NBA: Conferência Este

João PortugalOutubro 15, 201713min0

NBA: Conferência Este

João PortugalOutubro 15, 201713min0
Antevisão da nova época da NBA, na Conferência Este, onde Cavs e Celtics vão dividir as atenções pelo terceiro ano consecutivo na luta para chegar à Final, contudo serão os Wizards a celebrar o topo da tabela da fase regular.

Terminou a off-season mais épica da história deste e de todos os desportos. 7 All-Stars da temporada passada mudaram de equipa! Aconteceram trocas impensáveis! Os dois maiores rivais da Conferência Este trocaram de bases entre si! O Este ficou tão pobre que Adam Silver mudou a estrutura do All-Star Game. A rivalidade entre Cleveland e Boston vai continuar a ser a principal história a seguir e há um reencontro esperado pelo terceiro ano consecutivo em Maio. Até lá, existe uma equipa que mora mais para Sul que pode fazer uma surpresa no final da fase regular.

Conferência Oeste 

 O favorito é o mesmo mas a diferença diminuiu

Este artigo tem a dupla função de antever o que poderá acontecer na Conferência Este ao longo da regular season e de os dividir por ordem de favoritismo. Acontece que eu não acredito que a melhor equipa da conferência seja aquela que vai terminar em primeiro na tabela ao fim de 82 jogos, nem a segunda. Cavaliers e Celtics são muito mais candidatos a disputarem a terceira Final do Este consecutiva do que qualquer outro franchise, porém a fase regular vai ser ganha pelos Washington Wizards.

A equipa da capital manteve a estrutura do ano anterior e tem o plantel mais profundo desde que escolheram John Wall no draft em 2010. O seu 5 inicial foi de longe o mais utilizado da época passada com 1347 minutos, com um net rating de 8,1 pontos por 100 posses de bola, per John Schuhmann da NBA.com, sendo que o grande problema aconteceu quando as duas estrelas, Wall e Beal, foram para o banco. A favor deles está o facto de que este ano haverá mais descanso, a NBA vai começar duas semanas mais cedo, haverá menos jogos em noites consecutivas e também acabaram os 4 jogos em 5 noites. Ter um 5 apetrechado e um banco menos capaz deixou de ser um detrimento para o sucesso ao longo da fase regular. Outra equipa que muito beneficiará com esta mudança serão os Thunder, mas isso fica para o texto de amanhã.

Isaiah Thomas, o novo base dos Cavs, não vai regressar antes de Janeiro, o que significa que teremos 40 jogos de Derrick Rose e Dwyane Wade a dividirem as responsabilidades na posição 1, o que não deve ser suficiente nos jogos de maior dificuldade. Muita coisa também mudou em Cleveland e a grande novidade é que Lebron James terá muita ajuda nos extremos, muitas possibilidades de construir line ups pequenos, ofensivos mas com capacidade de trocarem os bloqueios e defenderem bem contra boas equipas. Serão claro o terror de umas 25 equipas. Jae Crowder, JR Smith, Kyle Korver, Wade, Jeff Green e Iman Shumpert.

Tantas opções diferentes para colocar ao lado de Lebron e de IT. Outra novidade, Kevin Love será titular a 5, Tristan Thompson virá do banco. A grande incógnita será a idade avançada do plantel, que vem atrelada às lesões.

Fazem anos no mesmo dia, será que vão festejar também em Junho? [Fonte: NBA.com]

Os Celtics estão notoriamente melhores também, contudo vão demorar algum tempo até calibrarem o 5 inicial que sofreu 4 alterações de um ano para o outro. Estamos perante mais uma equipa que trocou profundidade do plantel, que tinham em excesso, por aquilo a que os americanos gostam de chamar “Star Power”. Se tivesse ido outro jogador que não Jae Crowder na troca de Kyrie Irving, os Celtics seriam os favoritos, para mim, numa série de 7 jogos a disputar daqui a 8 meses.

Só que Lebron James ganhou como aliado um jogador que teria sido um demónio de enfrentar, quando emparelhado com Gordon Hayward. Foi este conjunto de decisões que na minha opinião podem ter decidido a Final da Conferência Este. Lebron ganhou Jae Crowder, e os Celtics não conseguiram trocar por Jimmy Butler ou Paul George para terem mais opções para infernizarem a vida de Lebron. Provavelmente fizeram bem, porque o objectivo de Boston não é derrotar Cleveland, é derrotar Cleveland e depois Golden State, um exercício praticamente impossível de conseguir esta temporada.

Os Candidatos ao 4º lugar

Aqui a escolha está entre os emergentes Milwaukee Bucks e um franchise cuja janela está quase fechada, os Toronto Raptors. Normalmente, neste tipo de dúvidas opto pela primeira opção. Jabari Parker vai demorar ainda mais tempo que Isaiah Thomas a regressar aos courts, apenas em Fevereiro ou Março, o que deixa os Bucks com muito pouca profundidade. O 5 inicial deverá continuar a fazer mossa, +12 pontos por 100 posses de bola, per Zach Lowe da ESPN, na fase final da temporada passada.

Giannis Antetokounmpo é um monstro, que fica melhor de ano para ano, e qualquer pequena melhoria pode colocá-lo como um dos principais candidatos a MVP, e os Bucks excederem as expectativas, mesmo num Este cada vez mais fraco, ajudariam bastante a que tal surpresa acontecesse.

O problema dos Raptors é que o prime de Kyle Lowry está quase a passar. Não podemos apontar o dedo à organização que apostou tudo para montar o plantel à altura dos seus melhores jogadores, Lowry e DeRozan, só que no momento da verdade, tiveram prestações muito mais fracas do que o esperado. Agora Lowry vai para a sua 12ª temporada, perderam PJ Tucker, Patrick Patterson e DeMarre Carroll, este último trocado para reduzir a folha salarial.

Até prova em contrário, o banco é curto e demasiado jovem. Muitos analistas estão a colocar os Raptors até no top2 da conferência, muito porque o plantel é quase igual ao ano passado mais CJ Miles e com as subtracções dos jogadores acima mencionados. Confio mais na continuidade dos Wizards do que dos Raptors.

Bucks e Raptors num duelo que se pode prolongar até à 1ª ronda dos playoffs [Fonte: NBA.com]

Em termos de banco, o dos Bucks pode não ser nada brilhante, mas para já tem Greg Monroe e Mirza Teletovic, e quando Jabari Parker regressar dentro de uns meses, passa a ter também Tony Snell. Thon Maker é um jovem poste moderno, com 3pt range e Malcom Brogdon foi o primeiro jogador fora da 1ª ronda do draft (36ª escolha) a ser eleito Rookie of the Year em 51 anos. Estes rapazes só podem continuar a melhorar de ano para ano e com menos lesões, acredito que são a 4ª melhor equipa a Este.

As restantes equipas que vão aos Playoffs

As posições 6-8 vão ser ocupadas pelos Miami Heat, Charlotte Hornets e Philadelphia 76ers. Já sabemos a lenga lenga de cor e salteado, Miami começou a temporada passada 11-30 e terminou 30-11, com o segundo melhor net rating na segunda metade da temporada, apenas atrás de Golden State. Charlotte fez uma boa época que ficou mesmo à porta dos playoffs, depois de Cody Zeller ter falhado 20 jogos, que se traduziu num parcial de 3-17.

Kemba Walker vem de um ano fenomenal e Dwight Howard chegou numa troca nada espectacular e que acabou por sair barata para os Hornets, na posição que lhes deu problemas aquando da lesão de Zeller. Colocar Philaldelphia nos playoffs é o mesmo que dizer que acredito que Joel Embiid vai ter mais minutos jogados que tweets. (Esta boca também já enjoa e eu não estou a ajudar, mas não me importo porque Embiid é um ser inteligentíssimo com um enorme sentido de humor e a sua página é um must follow)

Quanto ao seu desempenho em campo, apenas posso acrescentar que depois de ter estado 9 meses afastado dos courts, marcou 22 pontos em 15 minutos na sua estreia na pré-época. Para além de Embiid, Ben Simmons, uma das maiores promessas do draft desta década vai finalmente estrear-se, a juntar à escolha número 1 deste ano, Markelle Fultz.

O hype que os jovens de Philly estão a criar, agora que não estão lesionados, quase nos faz esquecer que Brett Brown também terá à sua disposição dois veteranos que certamente não vieram para tankar, JJ Reddick e Amir Johnson. As duas principais barreiras que coloco aos 76ers atingirem os playoffs são o medo que possam ter assim que algum dos seus jogadores mais jovens torça o pé ou faça uma distensão muscular e sejam ultra precavidos a voltarem a utilizá-lo.

Outra razão passa pela tentação de optarem por ir à lotaria mais um ano. O core é novo e não precisa de ganhar já, a própria 8th seed do Este deve ser alcansável com umas 38 vitórias, se tanto. Com minutos limitados nas suas futuras estrelas, é fácil deslizarem umas 3 ou 4 posições na tabela e tentarem adquirir mais uma boa escolha no próximo draft que se prevê forte.

Já chega de Process ou teremos mais um ano? [Fonte: Central de Esportes]

A decisão entre Miami e Charlotte foi dividida entre o treinador, Spoelstra está no top5 da NBA, para mim, e também pela preocupação com a fratura de stress na perna de Nicholas Batum. Apesar de não ter requerido cirurgia, poderá afastá-lo até 2 meses, e ele é mesmo importante para os Hornets, a melhor wing e o 2º playmaker depois de Kemba Walker.

Até acredito que vai ser mais difícil Miami replicar a segunda metade da temporada anterior e que o Dion Waiters depois de assinar um contracto de 50 milhões de dólares será muito menos importante do que o Dion Waiters que jogou que nem um louco para poder assinar um contracto de 50 milhões de dólares. A chave estará na capacidade de Goran Dragic continuar a liderar a equipa, fazendo Waiters perder influência e usagem, na evolução de Whiteside no lado ofensivo e na reabilitação de Justise Winslow.

Quem vai ficar à porta dos Playoffs

Normalmente coloco mais dois capítulos neste artigo após as equipas que vão aos playoffs, mas no Este, parece-me desnecessário. Não consigo ver o 8º lugar sequer a ter um record perto das 40 vitórias, o que significa que a última equipa a apurar-se para os playoffs será algo acidental ou uma equipa que queira mesmo, porém disfuncional, como os Pistons. Têm um treinador bem acima da média e um plantel talentoso, só que vai no sentido oposto da direcção da NBA que tenta eliminar o poste convencional.

Andre Drummond nem um lance livre consegue marcar, quanto mais algum dia ganhar mid ou long range para afastar atenções para mais longe do cesto. Reggie Jackson vem de um ano para esquecer (net rating -7), com alguns problemas físicos, mas os seus números e eficiência eclipsaram-se depois de um 2016 de grande qualidade.

E a partir dos Pistons, quem conseguir ultrapassar as 30-32 vitórias, ou é um overachieving ou tanking gone wrong. Os Pacers perderam o back court titular, as melhores wings e o 6th man. É o dia 0 do reinado de Myles Turner e se não afundarem a sério por um par de anos, vai ser Turner e a mediocridade até inevitavelmente o perderem no primeiro ano que deixarem de o ter sob controlo contratual. Ah, e certamente não será com Nate McMillan.

Orlando é a única esperança para que uma equipa alcance 35 vitórias neste grupo. Dos plantéis disfuncionais, é o que tem mais qualidade, e um bom treinador em Frank Vogel, que também irá para a sua segunda temporada na liderança nos Magic. Aliás, nenhum treinador foi despedido na temporada passada, cenário inimaginável este ano, visto que só no Oeste há uns 12 candidatos à postseason.

Orlando recrutou Jonathon Simmons na Free Agency aos Spurs, vai ser o 4º ano de Aaron Gordon e de Elfrid Payton e vão ficar um ano mais próximos de se verem livres da obescenidade do contracto de Bismack Biyombo. Jonathan Isaac é um combo big que draftado na 6ª posição pode vir a ser uma grande surpresa, tem jogo para o futuro da NBA.

É o ano do Gordon em Orlando [Fonte: Orlando Magic Daily]

O que falta? Nets, Knicks, Bulls e Hawks? As equipas de NY estão a compor-se aos pouquinhos, os Nets conseguiram uma excelente troca com os Lakers para ficarem com D’Angelo Russell, mas parece que LA fez uma das steals do draft com a pick que receberam em troca, Kyle Kuzma. No dia em que foi feita, parecia excelente, se calhar dentro de uns anos quando Kuzma for dos melhores atiradores da liga, Russell por Kuzma e Brook Lopez parecerá terrível. No geral, bom trabalho do front office, liderado por Sean Marks, em conseguir vários negócios de absorção de contractos que mais ninguém queria, que vão expirar antes dos Nets poderem lutar por algo novamente, Allen Crabbe, DeMarre Carroll, Timofey Mozgov.

No Madison Square Garden, houve a ruptura amigável com Carmelo Anthony, que acabou por trazer um retorno insuficiente, o contracto de Enes Kanter e Doug McDermott. Para além disso draftaram Frank Ntilikina e têm este ano para descobrirem se querem que ele seja base ou shooting guard, porque ele tem tamanho e qualidade para as duas posições, e depois avaliarem qual a maior necessidade no próximo draft.

Pode muito bem ser a primeira aparição de Kristaps Porzingis no All-Star game e estou extremamente expectante de como vai gerir o seu primeiro ano como nº 1 em NY, com mais minutos e muito mais usagem.

Deixei Atlanta e Chicago para o fim porque, por razões diferentes, têm de looooonge os piores plantéis da NBA e vão ter um basket intragável. Os Hawks chegaram ao fim de ciclo com Al Horford, DeMarre Carroll (estes dois o ano passado), Jeff Teague e Paul Millsap e perderam-nos todos na Free Agency. Adicionalmente trocaram Dwight Howard e Tim Hardaway Jr. voltou para os Knicks, portanto não sobrou muito para além de Dennis Schroder.

É um reset total para um dos melhores treinadores da NBA, Mike Budenholzer. Pior do que ter Schroder como melhor jogador é ter Robyn Lopez ou Zach Lavine como melhor jogador de uma equipa e isso são os Bulls. E os Bulls não ficaram sem nada porque o seu melhor jogador deu de frosques no defeso, foi porque o trocaram por Lauri Markkanen, um base disfuncional que teve um ano de rookie para esquecer (como tanto acontece a bases no primeiro ano de NBA) em Kris Dunn, e por um combo guard que rompeu os ligamentos cruzados no joelho, Lavine. E ainda deram a sua escolha do draft na troca, o poste Justin Patton, o que é extraordinário a todos os níveis.

O BIG 3 dos Bulls [Fonte: TripleDouble.com.br]

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