Arquivo de Roland Garros - Fair Play

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André Dias PereiraMaio 16, 20233min0

Pela primeira vez desde que é profissional, Rafael Nadal está fora de Roland Garros. O tenista espanhol tem vindo a recuperar de uma lesão abdominal, contraída na Austrália. Nas últimas semanas a dúvida sobre se o El Toro Miura ia jogar Paris pairava no circuito. Agora, Nadal confirmou as piores expectativas. “A lesão não evoluiu como queríamos. O mais importante, Roland Garros, é impossível”, disse, reforçando que “foi uma decisão do corpo”.

Dos 22 Grand Slam conquistados, 14 foram em Paris. É, com sobras, o maior campeão de sempre do torneio, ao ponto de já ter uma estátua junto ao recinto principal.

Nadal não joga desde o primeiro Major do ano e a data de retorno ainda é incerta. Por enquanto, vai cair para fora do top-100. Não que isso seja relevante para o maiorquino nesta fase da carreira, onde só quer jogar e ser competitivo. E, quem sabe, tentar competir com Djokovic no duelo particular do número de Grand Slams conquistados. Também por isso, esta é uma ausência que com certeza impacta Nadal.

Na mensagem que confirma a ausência de Roland Garros, Nadal admite pela primeira vez que poderá encerrar a carreira no próximo ano. Quer isso dizer que poderemos não ter mais Nadal a competir até final de carreira? Bom, por enquanto é precoce chegar a essa conclusão. Apesar de ser incerta a sua volta, o espanhol quererá, por certo, jogar ainda mais uma edição, talvez de despedida, de Roland Garros. A ideia, por enquanto, passa por voltar ao circuito no final deste ano.

Uma carreira de títulos e lesões

A carreira de Nadal é marcada por muitos títulos. Mas também lesões. Ao longo dos últimos 19 anos somou pelo menos 14 lesões importantes, algo que pode estar relacionado a um estilo de jogo muito físico e intenso. Joelhos, pés, braços, tendões, pulsos, costas. São muitas as mazelas do espanhol, que nunca dá um desafio como perdido. Em 2022, recorde-se, um problema muscular forçou Nadal a falhar os torneios prévios de Wimbledon, e a desistir nas meias-finais do major britânico. Depois, voltou a ressentir-se no US Open. Já este ano, um problema abdominal condicionou a sua participação no Australian Open.

Mas se Nadal vai sentir falta de Roland Garros, o torneio francês também terá a sombra do espanhol. O torneio, que arrancou a 22 de maio, prolonga-se até 11 de junho. Djokovic e Alcaraz são os grandes favoritos, na ausência de Nadal. É até difícil dizer, neste momento, quem detém maior favoritismo. Certo é que o sérvio perdeu a liderança mundial para o espanhol e só a voltará a conquistar o topo da hierarquia se for finalista. E ainda assim tem que torcer contra as performas de Alcaraz e Medvedev, os dois primeiros do circuito.

Alcaraz e Djokovic, Medvedev e Ruud

Alcaraz está, de resto, em grande forma. Já venceu três títulos este ano, incluindo os Masters de Madrid e Indian Wells, e a terra batida é o seu título preferencial. O sucessor natural de Nadal, que completou recentemente 20 anos, é o maior fenómeno do ténis desde o Big-3. Depois de ganhar o US Open em 2022, vencer Roland Garros parece apenas uma questão de tempo. Mas Djokovic é Djokovic e nunca pode ser descartado, seja em que piso for. E há ainda Casper Ruud e Medvedev, ambos fortes na terra batida. O norueguês foi finalista vencido em 2022 e este ano já ganhou o Estoril Open. Já o russo atravessa um grande momento, ganhando em 2023 nada menos que cinco troféus, entre eles os Masters de Roma e Miami.

Será, pois, um torneio com vários pontos de interesse, mesmo considerando a ausência do ‘rei’ da terra batida.

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André Dias PereiraAbril 21, 20233min0

A pergunta tem sido recorrente nos últimos anos mas agora começa a ganhar mais força. Até quando o corpo de Rafael Nadal vai ainda aguentar ao mais alto nível?

O tenista espanhol confirmou a desistência do Masters de Madrid, que arranca na terça-feira, 25 de abril. Este é mais um golpe duro para o maiorquino que recusa “desistir do corpo”. Desde o Australian Open, o agora 14 do mundo enfrenta uma lesão muscular de grau 2, no psoas ilíaco da perna esquerda. As lesões têm sido recorrentes ao longo da carreira e nos últimos anos têm-se intensificado, fruto de um estilo de jogo mais físico, por vezes além dos limites. E também por isso, Nadal tem selecionado cada vez mais criteriosamente os torneios em que participa, por forma a se resguardar.

O ano de 2022 foi muito bom para o espanhol. Conquistou quatro títulos, entre eles o Australian Open e Roland Garros. Mas também o ano passado enfrentou algumas lesões.

A ausência do torneio de Madrid faz soar os alarmes, ou pelo menos a dúvida, sobre se recuperará a tempo de Roland Garros, a 28 maio desde ano. Nesta fase da sua carreira, Nadal não joga mais por posições no ranking, mas Roland Garros é o seu Graal. Até porque é a melhor chance que tem de vencer mais um Grand Slam e se destacar como o maior vencedor. Atualmente, Novak Djokovic e Rafael Nadal somam 22 Majors. Federer, aposentado desde o ano passado, tem 20. O sérvio, até por ser mais novo, parece ter alguma vantagem nesta luta a dois.

O que esperar este ano de Nadal

Só que agora há um novo nome na parada. Carlos Alcaraz. Também ele espanhol, parece ser o herdeiro natural de Nadal. Pelo estilo de jogo e sobretudo pela mentalidade competitiva. O atual número 2 do mundo tem confirmado em 2023 todo o seu talento e o que de bom fez em 2022. Só este ano já ganhou os títulos de Indian Wells e Buenos Aires, e foi finalista vencido (por lesão) no Rio de Janeiro. Agora, e na altura em que este texto é escrito, está nos quartos de final do ATP Barcelona. E é o grande favorito também em todos os torneios de terra batida, incluindo Roland Garros.

É, pois, nesta conjuntura, que Nadal se encontra. E é por isso que esta temporada e o seu futuro são uma incógnita. Por enquanto, o maiorquino tenta recuperar-se a 100% para poder voltar. Mas sabemos que a sua condição física já não é, naturalmente, a de antes. É por isso importante entender as condições em que vai regressar e se ainda é suficientemente competitivo para lutar por títulos relevantes. E isto apesar do seu grande 2022. Até porque com o seu compatriota em ascensão, a tendência é vermos cada vez menos Nadal nas decisões. Roland Garros é, nesse sentido, um barómetro chave.

Apesar de Nadal dizer que se recusa a perder para o corpo da mesma forma que recusa a perder em court, a verdade também é que já disse que jogará enquanto se sentir competitivo. Foi isso que aconteceu com Federer. Ademais, a saída de cena do suíço também retirou uma parte do espanhol. Afinal, muito do que é se transformou Rafa se deve à rivalidade com Federer. O que agora já não acontece, mesmo com Djokovic, que também, diga-se, caminha para o final de carreira.

Até quando jogará Nadal? Essa é uma pergunta ainda sem resposta mas que o resto desta temporada ajudará certamente a definir.

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André Dias PereiraJunho 8, 20223min0

Não é à toa que Rafael Nadal tem uma estátua à porta do court Philippe Chatrier. O espanhol não para de aumentar a sua lenda em Paris e no ténis. No domingo, o maiorquino conquistou pela 14 vez o título de Roland Garros. Um registo absolutamente impressionante, que o coloca entre os grandes feitos da história do desporto em geral.

Nadal não apenas consolidou ainda mais a sua supremacia na terra batida, como subiu no ranking e ampliou a vantagem de Majors sobre Djokovic e Federer. São agora 22 Grand Slam contra 20 dos rivais.

O agora número 4 do mundo confirmou o favoritismo com que entrou no torneio e venceu a final de forma relativamente tranquila. Casper Ruud tem vindo mostrar méritos na terra batida mas não conseguiu ferir o espanhol, perdendo os 3 sets: 6-3, 6-3 e 6-0.

Este foi, aliás, um torneio que confirmou também a força de Casper Ruud, Zvevev e Alcaraz na terra batida. Embora uns tenham sido mais bem sucedidos que outros.

Nadal teve um caminho quase sem sobressaltos até aos quartos de final, quando defrontou Novak Djokovic. Para trás ficaram Jordan Thompson (6-2, 6-2, 6-2), Courentin Moutet (6-3, 6-1, 6-4), Van Zandschulp (6-3, 6-2, 6-4) e Felix Aliassime (3-6, 6-3, 6-2, 3-6, 6-3).  E foi quase sem sobressaltos, porque o canadiano quase eliminou o espanhol, que precisou de 5 sets para seguir em frente.

Mas o grande duelo seria com Novak Djokovic, o campeão em título. O sérvio entrou no torneio para igualar Nadal com 21 Majors, mas acabou por ver o maiorquino distanciar-se ainda mais. O espanhol venceu, também em cinco sets, por 6-2, 4-6, 6-2, 7-6. Ao cair nos quartos de final, o sérvio prepara-se para perder a liderança do ranking, na segunda-feira, dia 13, para o russo Daniil Medvedev. Nas meias-finais, Nadal beneficiou de desistência de Zverev.

Ruud sobe ao sexto lugar

Roland Garros confirmou o bom momento de Casper Ruud. O norueguês jogou, pela primeira vez, uma final em Paris e subiu ao sexto lugar da hierarquia. E não se pode dizer que tenha sido ao acaso. Só este ano já havia ganho na terra batida de Buenos Aires e Genebra. Dois oito títulos ATP conquistados nos últimos três anos, sete são neste tipo de piso.

Ao longo do torneio, foi deixando para trás, Tsonga, Ruusuvuori, Sonego, Hurkacz, Rune e Cilic. Nota para o croata que voltou a jogar uma semi-final de Grand Slam. Um registo que o coloca como o quinto jogador em atividade a jogar as meias-finais de todos os Majors (os outros são Nadal, Federer, Djokovic e Murray). Cilic teve ainda o mérito e afastar Daniil Medvedev (6-2, 6-3, 6-0) e Rublev (5-7, 6-3, 6-4, 3-6, 7-6). Acabaria por ser afastado por Casper Ruud (6-3, 4-6, 2-6, 2-6).

Apesar de ter chegado também às meias-finais, Zverev não tem razão para sorrir. O alemão, candidato à vitória final, acabou por se retirar do jogo com Nadal por lesão no tornozelo, que o forçou a uma operação. Ainda assim, voltou a mostrar grande capacidade para no futuro vencer em Paris. O problema é que Zverev, apesar do talento, precocidade e títulos alcançados, continua sem ganhar um Major. Um fantasma que não parece largá-lo.

Ainda assim, o alemão teve o mérito também de afastar Carlos Alcaraz. A grande sensação do circuito em 2022, caiu nos quartos de fnal: 4-6, 4-6, 6-4, 7-6.

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André Dias PereiraFevereiro 5, 20224min0

Vinte e uma vezes Rafael Nadal. O espanhol tornou-se o primeiro tenista a conquistar 21 Majors. Aconteceu no domingo, em Melbourne, na Austrália. Nem Quentin Tarantino escreveria um desfecho tão épico e improvável quanto foi a final do Australian Open e o feito do espanhol.

Entre o Big-3, Nadal era o único que poderia chegar já aos 21 Majors. Porque Federer continua a recuperar de lesão e porque Djokovic foi deportado em virtude de não cumprir os regulamentos sanitários do país. Mas isso não tornava a tarefa do espanhol mais fácil. Tal como o rival suíço, o maiorquino também atravessou um longo calvário de lesões. Foram mais de 6 meses de paragem. Nadal ainda participou em torneios de pares para ganhar ritmo, mas a sua condição física preocupava.

Além disso, outros contestantes ao título pareciam mais mais posicionados à conquista do primeiro Major do ano.  Como Zverev, Tstitsipas ou, sobretudo, Medvedev. E o russo teve título na mão. Quando, na final, chegou a estar com 2 sets de vantagem poucos acreditariam na recuperação de Nadal. Porque o espanhol já não tem o fulgor de antes (são já 35 anos), porque já vinha de uma longa batalha com Sahapovalov, mas sobretudo porque Medvedev é muito forte mentalmente.

Só que o russo cometeu um pecado capital que se paga caro contra adversários como Nadal. Não “matou” o jogo à entrada do terceiro “set“, permitindo, gradualmente, a recuperação de Rafa. E há três coisas que em Nadal, nunca podem ser negligenciadas, mesmo quando tecnicamente o seu jogo não resulta. A sua raça, capacidade de sacrifício, força mental e lutar até ao fim. Nadal acredita em cada ponto como se fosse o último e na vitória quando mais ninguém acredita. E foi assim que resgatou o jogo para um triunfo de 2-6, 6-7, 6-4, 6-4 e 7-5.

Quem acaba carreira com mais Majors?

Foi a segunda vez que Rafael Nadal venceu o Australian Open. A primeira havia sido em outra final memorável, contra Roger Federer, em 2009. À época, vivia-se o auge da era “Fedal”, com os dois jogadores a dominarem completamente a cena do ténis. Djokovic estava ainda em ascensão. Essa final ficou marcada pelas lágrimas de Federer, após derrota, por não conseguir igualar Pete Sampras com 14 troféus.

De então para cá algumas coisas mudaram. Federer e Nadal envelheceram bem e têm sabido manter-se no topo. Só que Djokovic tem feito uma década absolutamente arrasadora e à entrada para 2022, os três somavam, juntos, 60 Grand Slams (20 para cada um). O espanhol conseguiu agora adiantar-se, em Melbourne em relação aos rivais, nesta corrida a três. E continua a ser o grande favorito para Roland Garros, onde somou 13 dos seus 21 Majors.

O espanhol reconhece que 21 Grand Slam não serão suficientes para se tornar o maior campeão de sempre. Também por isso Nadal continua a treinar-se e a motivar-se com novos objetivos. E isso explica que logo após a vitória sobre Medvedev tenha ido fazer bicicleta e retomado os treinos.

Fora do Australian Open por não estar vacinado, Djokovic vive momentos difíceis. O seu posicionamento anti-vacina já lhe custou vários dissabores e Paris já anunciou que não aceitará jogadores que não estejam vacinados. O quanto isso impacta a carreira e o momento de Nolan? Bom, por enquanto pode ser barrado de outros torneios. E caso fique de fora do Masters 1000 Miami e Indian Wells, poderá mesmo perder a liderança mundial.

Que Federer vai regressar?

De acordo com o biógrafo Daniel Muksh, após o triunfo de Nadal em Melbourne o sérvio terá decidido vacinar-se. Caso venha a confirmar-se a sua participação em Roland Garros, será interessante continuar acompanhar a rivalidade com o espanhol. Por um lado, o sérvio é o campeão em título e quer igualar o Nadal com o máximo de Majors, e por outro lado, o maiorquino quer recuperar o título perdido e aumentar a sua lenda em Paris e em Majors.

Há ainda Federer. O suíço não está fora destas contas mas parece mais distante. Aos 40 anos e afastado dos courts desde 2021, só deverá voltar em Wimbledon. A pergunta que se coloca é que Federer teremos por essa altura? Poucos acreditam que o helvético tenha condições para disputar o título nos maiores torneios. A situação mais provável é que regresse para ser competitivo q.b. para seguir até, quem sabe, aos quartos de final de grandes provas, e arrecadar alguns títulos em torneios menores, em uma espécie de tourné de despedida.

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André Dias PereiraJaneiro 25, 20213min0

O ano de 2020 fica para a história, não só do ténis mas do desporto em geral, como o mais desafiador para todas as organizações. O arranque da época de 2021 não promete, pelo menos para já, ser diferente. Para enquanto, o Australian Open foi adiado para 8 de fevereiro e a ATP Cup encurtada para o período entre 1 e 5 do mesmo mês. É ainda cedo para se falar em outras competições mas é possível que o clima de incerteza continue a ser feito mês a mês. Isso certamente, também tem impacto na preparação da temporada e rendimento dentro dos courts.

São vários os questionamentos que se fazem nesta altura da temporada. Agora, em 2021, mais ainda. O principal é saber se o big-3 ainda continuará a dominar a cena do ténis. Ou se é possível termos novas figuras no topo da hierarquia. Por ora, Novak Djokovic e Rafael Nadal são as únicas certezas num ano incerto. O sérvio e o espanhol ocupam ainda as duas primeiras posições com Dominic Thiem a espreitar de perto, no terceiro posto.

A recuperar de 2 cirurgias Roger Federer está afastado do Australian Open e deste início de temporada. Aos 39 anos ainda não dá para descartar do suíço, mas é pouco crível que possa voltar a liderar o ranking. Com 20 títulos Major é o recordista do circuito. Há muito que já não se apresenta como o maior favorito a ganhar um Grand Slam mas não seria totalmente surpreendente se ainda ganhasse mais 1 até se aposentar. Com 19 Majors, Nadal pode igualar ou até ultrapassar esse registo em 2021. É, outra vez, um dos principais candidatos a ganhar o Australian Open e, sobretudo, a vencer Roland Garros.

A força mental de Djokovic levada ao limite

Mas há, também, Djokovic. O sérvio tem-se apresentado, nos últimos anos, como o mais regular. Contudo, a sua resiliência e força mental será testada como nunca antes. Após os eventos da Adria Cup, que culminaram na infeção de vários tenistas e staff, o sérvio tem sido alvo de duras críticas. Mais, o sua impopularidade tem crescido . Se, em outras ocasiões, Nolan se tem valido disso para fortalecer o seu jogo, o Masters Final mostrou um lado do sérvio poucas vezes visto: desatento, de cabeça quente e a cometer demasiados erros não forçados.

Dominic Thiem, Daniil Medvedev têm sido, nos últimos dois anos, os grandes desafiantes ao big-3. O austríaco é já número 3 mundial, a morder os calcanhares a Rafael Nadal. Thiem é também tido como o sucessor do espanhol no reinado da terra batida. Em 2020 venceu ainda o US Open, o seu primeiro Major. É um dos mais consistentes do circuito e candidato a ganhar qualquer Grand Slam. O ano passado foi ainda finalista vencido em Melbourne.

Entretanto, o russo foi o campeão do Masters Final em sua segunda participação. Medvedev viveu o período incrível em 2020. Para além dos triunfos do ATP Finals e ATP Paris, ganhou 4 títulos em 2019 e 3 em 2018. Outros tenistas, como Tstsipas, Rublev, Zverev ou Schwartzman deverão também se manter no topo da cena do ténis mundial, causando sensação aqui e ali.

Mas, outra vez, tudo dependerá da evolução e impacto da pandemia no circuito que, por agora, mantém ainda o público fora dos courts.

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André Dias PereiraOutubro 13, 20204min0

Um rei nunca perde a sua coroa, diz o ditado popular. Em vésperas da final de Roland Garros, Goran Ivanisevic disse que Nadal não teria chances contra o Novak Djokovic. O resultado não apenas desmentiu categoricamente o campeão Wimbledon de 2001, como mostrou que ninguém está perto de Nadal, quando se fala em terra batida.

Nadal alcançou este domingo uma das suas maiores vitórias na carreira. No conteúdo e na forma. Pela maneira como foi conseguida e por tudo o que representou. O resultado de 6-0, 6-2 e 7-5 só foi possível devido a uma exibição de excelência do maiorquino. Porventura, uma das melhores de sua carreira, ao ponto de, perto do final do segundo set, ter apenas 1 erro não forçado.

O espanhol era, de resto, o grande favorito a vencer o torneio dos mosqueteiros. Ainda assim, tinha desafios acrescidos. Depois de seis meses parado, o espanhol chegou a França com apenas 3 jogos realizados no período pós pandemia. Para trás ficou também a eliminação por Diego Schwartzman no torneio de Roma. No mais, Nadal reajustou as contas com o argentino nas meias-finais de Roland Garros: 6-3. 6-3 e 7-6. Diga-se, contudo, que Schwartzman fez um grande torneio, atingindo pela primeira vez esta fase de um Grand Slam. Para trás, tinha deixado outro favorito: Dominic Thiem: 7-6 (7-1), 5-7, 6-7 (6-8), 7-6 (7-5) e 6-2. Com isso, o argentino está agora em oitavo lugar no ranking ATP.

Até então o caminho de Nadal tinha sido tranquilo, com vitórias sobre Egor Garasimov, Mckenzie McDonald, Stefano Travaglia, Sebastian Korda e Jannic Sinner. Ao longo do torneio, Nadal não perdeu qualquer set.

Quando se fala em terra batida ninguém na história é maior que Rafa Nadal. O triunfo sobre Djokovic foi o 100 na carreira do maiorquino, em Paris. Ele é, inegavelmente, o maior nome da competição. Com este título são já 13 em Roland Garros. Para se ter noção da diferença do espanhol para os outros, Bjorn Borg, com seis vitórias, é o segundo maior vencedor.

Nadal iguala Federer

O triunfo deste domingo coloca Rafa Nadal lado a lado com Roger Federer com 20 Grand Slam. O suíço não perdeu tempo em parabenizar o espanhol, o seu grande rival, lembrando que foi precisamente essa rivalidade que puxou pelos dois e também pelos outros adversários. Agora, os dois compartilham o recorde de Majors. A pergunta que se coloca é quem terminará a carreira com mais triunfos. O favorito é Nadal, porque é mais novo e porque não é expectável que alguém o possa vencer, em condições normais, em Roland Garros. A recuperar de uma lesão, Federer não jogará mais até final da temporada. Aos 39 anos, é difícil acreditar que possa vencer muito mais Majors, embora o suíço sempre pareça surpreender e chegar a decisões. E depois há ainda Djokovic. Aos 33 anos, tem tudo para continuar a emplacar Majors na relva e piso rápido.

Muito dependerá, claro, de como se organizará o ténis pós-pandemia. Em Paris, o sérvio foi competente, apesar de alguns sobressaltos com Tsitsipas, nas meias-finais (6-3, 6-2. 5-7, 4-6 e 6-1) e Carreño Busta, nos quartos de final: 4-6 6-2 6-3 6-4.

Iga Swiatek, o meteoro polaco

Se entre os homens, Nadal continua a fazer história, entre as mulheres há um novo nome na parada. Iga Swiatek tornou-se a primeira polaca a vencer um Major. Aos 19 anos de idade, surgiu em Roland Garros longe dos holofotes, fora do top-50. A verdade, porém, que o seu percurso foi um verdadeiro conto de fadas. Foi eliminando favorita atrás de favorita, incluindo Simona Halep, sem perder qualquer set.

Em 2018, a polaca tinha se sagrado campeã de Roland Garros em juniores. Longe de imaginar que sê-lo-ia nos seniores tão pouco tempo depois. E a verdade é que precisou pouco mais de 1h20 para vencer na final Sofia Kenin, vencedora do Australian Open, por 6-4 e 6-1.

Swiatek ascende agora ao 17 lugar do ranking WTA. Este foi o seu primeiro grande título, apesar de ter vencido outros sete torneios ITF. Antes dela, apenas os duplistas  Wojciech Fibak  (Austrália,1978) e Łukasz Kubot (Austrália, 2014 e Wimbledon, 2017) eram os jogadores polacos com títulos nos quatro principais torneios do mundo.

A jovem polaca também se tornou apenas a ´sétima tenista a ganhar sem ceder qualquer set. Em sete partidas ela cedeu apenas 28 jogos às adversárias, entre elas Markéta Vondroušová (vice-campeã em 2019), a canadiana Eugenie Bouchard (semifinalista em 2014) e a cabeça de série, Simona Halep (campeã em 2018).


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