Arquivo de Bayer Leverkusen - Fair Play

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Pedro CouñagoAgosto 12, 20197min0

No próximo fim de semana teremos o início da Bundesliga 19/20. No passado fim de semana tivemos já uma pequena previsão daquilo que as equipas poderão oferecer nesta temporada, devido à eliminatória da Taça da Alemanha.

Um dos campeonatos mais competitivos no mundo do futebol, algumas curiosidades surgem desde já para este início de temporada.

Borussia a todo o gás depois da vitória na Supertaça, conseguirá levar o ímpeto para um início à altura?

O Borussia de Dortmund é, de longe, a equipa que pode representar uma oposição feroz ao Bayern de Munique, que perdeu alguns jogadores e não contratou os suficientes para fazer face às necessidades, pelo menos por enquanto. Há uma semana, tivemos uma vitória do Borussia sobre o Bayern, que denotou o maior talento individual e capacidade de desiquilíbrio que os jogadores que vestem de amarelo e preto apresentam, com Jadon Sancho e Marco Reus à cabeça. Assim, o Borussia surge em boa posição para este início de campeonato.

Na transata temporada, a equipa do Westfalenstadion esteve perto de conseguir roubar o ceptro ao Bayern mas uma derrota por 5-0 frente ao rival deitou tudo a perder. É esperar que exista mais consistência e maior capacidade de responder adequadamente sob pressão. O primeiro jogo reserva um duelo com o Augsburgo, equipa que está com o orgulho ferido depois de uma derrota surpreendente para a primeira eliminatória da Taça da Alemanha frente ao SC Verl, da quarta divisão germânica. Em teoria, é um início à medida dos comandados de Lucien Favre.

Kai Havertz, um craque que permanece em Leverkusen e que é candidato a melhor jogador desta temporada

As comparações com João Félix têm sido bastante recorrentes, não só pelo talento como pelo seu valor de mercado, sendo os dois jovens alguns dos candidatos à sucessão dos extraterrestres no que toca à Bola de Ouro para os próximos largos anos. Havertz é um jogador que, pura e simplesmente, sabe fazer tudo em campo. A sua permanência em Leverkusen é, por si só, uma grande vitória para os comandados de Peter Bosz, visto que a saída para o Bayern de Munique esteve iminente (e que reforço ele seria para o Bayern).

Incrível potencial, incrível talento, incrível futuro lhe espera: a sentença dada a Kai Havertz (Foto: GiveMeSport)

A temporada passada foi uma de afirmação para o jovem germânico, a próxima pode ser uma de imposição da sua lei, uma em que ele se afirma de pedra e cal como o líder da equipa, uma que pretende voltar aos grandes palcos da Champions League. A pré-época não foi brilhante para os farmacêuticos, mas a primeira eliminatória da Taça da Alemanha deixou melhores indicações de um clube que terá Havertz a comandar todo o seu jogo ofensivo e que, a continuar a sua forma da passada temporada e com mais experiência, poderá ser um caso sério nas individualidades em destaque aquando do final da temporada.

Até onde pode ir o Leipzig de Nagelsmann?

Finalmente Julian Nagelsmann chegou a um dos projetos mais ambiciosos da Bundesliga. Não é um dos clubes mais amados na Alemanha, seja pelo dinheiro injetado pela Red Bull ou por não ter a mesma história de outros, mas a verdade é que se tem vindo a afirmar no topo do pelotão a seguir a Bayern e Borussia de Dortmund e será interessante acompanhar até que ponto poderá almejar a algo mais.

Já era conhecido há um ano que Nagelsmann seria treinador do Leipzig, com o treinador a garantir entretanto mais um campeonato seguro ao Hoffenheim, ainda que não tão positivo como em 17/18. Já o clube que Nagelsmann treina conseguiu um terceiro lugar que garante a fase de grupos da Champions.

Nagelsmann surgiu de rompante no panorama da alta roda do futebol alemão, há a curiosidade para perceber a sua capacidade num projeto mais ambicioso (Foto: Sportbuzzer)

Com as adições de Christopher Nkunku e Hannes Wolf para o meio campo ofensivo e a contratação em definitivo de Ademola Lookman para as alas, esta que suprime a transferência de Bruma para o PSV Eindhoven, as mexidas no plantel foram bastante residuais e com as ideias inovadoras do jovem treinador, as expectativas são bastante altas para a temporada 19/20. Timo Werner permaneceu por Leipzig, algo que parecia impensável, e liderará o ataque da equipa. Será, mais uma vez, interessante acompanhar até que ponto o Leipzig poderá incomodar os da frente, e as primeiras jornadas poderão ser uma boa oportunidade de a equipa se destacar desde logo, visto o profundo conhecimento que existe entre os jogadores da equipa, “apenas” se adiciona uma nova mentalidade, uma que gosta de ter a bola e de jogar de forma rendilhada.

Pela primeira vez, a rivalidade amistosa entre Hertha e Union Berlin trava-se na Bundesliga

O Hertha Berliner Sport-Club é já um habitué nestas andanças, ainda que esteja hoje longe de ter a mesma categoria que já teve no passado. As diferenças entre este clube e o 1. FC Union Berlin são evidentes em quase todos os aspetos.

O Hertha é um clube com estatuto de Bundesliga, enquanto o Union faz esta temporada a sua estreia na principal liga alemã. O Hertha joga no estádio olímpico alemão, um dos maiores do país e o mais imponente, enquanto o Union Berlin jogará num dos estádios com menor lotação do campeonato, que se destaca por receber os mais variados eventos, principalmente um na altura natalícia que junta os mais fiéis adeptos do seu clube. O Hertha foi fundado em 1892, enquanto o Union foi fundado em 1966.

As diferenças são imensas, e por isso mesmo é que será bastante interessante acompanhar o progresso de ambas as equipas nesta temporada na Bundesliga, até porque os dois clubes têm uma relação amistosa, quando tal não é muito comum entre equipas da mesma cidade. Será a primeira vez que uma equipa do lado oriental de Berlim (antiga Berlim Oriental, antes da queda do Muro) disputará a Bundesliga, visto que o Hertha sempre disputou competições do lado ocidental alemão, fazendo parte da antiga Berlim Ocidental. As diferenças expandem-se a quase toda a linha.

As ambições serão, portanto, distintas. O Hertha quererá fazer um campeonato tranquilo, lutando pela primeira metade da tabela da Bundesliga. Já o Union lutará com aquilo que tiver e não tiver para conseguir uma manutenção que seria um enorme motivo de orgulho para os seus apaixonados adeptos que, depois de muitas lutas sociais e depois de apoiarem um clube à beira da falência no passado, finalmente poderão vê-lo a jogar entre os grandes.

É a reedição de um duelo de dois clubes da capital com armas diferentes mas uma paixão inabalável pelo desporto rei (Foto: Tag24)

Existem outras questões que mereceriam análise, como o facto de o Bayern começar esta Bundesliga de forma algo imprevisível ou a curiosidade para perceber de que forma reagirá o Schalke 04 depois de uma temporada desastrosa, que o Fair Play previu atempadamente. No entanto, estes são os destaques que deixamos e esperemos que acompanhem e desfrutem de uma temporada emocionante do espetacular futebol germânico, como nós desfrutaremos!

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Pedro CouñagoMarço 19, 20195min0

Leon Bailey tem apenas 21 anos, é ainda um jovem jogador, mas que já mostrou muito daquilo que é capaz. No entanto, a época 2018/2019 não tem sido uma à altura daquilo que se esperava do prodigioso jamaicano. Há um ano atrás, falava-se de uma possível ida do jogador para um Bayern Munique ou para um Chelsea por valores estratosféricos, mas tal não parece ser possível de acontecer no próximo verão, porque esta época simplesmente não está a ser uma que o justifique.

Muito rápido, com golo, um pé esquerdo repleto de técnica e um drible bastante apurado, Bailey é daqueles jogadores que parece predestinado a ter um lugar num grande clube mais cedo ou mais tarde, até pelo que demonstrou já em temporadas passadas, mas 2018/2019 tem sido uma viagem atribulada.

Leon Bailey ganhou destaque no futebol belga, ao serviço do Genk, rapidamente captando a atenção de outros quadrantes (Foto: Sportsnet)

Até à saída de Heiko Herrlich, a temporada estava a ser sofrível

O extremo, na primeira metade da temporada, esteve muitos furos abaixo daquilo que seria exigível, sendo públicas algumas divergências do jogador com o técnico, o seu tempo de jogo algo limitado, sendo muitas vezes apenas suplente utilizado.

Tal também certamente deriva da fraca campanha que a equipa fez na primeira metade da temporada, em que a equipa ocupava apenas o nono lugar da classificação, com 24 pontos e sete vitórias em dezassete jogos.

Em termos estatísticos, Bailey tinha apenas participação em três golos da equipa (um golo e duas assistências), números sofríveis para aquilo que o jamaicano é capaz de demonstrar. Mais do que isso, Bailey parecia um jogador descontente a jogar futebol, parecia que tinha perdido a alegria a jogar o desporto rei, algo bastante preocupante para um jovem de apenas 21 anos com o mundo pela frente.

Com Peter Bosz, a situação mudou, tanto para o Leverkusen como para Bailey

Com a chegada de Peter Bosz, técnico que esteve em Dortmund na passada temporada mas onde falhou redondamente, a situação melhorou significativamente tanto para o clube como para Bailey. A equipa apresenta um futebol mais condizente com aquele que os seus adeptos pretendem (futebol de ataque, com muitos golos), e Bailey está a beneficiar de uma segunda metade da temporada mais condizente com o seu valor. Dezoito pontos em vinte e sete colocam a equipa na luta pelos lugares europeus, da qual o clube nunca deve estar fora.

Em nove jogos, o jamaicano já faturou em quatro ocasiões, estando também, de forma consistente, a começar a regressar à sua melhor forma, e quando o jamaicano está nesse ponto, fica no “ponto de rebuçado”. Jogador conhecido por grandes golos e por ser aterrorizador no “um contra um”, nada menos de uma carreira ao mais alto nível se espera de Bailey.

Leon Bailey, aqui sem o seu cabelo característico, e Peter Bosz num cumprimento que é sinal da sintonia entre técnico e prodígio, importante para as pretensões do clube (Foto: GettyImages)

Por aqui se pode esperar que Leon queira acabar em grande esta temporada, para fazer definitivamente os seus críticos esquecer aquela que foi uma primeira parte da temporada bastante penosa. A dinâmica do 4-3-3 é uma que o beneficia, na medida em que tem quem o cubra um pouco na questão defensiva do jogo, pode fazer combinações com os médios em aproximação à área e, principalmente com Kevin Volland, pode ganhar muitas vezes as costas dos adversários em tabelinhas.

Plantel competitivo leva a que Bailey tenha de elevar o nível, isto se quiser também mostrar-se ao mundo

O plantel do Bayer é rico em soluções de qualidade, principalmente a nível ofensivo, mas não em número, o que impacta a equipa quando existem lesões ou suspensões. No eixo ofensivo, figuram jogadores como Kevin Volland e Lucas Alario, atrás de si figura a pérola Kai Havertz e, para as alas, temos jogadores como Bellarabi, Julian Brandt (que até tem jogado a médio centro) e o designado Bailey.

Na teoria, a equipa mais forte do Leverkusen tem condições para lutar pela presença na Liga dos Campeões, mas não tem sido propriamente fácil face a campanhas nas quais a equipa não passa da Liga Europa. Com equipas como o Leipzig e o Borussia Mönchengladbach mais consistentes, o desafio é grande. Com um Bailey ao seu nível, fica mais fácil ao Leverkusen subir um pouco a sua produção.

Será interessante acompanhar os desenvolvimentos dos próximos meses, para perceber até que ponto o Leverkusen concretiza os seus objetivos e em que medida segura todas as suas pérolas para a próxima temporada, algo bastante difícil mediante o poderio financeiro proveniente de outros destinos. No caso de Bailey, tendo em conta esta temporada que vai do 8 ao 80, seria importante ficar em Leverkusen para poder assumir-se definitivamente como um grande jogador e não como uma definitiva promessa que nunca vai conseguir dar o salto que dele se espera.

Uma coisa é certa, Leon Bailey pode ter um grande futuro se assim o quiser. Talvez o maior crescimento que tenha mesmo de fazer seja a nível mental, porque nos grandes clubes só jogam os melhores tanto a nível qualitativo como a nível humano, de concentração.


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