Gonçalo Foro. “Não consigo imaginar outro eu sem o Rugby ou o CDUL incluído”

Francisco IsaacAgosto 16, 20177min0

Gonçalo Foro. “Não consigo imaginar outro eu sem o Rugby ou o CDUL incluído”

Francisco IsaacAgosto 16, 20177min0
Entrevista em exclusivo com o ponta da Selecção Nacional e do CDUL, que nos conta o que é ser um "Universitário" e de ter feito parte da História da modalidade

Um dos grandes nomes do rugby português dos últimos 10 anos, Gonçalo Foro falou sobre o seu tempo na selecção, o seu amor pelo CDUL, o orgulho de ter partilhado o campo com o irmão e de te feito parte da História do Rugby português. Uma entrevista em exclusivo do Fair Play


Gonçalo, começamos pela pergunta mais difícil de todas: já tiveste vontade de placar o teu irmão nos treinos?

GF. Nos treinos e fora deles!

O que define os valores e espírito do CDUL?

GF. Compromisso, espírito competitivo, solidariedade

Continuas só a jogar no CDUL ou já ajudas a outro nível o clube? E achas importante que jogadores do escalão sénior se envolvam com as camadas de formação?

GF. Neste ano que passou fiz parte da equipa de coordenação técnica das escolas do CDUL e fui um dos treinadores do escalão sub18, foi uma experiência óptima e aprendi muito.

 Tentámos envolver jogadores seniores em todos escalões para que possam passar um pouco da sua experiência ao mais novos e parece estar a dar resultados.

O que leva a que a formação do CDUL seja considerada uma das melhores? Há algum tipo de processo ou trabalho diferente em comparação com os outros clubes?

GF. A formação do CDUL tem melhorado todos os anos e isso está relacionado com o compromisso, rigor, organização que os treinadores e a direção têm tido. Não consigo dizer se fazemos melhor ou pior que os outros clubes, mas procuramos evoluir e acredito que estamos no caminho certo.

Melhor recordação que tenhas de uma digressão com o clube? E se pudesses levar a equipa sénior a fazer um tour onde seria?

GF. Infelizmente tenho poucas memórias de digressões no CDUL mas uma delas é claramente a vitória na taça ibérica em Valladolid.
Sem pensar duas vezes, Nova Zelândia, atravessar o mundo para conhecer uma país fantástico com uma cultura onde se respira rugby como se fosse uma religião.

Marcaste uma época no rugby Nacional muito pela forma como abordavas a bola no contacto e pela capacidade de aceleração. Sempre fez parte de ti este jeito para a velocidade e sprint?

GF. Nunca fui muito dotado tecnicamente e refugiei-me nas minhas capacidades físicas, mais tarde percebi que a parte técnica e tomada de decisão são igualmente ou mais importantes e podem ser trabalhadas como a nossa velocidade e força. Temos de estar constantemente a adicionar armas ao nosso arsenal.

Melhor momento pelo CDUL? E pior?

GF. Os bons e maus momentos transformam a identidade de um clube e acabam por o fazer a nós também, os piores são essenciais para o nosso crescimento, no meu caso jogar na 2ª divisão sénior moldou o meu carácter, deu-me humildade e fez-me perceber que se quero algo tenho que trabalhar para o conquistar. A final do campeonato com o GDD no estádio universitário em 2014 foi um grande momento, mas também o convívio que fizemos no principio desta época com a família toda do CDUL, jogadores, pais, treinadores e antigas glórias, foi inesquecível.

Gonçalo Foro (Foto: JP Rugby)
O CDUL modificou-te enquanto pessoa? Os valores do rugby Nacional hoje em dia estão bem defendidos ou achas que há problemas no horizonte?

GF. Não consigo imaginar outro eu sem o Rugby ou o CDUL incluído. 

Relativamente aos valores deste desporto que tanto apregoamos está na hora de fazermos mais e falarmos menos, o fairplay e respeito que são supostamente a nossa bandeira estão neste momento a meia haste, somos todos culpados.  Temos obrigação de ajudar os árbitros a fazerem o seu trabalho, temos de educar adeptos e pais a verem os jogos, para poderem disfrutar dele, temos o dever de inspirar os miúdos a serem a sua melhor versão possível e isto não tem que ver com vitórias ou derrotas, mas sim com brio, competência e respeito.

2017 marcou a tua retirada das Selecções Nacionais. O que significou para ti representar Portugal?

GF. É o ponto alto de qualquer atleta representar o seu pais, a camisola de Portugal carrega o peso de todos os nossos amigos e família e também aqueles que não conhecemos mas que partilham parte da nossa identidade. Jogar a este nível é também o resultado de muito esforço e dedicação.

Não conheço maior orgulho que este.

Qual foi o teu melhor ensaio pela Selecção e foi o mais importante? Consegues recordar-nos do teu jogo de estreia pelos Lobos?

GF. Talvez o meu ensaio mais importante tenho sido em Hong Kongs na meia-final contra o Zimbabwe em que estávamos a disputar o apuramento para ser equipa residente no circuito mundial de sevens.

O meu primeiro jogo foi no EUL contra a Rússia em 2007, marquei um dos ensaios menos “estilosos” que tenho memória, tropecei na área de ensaio e fiz dois buracos na relva, um com o cotovelo outro com o joelho…

Tu viveste dos melhores momentos do rugby Nacional a nível de Selecção. Achas possível voltarmos ao nível de anos anteriores?

GF. Vai ser mais depressa do que estamos á espera, trabalha-se bem na formação, há muita qualidade e ambição.

Consegues explicar o quão difícil é chegar ao nível de Lobos? Que conselhos darias aos meus novos para chegarem lá.

GF. Roçando o cliché, na maior parte das vezes o talento faz-nos chegar a Lobos, mas o espirito de trabalho e competência é que nos mantem lá.

Melhor jogador com que partilhaste o balneário na selecção? E aquele colega de equipa que nas viagens só tinhas vontade de o enfiar no saco de viagem?

GF. Julian Bardy e o único que cabia num saco de viagem era o pipoca….

Pela Selecção Nacional (Foto: Luís Seara Cardoso Fotografia)
Se pudesses repetir só um jogo, qual seria? E porquê?

GF. O ultimo jogo que o meu pai viu, com ele a ver.

Perguntas rápidas, podemos? Passar uma tarde a fazer sprints com o Adérito ou ouvir o teu irmão a falar sobre corte e costura durante 24horas?

GF. Ambas difíceis, mas que me ajudariam a ser melhor, numa melhor atleta, na outra a vestir-me como deve ser.

Nova Zelândia, Inglaterra, Austrália ou França? E se nenhuma das anteriores qual?

GF. Nova Zelândia.

Julian Savea, George North ou James O’Connor?

GF. Israel Dagg.

Treino de condição física na praia ou treino de placagem à chuva?

GF. Condição física na praia com treino de placagem.

Colega mais “irritante”? E o que tem mais mania?

GF. Gonçalo Foro.

Melhor “estrangeiro” a jogar pelo CDUL: Carl Murray, Peter Leuluso ou Geordie Mcsullea?

GF. São todos grandes jogadores mas penso que o estrangeiro que mais impacto teve foi o Seti Filó

Um bom handoff ou um rápido side-step?

GF. Rápido side step porque é o skill que gostaria de ter!

Melhor jogador português que já viste jogar e com que jogaste?

GF. Julian Bardy.

Na final do campeonato em 2017 (Foto: Luís Cabelo Fotografia)

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