Arquivo de País de Gales - Fair Play

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Francisco IsaacNovembro 24, 20217min0

C’est le fin da Janela Internacional de Outono, e nada melhor que o cair de alguns recordes negativos, como a França, que finalmente ao fim de vários anos conseguiu uma vitória em casa frente aos All Blacks, enquanto a Inglaterra abateu os Springboks quando o cronómetro já passava os 80 minutos. Toda a análise do que se passou nesta janela de Test Matches analisada neste artigo.

MVP: FREDDIE STEWARD (INGLATERRA)

Para quem se estreou em Test Matches neste ano de 2021, Freddie Steward começa a dar que falar, lembrando que o defesa da Inglaterra ainda só ostenta 20 anos de idade e umas 5 internacionalizações, tendo sido um dos melhores em campo frente aos Springboks, senão o melhor nos vários aspectos do jogo. O nº15 dos Leicester Tigers marcou um ensaio, foi capaz de conquistar 70 metros com oval nas suas mãos, realizando 2 quebras-de-linha (uma delas deixou a 3ª linha adversária estendida no chão), para além de ter batido 6 defesas e concretizado 3 offloads, num encontro que supostamente seria extremamente “fechado” e consagrada a um embate de pura fisicalidade e de elevação da intensidade do choque físico ao seu pico mais alto, algo que o defesa utilizou em seu proveito.

A capacidade de leitura na recepção aos pontapés, a imediata reação ao jogo ao pé da África do Sul que tinham o objectivo de pressionar o três-de-trás e, subsequentemente, a Inglaterra, e as artimanhas desenvolvidas quando tentou e conseguiu criar espaço para sair com a oval controlada, sem ter de recorrer ao pontapé, foram aditivos fundamentais para dar outra capacidade de resposta ao elenco de Eddie Jones, terminando o encontro como um dos principais “bloqueios” tácticos da Rosa à estratégia dos Springboks.

No fim desta janela internacional de Outono, Freddie Steward marcou os pontos suficientes (figurativamente e literalmente) na luta por um lugar no XV inicial da selecção de Sua Majestade, e aos 20 anos parece ser um dos atletas mais promissores desta nova vaga de coqueluches que pretende ganhar força no elenco da Inglaterra.

O MELHOR JOGO: VIVE LA FRANCE

Ambiente inesquecível, arrepiante e emotivo no Estádio de France, que ajudou, sem dúvida alguma, aos Les Bleus a conseguirem registar uma memorável vitória na recepção aos All Blacks, derrubando mais uma barreira emocional e histórica (desde 1973 não ganhavam em Paris frente aos neozelandeses, sendo que a última vitória em solo francês foi em 2000 em Marselha), elevando este elenco de Fabien Galthié a um nível ainda mais resoluto e espectacular, que poderá servir de aviso para os dois próximos anos. Sim, o encontro frente aos campeões do The Rugby Championship 2021 esteve separado por 1 ponto até aos 63 minutos, altura em que tudo virou do avesso – novamente -, advindo, curiosamente, de uma acção ofensiva dos neozelandeses: Jordie Barrett atira um gruber para dentro da área-de-validação da França, que Romain Ntamack capta, tira Richie Mo’unga e mais uns quantos All Blacks da frente, saindo num sprint louco em direcção ao meio-campo adversário, com tudo a terminar num passe soberbo (sem olhar!) que acabou por resultar numa penalidade e o aumentar da vantagem para os franceses.

Esta descrição que aqui fizemos, e que poderão ver no vídeo disponibilizado, foi um perfeito retrato da exibição da selecção da casa, que simplesmente decidiram brindar o público com uma exibição épica e digna de registo, com 530 metros conquistados, 8 quebras-de-linha, 16 defesas batidos, 9 penalidades concedidas, 142 placagens realizadas (falharam 21, menos 12 que os All Blacks, por exemplo) e quatro ensaios, aplicando sempre uma harmoniosa disciplina colectiva, onde o equilíbrio de transição de fases ou ritmos e velocidades de jogo alterava-se sem grandes sobressaltos, para além de terem conseguido quebrar fisicamente a Nova Zelândia naqueles supostos 20 minutos finais, em que estes costumam dominar e recuperar de resultados penosos.

Antoine Dupont e Romain Ntamack foram geniais em todos os processos de jogo – o formação falhou, mais uma vez, só na leitura defensiva e no conseguir reagir rapidamente à imprevisibilidade adversária -, a terceira-linha deu um show na placagem e reação rápida à saída do chão, em particular Gregóry Alldritt, e a execução das fases-estáticas esteve no ponto perfeito, lucrando então esta estrondosa vitória em solo francês.

O DETALHE: ESTARÁ O SUL NAS MÃOS DO NORTE?

Neste último fim-de-semana de rugby internacional de selecções, nenhuma das principais formações do Hemisfério Sul foi capaz de derrubar as suas homologas do norte, levantando alguns festejos e dúvidas exageradas em relação ao facto de estarem ambos os “mundos” no mesmo patamar de qualidade de jogo, ou de resposta. Sim, França está realmente de volta, apetrechada por um excelente contingente de jogadores, faltando-lhes só conquistar um título nas Seis Nações, de modo a que sejam considerados como candidatos principais ao título mundial; Escócia continua na rampa de ascensão a nível mental, podendo realmente ter uma palavra a dizer nas grandes provas, sendo importante perceber se o que se passou em 2019 não acontecerá agora em 2023; Irlanda, que derrotou a Nova Zelândia na semana passada, e neste último fim-de-semana destroçou a Argentina em Dublin, volta a realizar uma janela internacional formidável, lembrando que o mesmo se passou em 2018, seguindo-se uma queda decepcionante em 2019; e a Inglaterra foi capaz de lançar uma nova gama de jogadores, mostrando estes que é possível ganhar mesmo que não tenham a mesma experiência internacional em comparação com as opções mais “antigas”.

Porém, e apesar destes sucessos de 2021, é preciso ter em atenção que Springboks, Wallabies, All Blacks e Pumas vêm de uma época complicada, de várias bolhas sanitárias extremamente prolongadas (bem mais tempo “fechados” do que os seus parceiros das Seis Nações), de mudanças a nível de leis internas, recuperação e, também, perda de principais nomes, chegando a este final de Novembro já para lá do exequível nos termos da capacidade mental e física, notando-se um claro desgaste nestas quatro candidatas.

É importante perceber que existe uma zona cinzenta entre as duas acçepções de “os do Norte já estão no mesmo nível ou até são superiores” ou ” que os do Sul só perderam por cansaço”, e verdadeiramente, o teste de fogo estará guardado para 2023, servindo a janela internacional de jogos em Junho como um “tubo de ensaio” interessante, pois será a altura que as selecções do Hemisfério Norte têm os seus jogadores mais desgastados, em comparação com as do Sul, sendo isto duplamente curioso quando pensarmos qual será a situação dos jogadores sul-africanos, pois estes não param até Maio do próximo ano…

ESTATÍSTICAS DA JORNADA

O jogador com mais pontos: Melvyn Jaminet (França) – 20 pontos
O jogador com mais ensaios: Josh Van der Flier (Irlanda) – 2 ensaios
A equipa com mais pontos: Irlanda – 53 pontos
A equipa com mais ensaios: Irlanda – 6 ensaios

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Francisco IsaacFevereiro 1, 20215min0

As Seis Nações têm sempre “aqueles” jogos imbuídos de um carácter supra decisivo, alguns de forma expectável, como o França-Irlanda da edição anterior, ou de modo surpreendente, caso do Escócia-França também da edição de 2020. Seja para abrir o caminho certo em direcção ao título ou garantir a conquista do troféu, a maior prova de selecções do Hemisfério Norte procura sempre oferecer o maior dramatismo possível aos adeptos e 2021 vai ter essa mesma dose. Escolhemos três jogos que vão ser totalmente fulcrais para o apuramento do campeão das Seis Nações… mas qual é o que reúne maior impacto?

INGLATERRA-FRANÇA

Data: 13 de Março (16h45)
Local:
Twickenham (Inglaterra)
Ronda:
Nível de Emoção: 5 Estrelas

É o jogo mais esperado do Hemisfério Norte em 2021 e por várias razões, começando pelo facto que Inglaterra e França são as selecções favoritas à conquista do título (seja em modo Grand Slam ou não), sem esquecer que são os conjuntos mais compactos tanto ao nível de escolhas para os elencos como de forma física, relembrando ainda que em 2020 protagonizaram dois jogos de um nível excelente e que deixou um desejo que se repetisse rapidamente.

No dia 13 de Março (um mês e vários dias depois da saída deste artigo), em Twickenham, a Rosa de Eddie Jones e os Les Bleus de Fabien Galthié vão voltar a encontrar-se em campo e potencialmente decidir o “rei” da Europa, naquele que é um embate historicamente esperado e até denominado por Le Crunch. Há, contudo, um apontamento que pode mudar o timbre deste duelo em 2021: a campanha quer dos ingleses ou franceses. Não há dúvidas que são os candidatos principais ao troféu de campeão das Seis Nações, mas os tropeções não são “coisa” rara, especialmente frente a uma Irlanda que tem validade (mas que ainda procura o rumo certo) e uma Escócia matreira (conseguirá Finn Russell ser o elo para elevar os escoceses a outro nível?).

IRLANDA-FRANÇA

Data: 14 de Fevereiro (15h00)
Local: Aviva Stadium (Irlanda)
Ronda:
Nível de Emoção: 4 Estrelas

Em 2020 cumpriram-se 10 anos que a França não consegue somar pontos na visita a território irlandês, com 3 derrotas e 1 empate registados desde então, mas será isto um preciosidade sem importância ou um pormenor que deverá causar alguma ansiedade nos adeptos gauleses? Se os comandados de Fabiel Galthié padecessem de um processo mental frágil e não tivessem confiança nas suas capacidades, seria então um ponto de pressão preocupante, só que esta França já deu mostras que está num nível de excelência a nível psicológico, impondo uma certeza total em cada placagem desferida, em cada corrida vibrante e nas suas combinações de fino recorte técnico, permitindo dizer que este Irlanda-França vai ser um encontro titânico e deslumbrante.

Também depende do que realmente pode ou não esta Irlanda fazer dentro de campo, se mostrará atributos minimamente apaixonantes e de alta emoção (tem os jogadores para tal, com um três-de-trás vibrante, comandado pelo espectacular Jordan Larmour) com uma estratégia de jogo dominante, ou se vai apresentar as mesmas falhas que em 2019 e 2020, ficando algo longe dos objectivos traçados para um elenco de extraordinário nível.

INGLATERRA-ESCÓCIA

Data: 6 de Fevereiro (16h45)
Local:
Twickenham (Inglaterra)
Ronda:
Nível de Emoção: 3 Estrelas

Porque não colocar o Inglaterra-Irlanda (última jornada e será jogado em solo inglês) ou o França-Escócia, dois encontros que normalmente têm ajudado a colorir a imagem do potencial campeão das Seis Nações, e optarmos por um Inglaterra-Escócia que normalmente pouco conta? Bem, porque caso a carreira dos homens de Eddie Jones comece com um tropeção frente ao elenco comandado por Gregor Townsend, então todas as agulhas vão apontar na direcção da França como favorita, olhando para a Escócia como um potencial underdog que surge assim graças a um derrube improvável desta temível Inglaterra, que nos últimos 15 jogos frente aos seus “primos” do Norte ganhou por 12 ocasiões, não se vislumbrando este volte-face tão desejado por várias falanges de adeptos da bola oval.

A 1ª jornada pode não ditar logo quem vai ser o campeão, mas tem sido uma ferramenta bastante útil para desvendar quem realmente tem a força necessária para atingir o sonho de chegar ao fim do torneio e sagrar-se campeão das Seis Nações? Como nota, é importante destacar que nunca a Escócia derrotou a Inglaterra quando se encontraram no 1º jogo desde que o modelo das 6 Nações entrou em exercício (a partir do ano de 2000) e que ao derrubar esta preciosidade histórica poderá elevar os seus níveis motivacionais para o que se se seguirá.


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