio de 20 anos.
Esta alegada movimentação do Dortmund demonstra que o clube não está satisfeito com as opções que tem para o meio campo. Percebe-se agora, com quase um terço do campeonato alemão disputado, que as dúvidas iniciais sobre se Gonzalo Castro e Sebastian Rode seriam suficientes para atacar a temporada eram justificadas.
Sabia-se de antemão que nem um nem outro teriam capacidade para fazer esquecer Gundögan, mas os dirigentes do Dortmund pensaram que dariam conta do recado. Enganaram-se rotundamente. Rode, que foi bastante utilizado numa fase prematura, somou exibições apagadas e foi perdendo espaço na equipa. Um autêntico peixe fora de água, revelando lentidão de processos e demonstrando que tem um nível técnico bastante abaixo da média do plantel.
Castro é um jogador de outro calibre, com mais recursos e uma capacidade superior de jogar em espaços curtos e sob pressão. Não fossem as lesões e teria conquistado facilmente a preferência de Tuchel. Assim, o técnico alemão foi obrigado a inventar soluções. Deixou Weigl como único médio responsável pela construção, abdicando do duplo pivot, e acrescentou profundidade à equipa com quatro jogadores atrás de Aubameyang.
Certo é que a mudança acabou por ter um impacto positivo no jogo do Dortmund. Weigl, que até então vinha sendo estrangulado pela pressão dos adversários, passou a ter mais liberdade, conseguindo receber mais vezes enquadrado com a baliza. O posicionamento dos quatro jogadores à sua frente (dois extremos em largura máxima e dois interiores procurando receber dentro do bloco) forçava o oponente a baixar as linhas, tal como fez o Sporting em Alvalade. Entre condicionar Weigl ou tentar reduzir o espaço entre a linha defensiva e os médios, os leões escolheram a segunda opção.

(Foto: Borussia Dortmund Brasil)
Antes disto, Tuchel já tinha testado outras alternativas, como o recuo de um dos médios para a linha dos centrais. Vimo-lo em Leipzig, por exemplo, com Rode a baixar para o lado direito de modo a ser mais participativo na fase de construção. Não resultou, e o Dortmund, sem conseguir progredir pelo corredor central, limitou-se ao jogo exterior.
A adaptação de Raphaël Guerreiro ao meio campo também poderá ser explicada pela falta de um médio competente em todos os momentos. Utilizado várias vezes como interior, o português, além da qualidade de decisão que apresenta, oferece uma agressividade defensiva que Götze ou Kagawa não conseguem dar, permitindo que a equipa recupere a bola imediatamente após a perda.
Apesar de todos os testes feitos por Tuchel, a chegada de mais um médio afigura-se indispensável na reabertura do mercado. Dahoud, que não tem tido tanto protagonismo nesta temporada, é um jogador de fino recorte técnico, inteligente na procura dos espaços e com uma capacidade de resistência à pressão que nem Castro nem Rode possuem. Talvez seja a peça que falta para que o Dortmund afaste as exibições cinzentas e possa voltar à espectacularidade de outros tempos.