Empate Springbok garante Título All Black – Rugby Championship 4ª ronda

Francisco IsaacOutubro 1, 20177min0

Empate Springbok garante Título All Black – Rugby Championship 4ª ronda

Francisco IsaacOutubro 1, 20177min0
E o Rugby Championship fica decidido na penúltima jornada:os All Blacks voltam a levantar o título! Como? Fica a saber os destaques e momentos da 4ª ronda

Jogo de antologia entre sul-africanos e australianos, que voltaram a “encaixar-se” num empate técnico, registando-se no final dos 80 minutos um 27-27. Ainda que o empate sirva perfeitamente, os Springboks dispuseram de uma oportunidade de ouro aos 79’… mas o pontapé de Elton Jantjies saiu ao lado (mesmo assim, excelente jogo do médio de abertura) e permitiu que os All Blacks arrecadassem o troféu horas antes do embate ante a Argentina.

Pumas “venderam cara” a derrota, com uma 2ª parte mais focada e trabalhada… só que os erros dos primeiros 40′ estragaram por completo o jogo, uma vez que já constava no plcard um 29-03 a favor dos bicampeões mundiais.

Esta é a análise à penúltima ronda do Rugby Championship 2017


All in… e no fim ganha a casa!

Springboks e Wallabies “silenciaram” parte dos seus críticos, após um jogo cheio, bem jogado e com contornos bem dinâmicos e intensos que permitiu ter um encontro sempre aberto com várias reviravoltas no resultado. Começaram melhor os visitantes, que aos 18′ aproveitaram bem uma formação ordenada em territórios avançados, para Israel Folau aparecer que nem uma flecha e deixar a sua marca no jogo (o defesa australiano será “citado” ainda esta semana, uma vez que as câmaras apanharam-no a puxar os cabelos a um jogador da África do Sul).

A equipa de Alister Coetzee reagiu bem e foi de encontro ao empate, com um rugby mais “físico”, mais carregado nos avançados com pequenas inserções de jogadas por parte das linhas atrasadas. Ruan Dreyer, primeira-linha, conseguiu encontrar espaço por entre a defesa dos Wallabies (que tiveram alguns problemas no que toca à primeira placagem e ao trabalho individual na defesa) e saltar para dentro da área de validação.

O grande problema da equipa da casa passou pelas penalidades… consentiram, novamente, oito penalidades na primeira-parte, com Bernard Foley a aproveitá-las para dar um 13-10 a favor da equipa comandada por Michael Cheika. Sempre com os nervos à flor da pele as duas selecções lutaram de uma forma apaixonada, que por vezes, não existiu neste Rugby Championship.

Foi especialmente interessante ver como Siya Kolisi está a caminhar para a Grandeza nos Springboks… é, em 2017, um jogador quase completo, com uma capacidade física única, para além de ter limado os seus skills básicos como os mais avançados. Pudemos vislumbrar isto no segundo ensaio da África do Sul: o asa recebeu a bola no exterior, junto à linha de fora… correu cerca de 15/20 metros, abalroando, pelo caminho, Kurtley Beale e efectuando um bom passe, com um ainda melhor apoio, a Leyds. A jogada acabou em ensaio de Jar Serfontein, outro sul-africano em destaque.

Kolisi é, e não há espaço para discussão neste ponto, o melhor asa do momento na África do Sul, equiparado a Jaco Kriel (ainda com uma lesão por resolver). Para além dele, já mencionámos Jan Serfontein, o centro com uma capacidade de encontrar o momento ideal para fugir pela linha e tirar os placadores do caminho (duas quebras-de-linha e sete defesas batidos). Entre ele e Jesse Kriel, vai-se construindo uma parelha de centros de alto nível que vai dar outro “nível” aos Springboks num futuro próximo.

A equipa sul-africana chegou a estar na frente do resultado com um 20-13 aos 44’… mas, e a partir desse momento, o jogo entrou num descontrolo defensivo… cada selecção ia arriscando tudo o que podia no ataque, seja com offloads destemidos, passes na cara da defesa (e à beira da intercepção) ou picks inesperados! E melhor que tudo houve uma grande estreia: Koroibete, o ponta naturalizado australiano, somou dois ensaios na primeira parte, demonstrando um poder de aceleração tremendo que irá dar outra “explosão” ao ataque australiano.

Com um 27-27 desde os 70 minutos, nada mais aconteceu ao placard que não mudou invariavelmente das tentativas de ambas as equipas… empate, que desta forma deu para os All Blacks meterem o “caneco” de campeão no “saco” antes de jogarem frente aos Pumas.

Num jogo com pouca história, a formação neozelandesa entrou com tudo logo na primeira parte… Beauden Barrett, Aaron Smith, Damian McKenzie e Kieran Read estiveram intratáveis, a criarem sérias dificuldades e problemas à selecção de Daniel Hourcade, que pouco fizeram para aguentar com a avalanche de jogo dos All Blacks.

Damian McKenzie deu grandes provas de poder ser a solução para a camisola 15, na ausência quer de Ben Smith ou Israel Dagg… é um jogador completamente diferente, está a ficar acostumado com o que a sua selecção pede, percebe melhor as mecânicas e dinamismos e agora aceita melhor quando não pode seguir disparado a jogar, sem pensar nas consequências ou em soluções mais proveitosas. De qualquer forma, o segundo ensaio do defesa veio mesmo de uma situação dessas, seguindo muito rápido (tão rápido que apanhou todos desprevenidos) e em poucos metros atirou-se contra o poste para marcar o ensaio do 15-03.

Sempre com outro fulgor, sempre com outra capacidade de desfazer a defesa contrária, os comandados de Steve Hansen não tiraram o pé do acelerador na primeira parte, atingindo um confortável 29-03 no final dos primeiros quarenta minutos.

A segunda-parte foi de “estancar” a hemorragia por parte dos Pumas, que aguentaram bem o ataque neozelandês ao fazerem exactamente o que o público pedia: jogarem à moda argentina, ou seja, raça, ganas, trabalho de avançados e arriscar nos momentos mais inesperados possíveis. Conseguiram marcar através de um maul dinâmico, mas pouco conseguiram fazer mais… guardaram bem a oval durante largos momentos do jogo, com os All Blacks a desperdiçarem algumas ocasiões soberanas para marcar mais pontos.

O 34-10 (ensaio do estreante David Havili chegou aos 80′) terminou e os All Blacks assim detêm agora o bi-campeonato no Rugby Championship… mas conseguirão o Grand Slam?

Courtnall Skosan… give the man a chance!

Muito se fala das falsas quotas existentes nos Springboks ou Super Rugby (não existe legislação que obrigue as equipas a jogarem com um quociente de jogadores de raça negra ou de outras etnias), muito se fala de jogadores como Kolisi, Cassiem, Mtawarira, Jantjies Nyakane, Paige não merecem estar nos eleitos dos Springboks… que há melhores e jogadores mais elegíveis para os ‘boks.

Mas é injusto, especialmente para Kolisi e Skosan que essa conversa exista… o ponta então tem ganho “asas” nestas suas primeiras internacionalizações, com dois ensaios e quatro assistências, para além de catorze quebras-de-linha numa selecção que não faz grande uso das suas linhas atrasadas. No jogo frente aos Wallabies, o ponta conseguiu quase 100 metros no jogo frente, cinco quebras-de-linha, cinco defesas batidos, três recuperações de bola e um ensaio… ou seja, foi dos jogadores “nucleares” para os Springboks.

Dêem espaço a Kolisi, Skosan, Cassiem e Jantjies… neste momento, não há Kriel, Vermeulen ou Lambie, jogadores que não estão disponíveis, seja por lesão ou elegibilidade, para alinhar pelos Springboks.

África do Sul-Austrália: Highlights | Jogo Todo

Argentina-Nova Zelândia: Highlights Jogo Todo

16h05 África do Sul-Nova Zelândia
23h30 Argentina-Austrália


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