As Crónicas do Sr. Ribeiro: Carta aberta aos Homens do rugby fora de Lisboa

Fair PlayMarço 6, 20184min26

As Crónicas do Sr. Ribeiro: Carta aberta aos Homens do rugby fora de Lisboa

Fair PlayMarço 6, 20184min26
O Rugby português não se restringe a Lisboa e o Sr. Ribeiro dá a sua opinião do que fazer, como ajudar e o porquê da utilidade da comunidade se unir

Caros amigos,

Obrigado!

O nosso rugby é como uma família. Mas não é aquela família feliz das séries e dos filmes, é uma família em partilhas, e todos querem o mesmo bibelot. Ou seja, está tudo às turras. É o salve-se quem puder.

No meio disto, há uma malta que se lixa. A família de fora. Aqueles que não estão na capital. Vocês…

Muitas vezes, ou quase sempre, vocês são vistos como aquele tio com mau feitio, mas muito rico, de quem ninguém gosta mas a quem toda a gente pede alguma coisa.

E é por este motivo que vos agradeço. O que para nós é castiço, para vós é modo de vida. As marcações do campo em dia de jogo, a montagem e desmontagem de postes as viagens intermináveis de camioneta.

Quem achar que as condições são iguais entre os clubes de Lisboa e os outros, não faz ideia do que se passa. Sei que não querem, nem precisam, de abébias no campo. Mas creio que é fundamental em Lisboa mudar o modo como se olha para os clubes de fora e o modo como os tratamos.

Ter mais cuidado com a marcação dos jogos, com as nomeações de árbitros, com os balneários disponíveis, com a existência de uma terceira parte digna de quem recebe a família que vem de longe, ou mesmo um simples “correu bem a viagem?”. É que não é uma viagem por ano, é um a viagem de 15 em 15 dias.

Por exemplo, o CDUP faz, pelo menos, 1200 quilómetros de autocarro por mês, o que dá o mesmo que qualquer clube da capital por ano. Imaginem o CRAV…

São clubes que sabem que estão a formar os melhores jogadores para os entregar quando tiverem idade para ir para a universidade. Mas ainda assim formam-nos e deixam-nos ir. E nós, por cá, ficamos com esses jogadores e ainda nos queixamos da dificuldade de recrutar entre as mais de 20 escolas secundárias e outros tantos colégios…

E por falar em deixar ir, em Lisboa queixamo-nos que os melhores dos clubes perdem um treino por semana, em época de selecção. Mas os clubes de fora têm de os mandar por um dia, para conseguirem chegar ao treino. E mesmo assim não deixam de os mandar.

Aliás, acontece o contrário. Chegam a não ser convocados porque “não têm maneira de ir aos treinos”. Depois ainda há os bravos, bravíssimos, resistentes. Quais expatriados, não querem abandonar os clubes a que pertencem ainda que vivam na capital, onde estudam ou trabalham. E juntam-se para treinar.

Mas onde?

O orçamento dos clubes esgota-se, quase integralmente, nas viagens. Não é realista acreditar que se pode pagar um campo para 8 ou 9 manterem-se a treinar. Depois, os protocolos com os clubes de Lisboa são sempre bons quando permitem que o lisboeta fique com um par de jogadores, mas quando implica deixar que outros, ainda que de uma divisão inferior, ganhem métodos e rotinas de treino, aí é impossível porque só atrapalham.

Gabo-vos a coragem, mas gabo-vos, sobretudo, a paciência. Mais do que para resolver as situações, porque como Homens do rugby resolvem-nas com gosto, a paciência para passarem por tudo isto sem ser com a perspectiva de melhorar. Passam por isto tudo, e não se queixam nem choram, mas vão à guerra, uma e outra vez.

Devíamos acordar e perceber que são os clubes de Lisboa que precisam dos clubes de fora. O rugby é um só. Não devia existir um “nós” e um “eles”…

Uma curiosidade histórica, o único ensaio que marcámos à Nova Zelândia foi por um jogador de Coimbra, e aí ele era de Portugal. Aliás, com o pontapé de ressalto de um jogador do Porto, 8 dos 13 pontos conseguidos contra a melhor equipa do mundo, foram marcados por jogadores de fora de Lisboa.

Por fim, agradeço-vos por fazerem convívios para os miúdos mesmo sabendo que vai aparecer apenas uma equipa de Lisboa, porque é longe. Mas quando os convívios são cá, ninguém faz uma festa incrível quando vocês aparecem, convívio após convívio nos campos da capital. O meu filho de 9 anos já jogou 4 vezes em Espanha mas nenhuma no Porto…

Foto: CRAV

26 comments

  • Miguel Pereira

    Julho 4, 2018 at 4:03 pm

    O artigo está bem escrito e a frustração de um clube como CRAV e QDUP ainda é maior para clubes mais pequenos com muito menos recursos como o Braga Rugby, GRUFC, o Sport, o Cercar-te, a Trofa, Viseu entre outros. Pois tem de fazer as mesmas viagens e mesmas viagens mesmo quando o clube já não as pode pagar.
    Agora a História dos coitadinhos também nunca nos levou a lado nenhum é preciso é encontrar soluções!
    Talvez para o norte seja mais vantajoso jogar com a Galiza que com Lisboa para atingir um numero de jogos que crie massa critica de competição e as horas mínimas para o desenvolvimento do rugby de formação e competição.

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  • Nuno Vilela

    Março 9, 2018 at 9:48 pm

    O tal jogador, que era de Coimbra e que marcou, o ensaio à Nova Zelândia, era na realidade, um jogador formado, num clube, muito mais a Norte, um clube, que fazia as tais viagens, de 15 em 15 dias, para a Capital. A orografia, nessa zona,é complicada e as noites são frias, esse clube relegou o CDUL à 2ª divisão. Afinal não há só soberba e falta de conhecimento, sobre o rugby nacional na Capital……

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  • Luis Luz

    Março 8, 2018 at 12:34 am

    Relevante seria o Sr. Pedro brindar-nos com o seu silêncio. A família do rugby parece, para si, ter parentes irrelevantes. Assim não ajuda a unir.

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    • Pedro Pinto Fernandes

      Março 8, 2018 at 8:26 am

      Relevante seria o Sr. Luis não particularizar as coisas. Se não sabe ler ou interpretar é um problema seu agora dizer aos outros para não emitirem opiniões é que é deveras salutar para a discussão.

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  • Mercedes Ferreira

    Março 7, 2018 at 6:04 pm

    Obrigada Manuel Pinto mas penso que neste momento o meu filho está integrado e gosta de jogar no CRE! Infelizmente tem que se deslocar a Évora mas em Lisboa também tem treinos…

    Aproveito para referir que para além de fazerem centenas de Kilometros para praticarem o desporto que escolheram e adoram os atletas do CDUP nunca jogam em “casa” pois nem campo próprio têm! Resumindo são uns “homeless” que jogam por amor à camisola…

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  • António Vidigal

    Março 7, 2018 at 2:51 pm

    Existe uma arrogância inata, uma petulância e uma prepotência nos clubes de Lisboa. Julgam-se os melhores porque são de Lisboa ou porque têm histórico. Quanto muito o histórico confere-lhes tradição, não o direito de agirem tipo rolo compressor, em que espezinham e menorizam os clubes ditos “novos”, sobretudo se não forem de Lisboa. A exigência que apresentam nas instâncias internacionais, de Portugal poder jogar junto dos “grandes”, choca claramente com o comportamento e a atitude dentro de portas, quando, p.ex., se procura ajustar os modelos competitivos para impedir que os pequenos joguem com os grandes. Sobretudo, para evitar as referidas deslocações. Os clubes de Lisboa não gostam de sair da sua zona de conforto. Têm o mérito de ter dado a conhecer esta bela modalidade e há que louvar quem há 40, 50, 60 anos lutava por esta modalidade. Mas os actuais dirigentes revelam uma absurda ignorância e desconhecimento do que é a actual realidade do rugby português, desconhecendo por completo o violento e brutal esforço que é a sobrevivência dos pequenos clubes espalhados pelo País. Desconhecimento esse que se revela na total falta de respeito pelos pequenos clubes, quando se tentam impor unilateralmente modelos que só a Lisboa interessam. Lamentavelmente com a conivência, conluio e cobertura da actual e muito incompetente direcção federativa. Prova disso é, p.ex., a decisão de só atribuir troféus aos vencedores das principais competições nacionais. Divisão Honra, Taça Portugal e Supertaça. E os restantes escalões e competições????

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  • Pedro Pinto Fernandes

    Março 7, 2018 at 2:05 pm

    Pronto, lá vou eu ser o desmancha prazeres e o politicamente incorrecto, em Coimbra há apenas um clube de Rugby, no Porto há mais mas para as estatísticas apenas o CDUP faz a diferença, Coimbra terá à volta de 150.000 pessoas e o Porto cerca de 250,000 salvo o erro. São os únicos clubes, o que se passa com a captação ? Tudo o que está escrito no texto é verdade mas desde há largos anos que a captação de atletas no Porto e em Coimbra é inexistente remetendo-se apenas a filhos de ex jogadores ou familiares e alguns amigos. Quanto maiores forem os clubes, quanto mais atletas tiverem mais recursos poderão obter, e estou a falar de recursos financeiros. Os clubes de Lisboa também fazem viagens, não tantas é certo mas fazem-nas. Quanto à parte da curiosidade histórica é a unica parte que não faz sentido nem deveria ser mencionado pois numa equipa de Rugby não há 15 jogadores há um só dividido em quinze partes.

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    • Flávio Imperial

      Março 7, 2018 at 2:09 pm

      Ainda bem que, para elucidar o que em Lisboa se conhece do rugby do resto do país, logo a seguir a eu falar da Agrária (Coimbra) aparece alguém a dizer que “em Coimbra há apenas um clube de Rugby”…

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      • Pedro Pinto Fernandes

        Março 7, 2018 at 2:11 pm

        Foi para evitar dizer que há apenas um clube relevante

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        • Flávio Imperial

          Março 7, 2018 at 2:23 pm

          Convido-o a ir ver o palmarés feminino da Agrária (a menos que não seja considerado rugby…) e o número de praticantes da Agrária (o que consegue, seguramente, na página da FPR), sobretudo na formação. E, já agora, “relevante” é que todos pratiquem a modalidade, até para o bem da mesma.

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        • Nuno Otão

          Março 7, 2018 at 11:36 pm

          É isso o Sr. Representa bem o pensamento reinante em Lisboa, para vocês só existem os clubes de primeira, o resto não conta. Não sou de Coimbra mas considero a Agrária um clube tão relevante quanto a Académica.

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          • Pedro Pinto Fernandes

            Março 8, 2018 at 8:28 am

            Nuno, sem querer menosprezar nenhum clube, falei na académica porque é o unico clube de Coimbra que tem capacidade para lutar por titulos em qualquer escalão, estou certo ou errado ?

    • Manuel Pinto

      Março 7, 2018 at 2:39 pm

      Aqui está um exemplo claro de quem não sabe do que se está a falar, de quem não sabe que é fazer parte de um clube que não está na capital ou do quanto custa manter esses mesmos clubes. Deste modo, esta discussão nunca será salutar, será até uma discussão inócua. Exmo. Sr. Pedro Pinto Fernandes, assim não vale a pena. Quando quiser saber como é que as coisas funcionam diga-me que eu mostro-lhe, depois então fará todo o sentido emitir a sua opinião, que nessa altura já será fundamentada.
      Por exemplo, no RCM, há quem seja da opinião que estamos quase a chegar ao limite. Que um dia destes o melhor é arrumarmos com isto e pronto!
      Valerá todo o esforço? Todo o trabalho? Todas chatices? E todo o dinheiro investido (que, na esmagadora maioria das vezes, vem dos bolsos dos dirigentes)? Pessoas com vidas orientadas e carreiras promissoras que se colocam em risco por causa do rugby? Valerá a pena?
      Se calhar não vale a pena.

      #SouMontemor #RCM

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      • Pedro Pinto Fernandes

        Março 8, 2018 at 8:40 am

        Manuel, não tire conclusões precipitadas nem particularize, você não sabe se eu sei ou não do que estou a falar, se não soubesse não diria nada, remetia-me ao silêncio e a ter muita pena de vocês. Ora no meu entender vocês não precisam da pena de ninguém, precisam é de mudar algumas coisas, precisam pensar não o modelo das competições mas o vosso próprio modelo. Valerá todo o esforço ? Vale
        Todo o trabalho ? Vale
        Todas as chatices ? Vale
        E todo o dinheiro investido ? Como é que acha que sobrevivem os clubes de Lisboa, os ditos grandes ? Se calhar quem está fora da realidade são vocês. Os clubes de Lisboa, arrisco-me a dizer todos eles, também vivem com os orçamentos a estourar, com dinheiro gasto do bolso de um qualquer dirigente ou pai mais abonado. esta é que é a realidade, o Rugby não tem visibilidade em Portugal e por isso é muito difícil arranjar patrocinadores, é assim e infelizmente parece-me que continuará a ser, mas vale a pena ? Vale, o Rugby sempre viveu e sempre viverá dos chamados carolas mas quem ama o Rugby nem deveria colocar esse tipo de questões.
        Agora pensem vocês todos que me estão a atacar (já estava a espera) quantos votaram no novo elenco directivo da FPR, um projecto arrivista, arranjado à pressa e fundado em premissas falsas ou de dificil concretização. É o que se está a ver.

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        • Manuel Pinto

          Março 10, 2018 at 8:27 pm

          Pena? Mas quem falou em pena? Não falei em pena nenhuma. Também não o ataquei, porque isso não me interessa, nem sequer lhe desejo mal algum. Seria bom informar-se mais sobres algumas coisas e alguns assuntos, só isso. E também não votei, não sou delegado. Acho que não percebeu nada do que escrevi.
          Se sabe do realmente do que fala devia saber que nós queremos é igualdade. Não precisamos de mais nada. A igualdade, como deve saber é proporcional, dessa forma devemos tratar o igual de forma igual e o desigual de forma desigual.
          Já em relação ao convite deve levá-lo a sério, uma vez que este se mantém! Quando quiser venha ver, sentir e ouvir um clube não lisboeta. Será muito bem-vindo!

          No meu clube acreditamos que é a falar que nós nos entendemos, que nos conhecemos e percebemos o que é fundamental e necessário.
          Um abraço e tudo de bom!

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    • Nuno Gramaxo

      Março 7, 2018 at 5:33 pm

      Bom dia Pedro. Não estou nada de acordo. Neste momento o Sport Club do Porto, clube histórico da cidade conta com mais de 75 atletas só nos escalões de formação o que atesta o excelente trabalho que está a ser feito por este clube. Posso até dizer, que no nosso clube só existe um caso em que os pais jogaram Rugby.

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    • Paulo. Campos

      Março 7, 2018 at 6:17 pm

      Coimbra tem dois clubes.
      Académica e Agrária

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    • Carlos Oliveira

      Março 7, 2018 at 7:02 pm

      Meu caro Pedro Pinto, não sei qual a tua ligação ou conhecimento do rugby nacional, mas o resto do país não é só Coimbra ou Porto. Em Coimbra esqueces o trabalho grandioso da Escola Agrária principalmente nos escalões de formação, feminino e estudantil, bem como em comunidades carenciadas. Num raio de 30 km de Coimbra tens a Lousã (é pelo menos a terra do Licor Beirão…), Figueira da Foz (tem uma praia maravilhosa…), Moita da Anadia (fica na Bairrada, terra do leitão…). Redundar os atletas de Coimbra ou Porto a filhos, familiares e amigos é desconhecer o numero “per capita” de inscrições na FPR. Claro que os clubes de Lisboa fazem viagens. Mas poucas, e nos escalões mais jovens nomeadamente para convivios, por onde têm andado? Mas se nem a seleção nacional quer sair do seu “museu”…Aliás, recordo um ex selecionador de topo, que se recusou trazer a seleção á Bairrada “pois o campo era atrás de uns pinheiros”…Fico por aqui pois geografia não é o meu forte…

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      • Pedro Pinto Fernandes

        Março 8, 2018 at 8:53 am

        Carlos, a minha ligação ao Rugby nacional não é relevante para a nossa discussão mas posso-te dizer que é grande e de há muito tempo. Não esqueço o trabalho de nenhum clube seja de onde for e para ser sincero não sei como sobrevivem, conhecendo eu a realidade dos clubes de Lisboa, aqueles ditos grandes, mas a Lousã é um bom exemplo. Como sobrevive uma Lousã, queixa-se a académica que os clubes de Lisboa “roubam” os jogadores da Académica, não faz esta o mesmo à Lousã ? A Lousã tem um bom patrocinador se não tivesse como seria ?
        Sabes porque é que esta discussão é estéril ? Porque nenhum de vocês nada disse de interessante até agora senão queixas, propostas nem vê-las.
        Toda a gente sabe que a vida dos clubes pequenos é muito dificil mas passarem a vida com queixas e acusações de que os clubes de Lisboa minam a vossa vida não e nada fazerem para tentar alterar as coisas é que não pode ser.

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    • Nuno

      Março 8, 2018 at 1:09 am

      O senhor ao escrever isto deixa só bem claro que não tem noçao do que se passa fora de Lisboa.
      Falar em clubes mais relevantes que outros é ser contra o espirito que se vive no rugby. Não existem clubes mais relevantes que outros.
      Agora em relação ao seu primeiro comentario. Obviamente que quanto maior for um clube maior e com mais capacidades ele fica. É um ciclo vicioso, positivo claro.
      Deixo claro desde já que nao estou a par das realidades no Porto e em Coimbra, pois nao vivo em nenhuma destas cidades. Mas digo lhe que tanto no Porto como em Coimbra se formam bons jogadores. O que lhes acontece? Vão para a faculdade. Falemos de nomes. Ai que bem que joga o joao belo, ai que bem que joga o Nuno Sousa Guedes, ai que bem que jogava até ao ano passado o Bernardo Seara Cardoso, ai que bem que joga o Francisco Vieira que está em Inglaterra, ai que bem que joga o Jose Maia Vareta, ai que bem que joga o Pedro Bettencourt em Franca, ai que bem que joga o José Lima em França tambem, ai que bem que joga o o Manel Queiros. Bem vista a coisa não sao assim tao poucos os jogadores que se formaram ou começaram a jogar fora de Lisboa e que hoje em dia são dos nossos melhores, e muitos hao de me faltar ainda. Sendo que alguns deste até se formaram naqueles clubes pouco relevantes que nem servem para as estatisticas…
      Vivo sim noutra cidade. Comecei a jogar com 18 anos. Gostava de ter comecado mais cedo. Nao deu. Nao por falta de vontade minha mas sim porque nao existiam ou existem escaloes de formaçao.
      Os seniores sao o unico escalao existente e têm 2 treinos por semana cada um com apenas 1 hora de relvado por semana para treinar, entre as 10 e as 11 da noite. Claro está que a afluencia aos treinos é baixa, o que se nota depois no nivel de jogo, obviamente.
      Mais , por vezes no nosso campeonato (Cn3) estamos quase um mes sem jogos. Ótimo, não é? Depois temos as viagens. Claro está que nos jogos fora a disponiblidade é menor. Pudera, nao é “perder” uma manha ou uma tarde,é dar um dia inteiro, do fim de semana, ao rugby. E nós na nossa divisao nem nos podemos queixar muito. Como, infelizmente, o campeonato tem poucos e espaçados jogos, nem sao assim tantas viagens, são 7 viagens. Agora as equipas do CN2, no qual só existem 2 equipas de lisboa e no qual existem deslocaçoes de muitos mas mesmo muitos kms (a maior mas nao unica deste tamanho é de Arcos de Valdevez a Loule que sao cerca de 650 kms!!). Depois, existem tambem as equipas de fora de lisboa da primeira divisao. Portanto, não me venha com historias a dizer que os clubes de Lisboa tambem fazem viagens. Fazem 3 ou 4 por ano. Chegado ao jogo em si, chegamos a outro problema. Os arbitros. Não é porque apitam bem ou mal, ninguem discute isso fazem o melhor que podem. O problema as vezes é mesmo não existirem. Por acaso este ano ate temos tido sorte, pois tivemos quase sempre arbitros. Mas ha uns anos, nao muitos, acontecia muito menos vezes. Aí entrava se naquele acordo do “uma parte cada treinador de cada equipa”, claro está que isto não é o ideal mas é o possivel. Claro que, isto tudo torna o rugby um desporto pouco apetecivel nesta cidade. Mas uma coisa é certa. Os que la andam gostam mesmo.

      Não escrevi isto para me fazer de coitadinho mas sim para o senhor começar a perceber qual é a realidade fora de Lisboa e para nao vir fazer mais comentarios como os que fez.

      Ah! E a curiosidade historica do artigo serve da mesma forma como o senhor diz “numa equipa de Rugby não há 15 jogadores há um só dividido em quinze partes”, para mostrar que num pais não há so uma cidade mas um país inteiro e que os jogadores que jogam fora de Lisboa são tao importantes e bons como os que jogam em Lisboa (e nada melhor do que mostrá-lo com numeros).

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      • Pedro Pinto Fernandes

        Março 8, 2018 at 9:12 am

        Pelo menos o Nuno traz outro ponto de vista, fora a parte de achar que é o único que conhece as realidades e que eu não por isso a minha opinião não interessa nada, mas de facto a sua queixa afinal é contra uma FPR inexistente e que tem errado ano após ano o modelo competitivo em desfavor dos clubes mais pequenos. Estou inteiramente de acordo consigo.
        Só uma pequena achega, de todos os nomes que falou, por acaso todos jogadores internacionais, apenas os irmãos Vareta não vêm de um clube da divisão de Honra sendo que o João Belo é de facto de Lisboa, começou muito cedo no CDUL e quando a sua família se mudou para o Porto integrou o CDUP tendo voltado agora para Lisboa e para o CDUL para completar os seus estudos. Só uma pequena rectificação para quem acha que sabe tudo mas afinal parece que é só pela rama. Mas claro está, nunca disse que os clubes de fora de Lisboa não formam grandes jogadores portanto não sei para que foi esse rol de nomes, não sei o que quer demonstrar com isso. Posso-lhe dizer também que por exemplo o Manuel Queiroz esteve em Lisboa de facto onde jogou pelo GDD e agora voltou à sua cidade Coimbra e ao seu clube, Académica.
        Há coisas Nuno que não se podem mudar, são como são, e a divisão da população portuguesa geograficamente falando é o que é. Os clubes de cidades pequenas ou mais afastadas dos grandes centros vão ter sempre estes problemas, sempre.
        Já que fala tão mal da FPR (eu também falo) sabe por acaso quantos clubes estiveram representados na ultima reunão que deveria ser magna e deveria servir para discutir aprofundadamente os problemas de toso os clubes ? Informe-se

        Reply

  • Flávio Imperial

    Março 7, 2018 at 1:47 pm

    Pois, há muito que isto se nota… conto só um episódio que me marcou muito pela negativa. Numa ida a um convívio a Lisboa, com os miúdos da Agrária, o último jogo era contra uma equipa da capital. Não deviam ser mais que 16:00/16:30 horas, sendo que os jogos seriam de 20 minutos. Pois essa equipa de Lisboa declinou jogar um jogo que estava agendado, com a desculpa de já ser tarde!!! E a nós ainda nos faltava fazer, na melhor das hipóteses, uma viagem de mais de duas horas de autocarro. É por estas e por outras que não sei se não se devia (sobretudo equipas mais a Norte) começar a estreitar cada vez mais relações com equipas galegas ou do resto da raia fronteiriça.

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  • Maria Alexandra

    Março 7, 2018 at 1:19 pm

    Sr. Ribeiro, concordo consigo a 100%. O meu filho é há muitos anos um jogador de província que ama o rugby e por isso não desiste. Eu sofro com ele, desde que entrou no rugby aos 9 anos. Hoje universitário e por vezes em época de exames, faz centenas de KMS para ter jogos em Lx, ao domingo, às 17 ou 18h, mas que para utilizar o mesmo autocarro dos outros escalões tem de sair logo de manhã. À hora de jogo, já estão cansados e regressam a casa exaustos. Os de fora são precisos quando os de Lx têm a agenda ocupada. Mas ele ama o rugby e continua ligado a esta família mesmo q esta não seja uma família unida.

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  • José Luiz

    Março 7, 2018 at 12:53 pm

    Tal como a minha Filha, confirmo o que refere acerca da disparidade de kilometragem feita pelo meu Neto para praticar o que mais gosta !!!
    Um campeonato só do Norte !!???
    Não sei, mas o sr. Ribeiro tem toda a razão.

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  • Mercedes Ferreira

    Março 7, 2018 at 12:02 pm

    Concordo integralmente com o Sr. Ribeiro, pois tenho 2 filhos a jogar no CDUP (1 já foi estudar para Lx e imaginem: após exprimentar clubes da capital optou pelo CRE)! Deve ser o síndrome de fora de Lisboa.

    Confirmo as intermináveis viagens de 15 em 15 dias para as quais se tinham que levantar às 6 da manhã e com almoço feito, e eu como mãe tinha que os levar à camioneta…
    Grandes heróis!!

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    • Manuel Pinto

      Março 7, 2018 at 3:59 pm

      Olá, Mercedes! Tudo bem? Se ele e os amigos quiserem podem vir jogar pelo RCM. Os treinos são em Montemor-o-Novo e em Lisboa, como temos muitos jogadores a estudar e a trabalhar em Lisboa também fazemos treinos lá.

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