Arquivo de Manuel Neuer - Fair Play

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Pedro CouñagoJunho 1, 20184min0

A Alemanha surge neste certame como a defensora do título, como a seleção que mais tem a perder se a campanha não lhe correr pelo melhor. Surge, naturalmente, como uma das principais favoritas à conquista do troféu mais desejado do mundo, tal é a qualidade do seu plantel.

Trajeto

Mais uma vez, a Alemanha fez uma caminhada irrepreensível até ao Mundial da Rússia, uma caminhada completa apenas com vitórias e um recorde de golos (43!) naquilo que toca a qualificações europeias. Além disso, sofreu também apenas 4 golos, o que atesta a sua qualidade no processo defensivo.

A Mannschaft é uma verdadeira máquina trituradora. Não é, por defeito, uma equipa extremamente ofensiva, mas é, sim, uma equipa que sabe jogar com as fragilidades dos adversários e, quando tem a oportunidade de desferir o golpe letal, não a desperdiça.

Equipa

O plantel de Joachim Low está recheado de talento, seja em que setor do campo for. O selecionador tem também aqui uma boa oportunidade de conseguir um feito histórico, isto quando chega ao certame depois da sua renovação de contrato até 2021.

Em termos táticos, a equipa tanto pode jogar num 3-5-2 como num 4-5-1, tendo a capacidade de se reinventar consoante as necessidades do jogo e a estratégia adversária. Será, ainda assim, mais previsível que a equipa jogue no 4-5-1, com os laterais titulares a serem bastante claros (Hector e Kimmich), sendo que este será, presumivelmente, o ponto mais fraco da equipa, e os centrais a estarem de pedra e cal no onze (Hummels e Boateng). Na baliza, permanece a dúvida entre a eterna lenda Manuel Neuer e um guarda redes que tem estado em destaque e a subir o seu nível ao longo dos últimos tempos, Marc Andre Ter-Stegen.

O capitão da Alemanha está de volta, veremos se ao onze inicial (Foto: Osun Defender)

No meio campo, a profundidade que jogadores como Gundogan, Emre Can, Toni Kroos, Sami Khedira e Goretzka garantem faz com que as equipas adversárias não possam propriamente esperar com certezas com o que contam além de uma extrema qualidade com bola. Nas alas, Leroy Sané e Julian Draxler são os principais candidatos à titularidade, com Thomas Muller a poder ser também opção e, finalmente, Marco Reus a poder ter a oportunidade de brilhar na competição mais importante.

Todas estas opções dão enormes, mas excelentes, dores de cabeça, que permitem a Low mexer nas dinâmicas de jogo quando assim precisarem. A Alemanha tem tudo, verdadeiramente, para deixar os seus adversários sem soluções de resposta.

Na frente de ataque, Timo Werner é, cada vez mais, uma certeza para a próxima década da Mannschaft, estando ainda Mario Gómez pronto para qualquer eventualidade, ele que é um jogador que tem muita tarimba para estas ocasiões.

O onze provável

O onze da Alemanha é capaz de ser dos mais complicados de prever com toda a certeza. No entanto, tendo em conta aquele que tem sido o percurso da seleção e o histórico que grande parte dos jogadores tem na equipa, o seguinte onze parece ser o mais seguro de apostar:

Ter-Stegen; Joshua Kimmich, Jerome Boateng, Mats Hummels, Jonas Hector; Sami Khedira, Toni Kroos; Thomas Muller, Mesut Ozil, Leroy Sané; Timo Werner.

Este onze, no entanto, não é, de todo, uma garantia, com um ou dois lugares a serem os mais disputados, como o de guarda-redes, entre Neuer e Ter-Stegen, e de médio centro, entre Sami Khedira, Gundogan e Leon Goretzka, dependendo da estratégia a utilizar.

O onze provável da Alemanha (Foto: Build Lineup)

 

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Já passaram dez anos desde que Kaká arrecadou o prémio de Melhor Jogador do Mundo, em virtude da sua temporada de sonho ao serviço do AC Milan, pontuada pela conquista da Liga dos Campeões. O craque brasileiro foi o último a vencer o troféu, antes de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo o terem monopolizado, ainda não sabemos até quando.

A discussão sobre quem é o melhor do mundo recentrou-se assim em duas figuras com poderes futebolísticos sobre-humanos, afastando dos holofotes mediáticos outros jogadores talentosíssimos. Segue-se uma listagem em jeito de reconhecimento a todos aqueles que estiveram próximos de derrubar a barreira imposta por Messi e Ronaldo na última década, mas que se ficaram pela prata e pelo bronze. Isto sem esquecer o futuro, e por isso tentamos também perceber qual será o futebolista responsável por interromper este ciclo impressionante.

FERNANDO TORRES (Liverpool / Espanha)

(Bola de Bronze em 2008)

Começou a guarda-redes, na tentativa de seguir as pisadas do irmão mais velho, mas mudou o seu propósito dentro do campo a tempo de se sagrar um avançado temível. Capitão do Atlético de Madrid ainda aos 19 anos, Torres evidenciou desde muito cedo os seus dotes de goleador nos relvados do campeonato espanhol. Transferiu-se para o Liverpool, onde confirmou o estatuto logo na época de estreia. 33 golos em 46 jogos, a temporada mais prolífera da sua carreira. Nesse mesmo ano seguiu com o Liverpool de Rafa Benítez até às meias-finais da Liga dos Campeões, e sagrou-se campeão europeu pela selecção espanhola, num torneio em que marcou o golo decisivo na final, frente à Alemanha. Por menos consensual que seja nos dias de hoje, ninguém poderá contestar o brilho incandescente de Fernando Torres em 2008.

XAVI (Barcelona / Espanha)

(Bola de Bronze em 2009, 2010 e 2011)

Com quatro letras apenas se escreve o nome de um dos melhores centrocampistas da história do futebol. Xavi é perito em alargar a dimensão do metro quadrado, ao encontrar espaços aparentemente inexistentes. Conseguiu assimilar como poucos a filosofia do tiki-taka no Barcelona, tendo transformado uma partida de futebol num grandioso jogo da rabia. Apesar de nunca ter recebido o troféu de melhor do mundo, Xavi surgiu como finalista em três anos consecutivos, em resultado dos anos gloriosos experienciados tanto em Barcelona, como na selecção espanhola. Entre 2009 e 2011, Xavi foi tricampeão espanhol, conquistou duas vezes a Liga dos Campeões, venceu o Campeonato do Mundo de Clubes, e sagrou-se campeão do mundo pela selecção espanhola, só para enumerar alguns dos títulos averbados.

ANDRÉS INIESTA (Barcelona / Espanha)

(Bola de Prata em 2010 e Bola de Bronze em 2012)

Porventura o jogador que esteve mais perto de quebrar a hegemonia vigente, em 2010, aproveitando as temporadas colectivamente menos vitoriosas do que o habitual de Messi e Ronaldo. Parceiro inseparável de Xavi durante longos anos no meio-campo catalão, onde formaram ambos uma combinação incrivelmente complementar e agradável à vista, Iniesta figura igualmente como um dos grandes médios criativos de todos os tempos. Atinge este estatuto com o mérito adicional de conseguir ocupar diversos papéis na zona intermédia do terreno, sempre de forma exemplar. Perto da ala, mais recuado, ou junto ao avançado, Iniesta nunca perde valor, porque a bola é sempre a mesma, e ele sabe cuidar dela como ninguém, qualquer que seja o seu ponto de partida no desenho táctico. Ofuscado em parte pelo génio de Messi no Barcelona, teve direito ao seu merecido púlpito durante a campanha impressionante protagonizada pela selecção espanhola entre 2008 e 2012. Apontou o único golo da final do Campeonato do Mundo de 2010, diante da Holanda, e foi eleito melhor jogador do Europeu de 2012.

FRANCK RIBÉRY (Bayern Munique / França)

(Bola de Bronze em 2013)

O futebol francês necessitava de uma grande referência para Zinedine Zidane poder entregar o testemunho, e encontrou-a em Franck Ribéry, salvo as devidas distâncias e estilos. Deu-se a conhecer ao grande público no Campeonato do Mundo de 2006, quando ainda actuava em Marselha. Entretanto, o Bayern Munique acenou com uma proposta, e nunca mais Ribéry deixou a Baviera. É na extrema-esquerda que se sente mais confortável, zona do terreno onde usa e abusa da sua velocidade galopante e da sua capacidade de fintar adversários como poucos. Desequilíbrios, desequilíbrios, desequilíbrios. Há dez anos que os faz continuamente em Munique, sem que os adversários consigam inventar um antídoto. Apesar dos problemas físicos, nunca cai no esquecimento, e retorna sempre na máxima força. Foi Bola de Bronze em 2013, no ano em que fez parte do conjunto que venceu tudo na Alemanha e conquistou a Liga dos Campeões.

MANUEL NEUER (Bayern Munique / Alemanha)

(Bola de Bronze em 2014)

O único guarda-redes a ocupar o pódio na corrida pela Bola de Ouro na última década. Curiosamente, notabilizou-se pelo seu “jogo de pés”, e sentido posicional digno de líberos em extinção, para além da sua qualidade entre os postes, está claro. Já tinha revelado a sua característica de ‘jogador de campo’ no Schalke 04, mas foi em Munique, com Pep Guardiola, que essa funcionalidade extra ganhou uma importância redobrada, face ao estilo de jogo de posse sufocante imprimido pelo técnico espanhol. Os títulos sucederam-se no Bayern, numa altura em que a selecção alemã também dominava. O Campeonato do Mundo de 2014 foi exemplo disso mesmo, com a Alemanha a erguer a taça, e Neuer a ser eleito melhor guarda-redes do torneio.

NEYMAR (Barcelona / Brasil)

(Bola de Bronze em 2015)

Para muitos, o herdeiro natural da dupla Messi-Ronaldo, no que à Bola de Ouro diz respeito. A verdade é que Neymar está na sua melhor forma de sempre, e caso a sua evolução exponencial se mantenha com o passar dos anos, o futebol brasileiro pode muito bem voltar a ter um jogador no topo do mundo. Começou bem cedo a dar nas vistas no Santos, emblema pelo qual venceu a Copa Libertadores, e onde marcou o melhor golo de 2011 frente ao Flamengo. A sua forma de jogar explosiva e imprevisível, aliada à competência evidenciada em qualquer zona avançada do terreno, condiciona todo o tipo de marcação defensiva dos oponentes. Só existem três jogadores com mais golos do que Neymar na selecção brasileira (Romário, Ronaldo e Pelé), e será uma questão de tempo até serem suplantados. As próximas épocas vão revelar-se decisivas para percebermos se Neymar terá estofo para ascender ao Monte Olimpo.

ANTOINE GRIEZMANN (Atlético Madrid / França)

(Bola de Bronze em 2016)

No mesmo ano, Griezmann saiu derrotado das duas finais mais importantes do futebol europeu. Ainda assim, o seu talento não passou despercebido. Brilhou inicialmente no Real Sociedad, mudando-se pouco depois para o Atlético Madrid, onde a sua média de golos aumentou drasticamente. Estamos a falar de 82 golos em três épocas, incluindo todas as competições. Números que definem um avançado completíssimo, cuja frieza na altura da finalização não é a sua única característica. Griezmann sabe trabalhar com a equipa, e reconhece o poder de uma boa combinação ofensiva. Eleito melhor jogador do Campeonato da Europa de 2016, foi também o artilheiro do torneio ao serviço da selecção francesa.

E AGORA…QUEM SE SEGUE?

Cristiano Ronaldo já celebrou os 32 anos, ao passo que Lionel Messi está a poucas semanas de chegar aos 30. Este ciclo bipartido impressionante que vigora há uma década terá, eventualmente, de chegar ao seu final. Por isso, coloca-se a seguinte questão: quem estará em condições de assumir a insígnia de melhor do mundo, quando chegar a altura?

Já mencionámos a hipótese Neymar, uma das possibilidades mais fortes, dado o crescimento do brasileiro no Barcelona, mas existem outros nomes a considerar num futuro próximo. Paul Pogba é um deles, e não por ser a transferência mais cara da história do futebol. O seu regresso à Premier League está a correr bem (a nível individual), e sob a orientação de José Mourinho, pode muito bem surgir brevemente como candidato a integrar o Top-3 de melhores do mundo. Finalmente, torna-se inevitável falarmos de Paulo Dybala, craque argentino da Juventus. Aliás, ao olharmos para a actual campanha do clube italiano na Liga dos Campeões, Dybala deverá imiscuir-se no pódio já este ano. Fiquem para ver o que o futuro nos reserva.

O presente artigo foi realizado no âmbito da parceria que o Fair Play estabeleceu com o Sapo24, e a sua publicação original pode ser consultada aqui.


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