Luís Pissarra. “O nosso objectivo principal é o tricampeonato europeu.”

Francisco IsaacFevereiro 27, 20196min0

Luís Pissarra. “O nosso objectivo principal é o tricampeonato europeu.”

Francisco IsaacFevereiro 27, 20196min0
Os sub-20 de Portugal estão a meio da preparação para o Campeonato da Europa do escalão etário e o seleccionador Nacional falou com o Fair Play. Luís Pissarra em exclusivo
Luís, mais um ano e mantiveste-te como seleccionador Nacional de sub-20… foi fácil a decisão?

LP. Sim, foi fácil a decisão de ficar com esta faixa etária, são jovens com uma grande disponibilidade para aprender e é um grupo que gosto muito estar. A decisão familiar acaba por ser sempre a mais complicada mas foi bastante fácil.

Os objectivos deste ano são os mesmos de 2016, 2017 e 2018? O que achas deste grupo alargado de jogadores?

LP. São exactamente os mesmos: sermos campeões europeus e garantirmos o apuramento para o World Rugby Trophy. Portanto não difere nada em relação aos últimos anos. Há três anos atrás os jogadores olhavam algo de lado e com alguma desconfiança para estes objectivos mas hoje em dia está definido e por isso os grupos de jogadores que se seguem aceitam perfeitamente.

Quanto ao grupo alargado… são sempre grupos diferentes. Engraçado que no início de cada época de preparação dizem sempre que “este grupo não é tão forte como o anterior” e é sempre um bom desafio para termos de passar um bom discurso e informação, para os jogadores aprenderem ao máximo. Estamos muito contente com o talento em mãos e o que tem sido desenvolvido.

Transitaram-te bom jogadores de 2018 para 2019? O teu grupo de capitães deixa-vos descansados no que toca a exemplo, liderança e trabalho?

LP. É engraçado que nos dois anos que tivemos no Trophy transitaram sempre 8 jogadores para o ano seguinte… não é propositado, é um puro acaso, mas que nos dá a luz da medida do que vamos passando de atletas de 1º ano. Para além disso temos uma série de jogadores que fizeram a preparação e tiveram envolvidos no grupo de trabalho de toda a época e portanto sabem bem quais são os nossos objectivos e métodos, o que ajuda aos mais velhos a passar a mesma mensagem.

Quanto ao grupo de capitães estamos descansados e encantados com as escolhas, temos o trabalho do David Costa, do Jerónimo Portela e do José Roque que são um exemplo de luta dentro do campo, e não tenho dúvidas que qualquer um deles dá tranquilidade aos outros quando fala e dá o exemplo.

Quais são as próximas etapas até ao Campeonato da Europa?

LP. Finalizado este período de 15 dias de treinos e jogos, que foi excepcional que começou com os dois jogos contra o Canadá e culminou neste Tour em Valladolid para estar neste training camp com a Espanha e França foi excelente. Teria sido melhor se tivéssemos conseguido fazer isto desfasado dos jogos com o Canadá para podermos ter mais tempo para analisar e preparar a ida para Valladolid com mais calma. Contudo, estes 15 dias também deram uma ideia do que eles vão viver durante o Campeonato da Europa e o que vamos ter de viver com, desde os jogadores lesionados ou tocados, da parte psicológica e a resistência ao trabalho.

Daqui até ao Campeonato da Europa temos 1 mês em que vamos treinar todas as semanas, como se fôssemos um clube e vamos acabar por ter a meio de Março um estágio com um jogo final contra o Técnico.

Estes amigáveis são o tipo de jogos que desejavas em anos anteriores? Porquê é que são importantes para o desenvolvimento dos atletas?

LP. Sim são os que desejam e só com o primeiro grupo (2017) é que não conseguimos ter nenhum destes jogos de treino, mas já o ano passado tivemos felizmente esta experiência com jogos contra a Holanda e depois mais um jogo em Espanha ao fim de 20 dias. São dois períodos que tivemos no passado mas este ano tem sido a preparação mais intensa, já que os adversários são de uma qualidade superior e diferente. Isto abre logo os olhos e os jogadores ficam logo a perceber o que podem esperar numa carreira internacional, não só a nível de Campeonato da Europa, mas mesmo ao nível de um Trophy.

Estes quase 40 convocados que trabalharam entre o dia 17 e 24 de Fevereiro são resultado de uma análise profunda aos melhores sub-20 em Portugal? Discordas de algumas pessoas que afirmam que os resultados não são importantes e que se deveria dar hipótese a atletas menos conhecidos?

LP. Utilizámos 38 jogadores durante estes 15 dias e reflecte o trabalho profundo que começou com o jogo regional onde saiu esta convocatória e, portanto, isto dá uma profundidade grande, em que cada um dos envolvidos teve direito a uma oportunidade para mostrar o seu valor, sendo que tiveram dois jogos para se mostrar. Depois desses encontros a decisão passou para o lado dos treinadores e se não tiveram uma boa prestação ou não estiveram ao nível que desejavam só podem ficar desiludidos consigo mesmos porque as oportunidades foram dadas.

Se são os melhores sub-20 em Portugal? Para nós são, e faltam aqui 2 ou 3 que estavam/estão envolvidos na Selecção Nacional A ou que não se puderam apresentar devido a lesão. Mas claramente que as pessoas podem discordar se estes são os melhores sub-20, já que todos nós temos um pouco de treinadores em nós.

Discordo totalmente da última questão e explico-te porquê: tivemos 9 jogadores que nunca jogaram por Portugal em qualquer escalão. Por isso chegarem aos sub-20 e serem chamados a este nível, demonstra que demos hipótese a todos os atletas disponíveis e que tinham qualidade para aqui estar. Os resultados são importantes, não tanto os de jogo-treino, mas a nível de relevância e importância… os resultados têm o seu relevo e a parte competitiva é decisiva. Não esquecer que isto são equipas séniores e que só podem estar aqui os melhores, aqueles que merecem estar. O nome ou clube é nos indiferente, não conta para a decisão final.

Se nós não formos competitivos ou tivermos resultados de relevo não vamos ter este tipo de preparação que tivemos este ano. Sem resultados bons no Campeonato da Europa ou no Trophy não vamos ter o Canadá interessado em jogar contra nós, não temos a França a fazer convites para participar num treino em conjunto que culmina num jogo, países que competiram e competem em Campeonatos do Mundo de sub-20 ou séniores. Só mesmo sendo competitivos é que conseguimos criar esta atenção e reunir as condições para preparar os jogadores para o escalão sénior.

2019 vai ser uma repetição do sucesso dos últimos dois anos?

LP. Espero que sim, já começámos bem nestes jogos de preparação, mas principalmente no sucesso que tivemos em escolher os 40 jogadores que representaram Portugal frente ao Canadá, Espanha e França. Já atingimos algum sucesso assim, mas o nosso objectivo principal é o Campeonato da Europa onde queremos ser tricampeões.

Os novos sub-20 de Portugal (Foto: Luís Cabelo Fotografia)

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