Quem venceu as melhores trocas da NBA?

Rui MesquitaFevereiro 3, 20189min0

Quem venceu as melhores trocas da NBA?

Rui MesquitaFevereiro 3, 20189min0
Em todas as trocas há vencedores e vencidos, ou não será bem assim? Descobre aqui quem venceu as melhores trocas desta temporada da NBA!

A NBA vive de trocas, e esta época está a ser um espetáculo de bastidores. Mais de meia dúzia de jogadores allstar a trocar de equipa é praticamente inédito. E, afinal, em cada troca há vencedores e vencidos ou podem todos sair a ganhar? É o que tentamos descobrir ao analisar 5 das mais entusiasmantes trocas desta temporada.

Kyrie Irving e Isaiah Thomas

Uma das trocas mais inesperadas e interessantes dos últimos anos da NBA. Os finalistas da Conferência Este do ano passado trocaram de bases, ambos allstars. Cleveland mandou Irving para Boston e recebeu de volta Thomas, Jae Crowder, Ante Zizic e a escolha dos Nets no próximo draft. Uma troca incrível e complexa, sem vencedores declarados.

Irving já tinha revelado o desejo de sair de Cleveland. O base não queria continuar a ser a sombra de LeBron mas ser a face de um franchise. E assim foi, em Boston, Irving é rei e líder da equipa. Ao invés de manter um Irving contrariado, Cleveland extraiu tudo o que podia do seu segundo melhor jogador. Um base com provas dadas, um defensor acima da média em Crowder e ainda uma aposta no futuro com Zizic e a escolha no draft.

No papel, Cleveland até tinha ganho a troca. Entre a espada e a parede, Koby Altman (GM de Cleveland) conseguiu 3 fatores cruciais para a equipa. Cowder parecia encaixar como uma luva no sistema dos Cavaliers e Thomas era o ajudante ideal para LeBron. Apesar de ficar com o melhor jogador da troca, os Celtics pareciam ter pago mais do que o necessário por Irving.

Mas cerca de 50 jogos depois, a história é diferente. Mesmo com o regresso de Thomas da lesão, Cleveland passa dias complicados. Crowder parece menos jogador e o Isaiah não encaixou perfeitamente na equipa. Por outro lado, Boston lidera a Conferência e Irving joga o melhor basquetebol da sua vida. Kyrie leva 24.9 pontos por jogo (PPG), mais do que Thomas e Crowder juntos.

Na liderança da conferência, Irving comanda os Celtics na melhor época da sua carreira (Foto: CelticsBlog)

Apenas na reedição da final da Conferência Este conseguiremos descobrir se realmente Boston ganhou a troca. O vencedor da conferência será, no fundo, o vencedor da troca.

Vencedor da troca: Boston Celtics.

Paul George e Oladipo

O extremo ex-Indiana entrava para o último ano de contrato e já tinha mostrado que queria sair. Os Pacers tentaram assim tirar o maior partido da sua estrela. Os Thunder mostraram-se interessados e George foi mesmo parar a Oklahoma City. Indiana recebeu em troca Oladipo e Sabonis, dois jovens com potencial.

Mais uma vez, no papel a escolha é clara. OKC recebe um allstar e envia dois jogadores que poderiam tornar-se realmente bons. Mesmo com apenas um ano de contrato, Paul George é o melhor jogador da troca e os outros dois eram um risco que os Pacers tinham que tomar.

Mas agora, tudo parece diferente. Oladipo jogará no allstar game e está numa forma fantástica. É a nova cara dos Pacers e leva 23.9 PPG, 4.4 assistências (APG) e 5.2 ressaltos (RPG). Sabonis dobrou os seus pontos para 12.5 PPG e tem 8.5 RPG. Dois jogadores cruciais para o 6º lugar, muito perto do 4º, no Este. Veja aqui como jogam os Pacers agora sem Paul George.

Dois atletas a fazerem épocas excelentes que mostram que duas equipas podem ganhar uma troca (Foto: SLAMonline)

Paul George está a ter, também ele, uma excelente época. Os Thunder parecem ter engrenado e George leva 21.3 PPG e lidera a liga com 2.2 roubos de bola por jogo. Defensivamente é uma âncora da equipa e será crucial naquilo que os Thunder farão nos Playoffs. Mesmo que não assine com os Thunder no próximo ano, é um bom negócio para OKC. Um ano de um dos melhores jogadores da liga a troco de dois “apenas” bons jogadores.

OKC está com a mentalidade de ganhar agora e, assim, adquirir Paul George é gigante nesse objetivo. Indiana tem que reconstruir a sua equipa e a juventude e talento de Oladipo e Sabonis são um excelente começo. George é um jogador do momento e Oladipo uma aposta de futuro. Cada um representa aquilo que as respetivas equipas precisam.

Vencedor da troca: OKC Thunder e Indiana Pacers.

Carmelo Anthony para os Thunder

É a segunda aparição dos Thunder neste artigo. Não é à toa que Sam Presti (GM de OKC) é o favorito a vencer o prémio de GM do ano.

Carmelo Anthony é, mesmo com 33 anos, um atirador de elite. É precisamente aquilo que os Thunder precisavam. Um power forward que abrisse o jogo para Adams dominar no garrafão. Por outro lado, os Knicks precisavam de seguir em frente, para a era de Porzingis. E Carmelo estava a prender a equipa de Nova Iorque.

Ainda assim, receber “apenas” Enes Kanter e Doug McDermott pela sua estrela é pouco. Apesar de terem um bom futuro pela frente, os dois jogadores não irão melhorar muito. McDermott é um bom atirador e Kanter um poste competente, mas nada mais que isso.

A fazer os piores números da carreira (17.5 PPG com 41.8% de aproveitamento), Melo demorou a encaixar nos Thunder. Apesar disso, nos últimos dois meses abraçou o seu papel de terceira opção. Está a melhorar gradualmente e tem sido crucial na abertura de espaço que os Thunder precisam.

Com a capacidade de atirar de Carmlo, os Thunder melhoram consideravelmente (Foto: Clutch Points)

Kanter apresenta-se com 14 PPG e 10.3 RPB, uma das suas melhores temporadas. Ser titular permitiu mostrar-se mais e ser importante em Nova Iorque. Mas será insuficiente para os Knicks construírem algo eficaz. A reconstrução à volta de Porzingis terá que dar novos passos para dar frutos.

Vencedor da troca: OKC Thunder.

Chris Paul nos Rockets

A troca de Chris Paul para os Houston Rockets é talvez a mais importante deste artigo. É a que mais permite a uma equipa do Oeste bater-se com os Warriors. E, logo aqui, se vê o vencedor claro.

Os Clippers (em clara desconstrução) trocaram o seu melhor jogador por Patrick Beverley, Lou Williams, Sam Dekker e uma escolha do draft. É um excelente pacote de jogadores, mas insuficiente para a qualidade de Chris Paul.

Paul é ideal para os Rockets. Um complemento perfeito a James Harden e isso nota-se. 37 vitórias em 50 jogos e um basquetebol que impressiona pela sua fluidez e quantidade de soluções. Perder a capacidade defensiva de Beverley pode ser desapontante mas Paul é, também ele, um defensor exímio.

Um dos backcourts mais dominadores da liga, a lutar pelo campeonato (Foto: FanRag Sports)

Para os Clippers, trocar Chris Paul foi inteligente, de forma a começar a reconstrução da equipa. Mas obter em troca jogadores com 31 e 29 anos não é propriamente uma reconstrução. São dois bons jogadores que têm dado contributos extraordinários (23.5 PPG e 5.2 APG para Lou Williams!!!) mas nada comparado com Chris Paul. O base pode fazer a diferença e levar um campeonato para Houston. Veja aqui a nossa análise ao ataque demolidor dos Rockets com Chris Paul.

Com 19.1 PPG e 8.4 APG, Paul tem feito toda a equipa dos Rockets melhor. O seu entendimento com Harden é perfeito e são claros candidatos ao título. Um passo importante para Houston na luta contra os Warriors.

Vencedor da troca: Houston Rockets.

Blake Griffin para Detroit

A troca de Blake Griffin é a mais recente da liga. Já perto da data limite, os Clippers voltaram a trocar o seu melhor jogador. Detroit mostrou-se interessado e a troca envolveu 6 jogadores e duas escolhas no draft!

Os Clippers enviaram Griffin, Willie Reed e Brice Johnson. Em troca receberam Tobias Harris, Avery Bradley, Boban Marjonavic, uma escolha de primeira ronda e outra de segunda. Para além de Griffin, Detroit recebe dois jogadores de rotação e envia dois titulares (Harris e Bradley) para LA. Um preço demasiado alto por um jogador carregado de lesões e sem a explosão de outrora. O jogo físico era a grande arma de Griffin e tem perdido isso com as lesões.

As lesões de Griffin serão um problema para os Pistons (Foto: Fox News)

Tal como as trocas anteriormente apresentadas, também esta faz sentido para ambas as equipas. Detroit não estava a funcionar com Bradley e queria aproveitar o seu valor de mercado. Com a chegada de Griffin tornam-se automaticamente candidatos a chegar aos Playoffs. E esse é o principal objetivo dos Pistons. Com a companhia de Drummond, Griffin fará uma frente assustadora e dominante.

Do lado dos Clippers é, agora sim, a reconstrução em estado puro. Garante um jogador com boa margem de progressão em Harris (25 anos) e um bom jogador para poder trocar por escolhas do draft em Bradley.

É, por isso, uma troca equilibrada, mas há um senão. O histórico de lesões de Griffin faz dele um risco para qualquer equipa. Juntando isso ao seu contrato milionário, os Pistons ficam com uma folha salarial que dificilmente lhes permite melhorar.

Vencedor da troca: LA Clippers.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS