Jeremias Soares. “É um orgulho estar na frente deste grupo do GRUFC”

Francisco IsaacDezembro 1, 20197min0

Jeremias Soares. “É um orgulho estar na frente deste grupo do GRUFC”

Francisco IsaacDezembro 1, 20197min0
O timoneiro do Guimarães RUFC contou-nos como chegou ao emblema vimaranense e o progresso que tem sido feito até aqui. Em exclusivo, Jeremias Soares no Fair Play
Jeremias Soares, mais uma temporada no comando do Guimarães RUFC… qual é o sentimento de continuar a representar a formação vimaranense?

É um orgulho estar a frente deste grupo. Um treinador que esteja à frente de um grupo tão curto e conseguir os resultados obtidos em 8 épocas, penso que dá para imaginar um bocado daquilo que eles entregam de forma a colmatar o número reduzido de jogadores.  

Como começou esta relação? Tem sido um caminho com bons mas de também difíceis momentos?

Esta relação começou à 9 anos, numa altura em que eu estava praticamente “retirado” do rugby, tanto como treinador da Universidade do Minho como jogador do CRAV, convidaram-me para dar seguimento ao projecto existente. Felizmente, desde que cheguei ao GRUFC, tive sempre todo o apoio possível e impossível por parte das diversas Direcções que passaram e de todos os jogadores.

Conseguimos muitos bons momentos que foram quase sempre resposta aos maus, isto é, tenho a certeza que se não tivéssemos tido maus momentos, em determinados períodos deste percurso, que hoje não estaríamos tão fortes nem tão unidos. O núcleo duro desta equipa acompanha-me quase desde o início do projecto, existe uma grande união e companheirismo no grupo, principalmente quando nos surgem obstáculos, tornando-se a nossa maior arma.

O Guimarães RUFC pode ser um clube importante no desenvolvimento da modalidade em Portugal? Qual é o vosso objectivo em termos estruturais e na cidade?

Claro que sim, Guimarães é uma das cidades mais desportistas a nível nacional, tanto na prática como no apoio aos clubes da região.

O Guimarães Rugby, apesar de ter uma estrutura muito pequena, está neste momento com dois projectos de divulgação da modalidade junto das escolas (um deles em parceria com a Câmara Municipal de Guimarães), que eu penso que a médio longo prazo deverão a dar frutos. Temos de estar preparados e melhorar o nosso funcionamento para melhorarmos a taxa de fidelização dos miúdos que começam a surgir. Estamos a trabalhar nesse sentido.

Sente que há um interesse das gentes de Guimarães em acompanhar cada vez mais o clube? Como pode o GRUFC aproximar-se ainda mais de futuros interessados?

Temos um grande apoio das entidades públicas (CM de Guimarães e Tempo Livre, entidade que gere as instalações e actividades desportivas em Guimarães), sem eles não seria possível. O Rugby começa lentamente a despertar interesse de mais gente mas, como é normal, os bons resultados é potenciam uma maior visibilidade… felizmente no nosso percurso temos conseguido alguns.

A nível do plantel sénior, qual é o vosso foco para esta época? Propuseram algum objectivo ou meta?

A nível de equipa sénior, temos o objectivo alcançado duas épocas atrás, que é o apuramento para a fase final. É um longo e muito difícil caminho para lá chegar, mas tudo é possível conforme os Bravos o já demonstraram.

É uma equipa recheada de potencial como o Samuel Lemos, Hugo Neves, Pedro Piairo, entre outros… como explica a evolução destes jogadores?

Conforme o disse inicialmente, o grupo é muito pequeno mas felizmente está recheado de jogadores com muito potencial, qualidade, experiência e jovem. Muitos têm características físicas fora do normal, que para um treinador é um grande ponto de partida para a evolução do jogador.

Como treinador do Guimarães RUFC há já algumas épocas, quais foram as lições mais importantes que aprendeu? Se pudesse voltar atrás, que conselho daria a si próprio no início desta aventura?

Acreditar no grupo…  se toda a gente do grupo Acreditar no mesmo, tudo é possível…

Durante estes anos, tentei não desistir de nenhum atleta nem do grupo, porque sempre acreditei que, algum dia, cada um iria dar algo de si em prol do grupo (dentro ou fora do campo). E tem corrido bem nesse sentido, somos o que somos hoje porque acreditamos no grupo.

Poderia mudar um ou outro pormenor mas, no geral, apenas reforçava esse sentido de confiança em cada um dos atletas ou pessoas ligadas ao grupo para que tenham um dia a oportunidade de dar o seu contributo ao grupo.

Quem foram as maiores influências para si enquanto treinador? E que legado gostaria de deixar?

O que sou hoje como treinador foi claramente influenciado pela minha passagem pelo Desporto Universitário (desde o formar equipas de Rugby com atletas de Ténis, Karaté, Velocistas, Basquetebolistas, futebolistas, etc… até a realização de treinos regulares) e pelo CRAV.

Gostaria que continuassem a acreditar que é possível a modalidade crescer em Guimarães e que os atletas mais velhos levassem o barco a bom porto.

Em termos do rugby português global, sente que há uma maior aproximação dos clubes uns dos outros ou a troca de informação é ainda uma fantasia?

Na realidade que eu presencio, o Norte, penso que existe alguma troca de informação, principalmente, por amizade entre ex-colegas. A nível global, clubes, não sinto isso. Continuamos, infelizmente, a olhar apenas para o nosso umbigo… Há uns meses atrás reuniram-se vários clubes, onde se abordaram alguns pontos-chave, na minha opinião, para o desenvolvimento do rugby mas mais uma vez não passou para o terreno… Voltaremos a falar nisso daqui 10 anos conforme foi comentado nessa altura…

Quais deviam ser as nossas maiores preocupações para o presente? E futuro?

Munir os clubes de treinadores com mais qualidade e melhorar as estratégias de fidelização dos jovens, principalmente na zona norte.

Depois de tantos anos ligados à modalidade sente que ainda temos possibilidade de almejarmos a um número maior de atletas e visibilidade?

Claro que temos possibilidade, mas para isso temos de estar preparados quando surgir uma oportunidade como o Mundial de 2007 que foi completamente subaproveitado. Confirme já referi, necessitamos de mais e melhores treinadores e de criar melhores estratégias de fidelização.

Perguntas mais rápidas: melhor jogador de sempre que viu a jogar? E treinador?

Brian O’Driscoll. Gosto muito do percurso e da forma de pensar do Eddie Jones.

O jogador mais trabalhador do Guimarães do passado ou presente? E o mais animado?

Paulo Roberto Silva… O mais animado, Daniel Marques sem dúvida…

Pessoa que sempre esteve lá para apoiá-lo em todos os momentos?

Tive muitas, mas em especial o Nuno Cardoso.

Melhor jogo que viu de rugby até hoje?

Australia v New Zealand, Sidney 2000

Que sonho gostava de cumprir?

Felizmente já cumpri o meu maior sonho… que era jogar com o meu filho… Agora, ganhar um troféu com ele…

Algumas palavras ou agradecimentos ao público do GRUFC e do rugby português?

Quero agradecer a todos os atletas que passaram pelos seniores, principalmente a aqueles que ainda cá estão, por estes 9 anos incríveis… e a todos os apoiantes do Guimarães Rugby UFC. Sem vocês, ninguém acreditava em nós!!!

Enquanto jogador do GRUFC (Foto: GRUFC)

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