Nacionais de Curta: Os reis magos de Felgueiras

João BastosDezembro 25, 201821min0

Nacionais de Curta: Os reis magos de Felgueiras

João BastosDezembro 25, 201821min0
Tradicionalmente Dezembro encerra o primeiro macro-ciclo da época de natação pura em Portugal e habitualmente com os campeonatos nacionais de curta.

Já a entrar na quadra natalícia, a natação nacional despediu-se do ano 2018 na Piscina Municipal de Felgueiras nos Campeonatos Nacionais de Juniores e Seniores – UNICEF. Uns campeonatos que produziram 32 novos recordes nacionais


Os campeonatos nacionais de juniores e seniores de Piscina Curta – UNICEF decorreram de 21 a 23 de Dezembro em Felgueiras, de onde saíram 32 novos recordes nacionais, 12 dos quais absolutos. Foram, portanto, uns nacionais mais prolíferos que os do ano passado que renderam 22 recordes nacionais – 8 absolutos. Foram mesmo dos melhores nacionais de curta dos últimos largos anos

Fique com 10 destaques do Fair Play desta competição:

1. José Paulo Lopes sub-15

A série rápida dos 1500 metros livres era aguardada com mais expectativa do que a estreia de um filme do Lars von Trier no Festival de Cannes. Em compita iam estar o recordista nacional da prova, Filipe Santo (Benfica), com uma marca estabelecida em Novembro deste ano (15:00.35), o anterior recordista nacional da prova, Rafael Gil (Sporting) (15:00.65), o recordista nacional de piscina longa, Guilherme Pina (Sporting), o campeão nacional sénior em título, José Paula Carvalho (Benfica), o campeão nacional júnior em título, José Paulo Lopes (Braga), ainda um nadador que tem recorde pessoal abaixo de 15:10, João Vital (Sporting) e os dois juniores que já cumpriram os tempos da tabela de referência júnior do Plano de Alto Rendimento, Diogo Cardoso (Colégio Monte Maior) e Diogo José (Columbófila Cantanhedense).

Com este elenco de luxo, acreditava-se que podia ser destes campeonatos que emergiria o primeiro português a nadar os 1500 metros livres a um ritmo inferior a 1 minuto em cada 100 metros, ou seja, fazer um tempo final abaixo de 15 minutos.

Foi preciso esperar até domingo para saber se esse feito histórico viria a acontecer mas, após o tiro de partida, na piscina de Felgueiras não se fez esperar o burburinho das bancadas que ao longo da prova foi aumentando de tom até se tornar num trovão ininterrupto que empurrou os oito artistas até à arte final.

No início da prova o equilíbrio foi a nota dominante com João Vital e José Paulo Lopes a virem para o comando das operações mas com Guilherme Pina, Rafael Gil e José Carvalho a menos de um segundo de distância do duo da frente até aos 400 metros. O recordista nacional Filipe Santo começou de forma mais conservadora e vinha um pouco mais atrás. Todos rodavam em parciais de 30 segundos a cada 50 metros.

Até aos 800 metros essa situação de prova manteve-se (com Santo a aproximar-se paulatinamente da frente), mas foi nessa altura que Lopes começou a acelerar e a partir dos 1000 metros passou a nadar em 29 segundos a cada 50. Foi a partir daí que o nadador do Braga partiu numa luta isolada contra o cronómetro. Isolada mas não solitária: O nadador de 18 anos levava com ele todo o apoio dos muitos presentes na piscina que perceberam que uma barreira mítica estava prestes a ser ultrapassada.

E assim foi. 14:58.18 foi a marca obtida no derradeiro toque na parede de José Paulo Lopes que assim chega ao seu primeiro recorde nacional absoluto logo na primeira competição nacional como sénior. E se o primeiro nunca se esquece, este certamente ficará na vitrina dos inesquecíveis da natação portuguesa.

Foto: Luís Filipe Nunes/FPN

2. Diana Durães sub-16

Se para a prova masculina de 1500 metros livres se teve de esperar três dias, a prova feminina foi a primeira a ser nadada nos Campeonatos. Também esta prova gerava uma grande expectativa pela reedição de um duelo que já é um clássico da natação portuguesa: Diana Durães (Benfica), a recordista nacional da prova desde 11 de Novembro deste ano e Tamila Holub (Braga), a recordista nacional da prova até 11 de Novembro deste ano. As duas acabadas de chegar da China, onde competiram nos Campeonatos do Mundo de Piscina Curta.

Alinhava também a campeã nacional em título, Angélica André (Fluvial Portuense), que no ano passado tinha estabelecido um novo recorde nacional sénior com a marca de 16:18.04. Na mesma série também alinhava a campeã nacional júnior do ano passado que vinha tentar revalidar o título – Alexandra Frazão (Condeixa) -, a vice-campeã nacional júnior, Mariana Mendes (Colégio Monte Maior) e a terceira classificada júnior (este ano já sénior), Sara Alves (Columbófila Cantanhedense).

Mais um alinhamento de grande nível que prometia grandes resultados. Curiosamente, tal como na prova masculina, o recorde nacional (16:08.10) pertencia a uma nadadora do Benfica e o maior desafio vinha de uma nadadora do Braga.

Muito cedo na prova Diana e Tamila se destacaram rodando nos primeiros 400 metros em parciais de 31 segundos a cada 50, mas Diana vinha com uma estratégia de aumentar o ritmo a cada 500 metros, Tamila vinha tentar não deixar fugir Diana no início para no final tentar chegar à vitória. A estratégia da benfiquista prevaleceu e aos 800 metros já seguia isolada na frente com uma passagem canhão de 8:27.16, o seu terceiro melhor tempo aos 800 metros. Também Tamila passou com um bom tempo – 8:34.15 – e ambas confirmaram os mínimos para os europeus de curta de Glasgow 2019.

Diana não desarmou e continuou a nadar em parciais cerca de 10 segundos abaixo dos parciais para recorde nacional. A barreira dos 16 minutos ia ficando cada vez mais ultrapassável a cada poderosa braçada de Diana. Mais uma vez, a piscina respondeu com um apoio inexcedível à nossa recordista nacional e embalou-a para a histórica marca de 15:58.19, a segunda melhor do mundo do ano civil 2018 e para Diana um recorde carregado de simbolismo, não só por ser a primeira portuguesa a nadar 1500 metros livres abaixo de 16 minutos como por tê-lo feito a nadar em casa.

Diana foi a (ou pelo menos uma das) figura dos campeonatos ao somar mais um recorde nacional no último dia da competição, o dos 800 metros livres. Se nos 1500 metros já tinha passado com um excelente tempo aos 800 metros, na prova dessa mesma distância baixou mesmo a marca que já era sua de 8:24.09. Com uma prova muito equilibrada do princípio ao fim, sempre em parciais entre 31.4 e 31.9 segundos a cada 50 metros, a fundista cumpriu a prova em 8:23.23 e celebrou mais um recorde nacional absoluto.

Foto: Luís Filipe Nunes/FPN

3. Miguel Nascimento penta recordista

Há um ano, no balanço dos nacionais de curta do ano passado, dávamos nota do primeiro recorde nacional absoluto da carreira de Miguel Nascimento. Dávamos ainda nota que durante anos o nadador do Benfica “bateu muitas vezes na trave” no que diz respeito ao estabelecimento de máximos nacionais, ficando muito perto em várias provas.

Pois bem, depois de cair o primeiro, o enguiço quebrou-se e no espaço de apenas um ano Miguel torna-se no maior especialista de livres em piscina da História da natação portuguesa!

A frase pode ser contestada por muitos mas passamos a apresentar os argumentos a favor da tese.

Depois de em 2017 Nascimento ter estabelecido recordes nacionais aos 400 (3:42.91) e 800 metros livres (7:46.18) nos nacionais, este ano nos mundiais de Hangzhou tornou-se também no recordista nacional dos 100 (47.61) e dos 200 metros livres (1:43.16). Nestes nacionais voltou a superar um máximo de Alexandre Agostinho e arrebatou também o recorde dos 50 metros livres com o tempo de 21.60.

Contas feitas, o nadador do Benfica tem cinco recordes nacionais na técnica de livres em piscina curta (mais o dos 200 em piscina longa). Para fazer o pleno só lhe falta mesmo o dos 1500 metros, mas ninguém na história da natação portuguesa conseguiu deter recordes em 6 distâncias de livres. Houve três nadadores que igualaram o feito de Nascimento: Alberto Azinhais dos Santos, Fernando Madeira e Paulo Frischknecht, mas quer Azinhais dos Santos, quer Frischknecht não detiveram os cinco em simultâneo, pelo que apenas Fernando Madeira, nadador recordista dos 100, 200, 400, 800 e 1500 metros livres em simultâneo na década de 50 pode ser comparado a Nascimento. Ainda assim, a densidade competitiva da natação na década de 50 não pode ser comparada com a que hoje existe.

Acresce ao seu pecúlio os recordes conquistados pela sua equipa (Benfica) nos 4×50 e 4×100 metros livres e ainda a participação nas estafetas recordistas nacionais de selecções de 4×100 e 4×200 metros livres.

Por isso, a queda do recorde nacional dos 50 metros livres teve um significado ainda maior: garantiu a Miguel Nascimento ser o melhor de sempre a livres em piscina curta. Seguir-se-á a piscina longa?

Foto: Luís Filipe Nunes/FPN

4. Bis de recordes para Ana Rodrigues

Se no capítulo dedicado a Diana Durães afirmamos que a benfiquista foi a ou uma das figuras dos nacionais, deveu-se a que esse título terá de ser repartido com Ana Pinho Rodrigues. A nadadora da Sanjoanense esteve intransponível e venceu as quatro provas que nadou – 50 e 100 metros livres, 50 metros bruços e 100 metros estilos.

Aos títulos ainda juntou dois recordes nacionais. Logo na 6ª feira abriu os campeonatos conquistando o recorde nacional dos 100 metros livres com 55.12, melhorando a marca que de Patrícia Conceição que era de 55.43. Este era um recorde que Ana há muito perseguia e há muito que ficava a centésimos de o conseguir. A julgar pela prova que fez isso nunca a desmotivou, antes tornou-a mais determinada nesse objectivo como prova a rapidez balística com que entrou em prova. 26.40 foi, de longe, o parcial mais rápido da carreira de Ana na abertura dos 100 livres deixando o recorde ao seu alcance…e assim foi, com 31 centésimos de distância para o anterior máximo.

O outro recorde esteve perto de vir nos 50 metros bruços (onde conseguiu na época passada), já que ficou a apenas 17 centésimos dos 30.80, mas acabou por vir uns minutos mais tarde quando nadou a fantástica final dos 100 metros estilos (já falaremos mais pormenorizadamente desta final mais à frente). Ana não deixou Raquel Pereira aquecer o lugar de recordista nacional (Raquel estabeleceu o tempo recorde de 1:02.07 no dia 13 de Dezembro) e tornou-se na primeira portuguesa a nadar a distância abaixo de 1:02. 1:01.83 passa a ser a melhor marca nacional de todos os tempos.

A sanjoanense ainda venceu os 50 metros livres e os 50 metros bruços, sempre próxima dos respectivos recordes nacionais. Como já referido ficou a 17 centésimos do seu próprio recorde nacional dos 50 bruços, vencendo em 30.97 e a 24 centésimos do recorde nacional dos 50 livres de Patrícia Conceição, marcando 25.18.

Com os seus quatro títulos foi a nadadora sénior com mais títulos individuais.

Foto: Luís Filipe Nunes/FPN

5. Pleno de Rafaela Azevedo

Já começa a ser habitual para a júnior Rafaela Azevedo ser dos maiores destaques dos campeonatos nacionais. No último nacional da época 2017/2018 obteve o primeiro recorde nacional individual absoluto da sua carreira e no primeiro nacional da época 2018/2019 consegue recordes nacionais nas três distâncias da sua especialidade, a técnica de costas.

A nadadora do Algés superou o tempo de Inês Fernandes nos 50 metros costas que constituía recorde nacional júnior 17 anos por 3 centésimos marcando 28.50 na abertura da estafeta júnior do Algés nos 4×50 metros estilos.

Também nos 100 metros superou um tempo da sportinguista (1:01.56) nadando em 1:01.22. Já nos 200 metros melhorou uma marca que era pertença da sua colega de equipa Rita Frischknecht (2:12.52), nadando em 2:11.46.

Competição após competição Rafaela Azevedo vai cimentando a sua posição na natação nacional e cada vez mais garantias vai dando que o futuro de costas a nível absoluto a ela pertence.

Foto: Luís Filipe Nunes/FPN

6. Os outros destaques juniores

Para além de Rafaela Azevedo, que foi a única nadadora júnior a conseguir mais do que um recorde nacional individual (juntando mais dois em estafetas), foram vários os destaques do escalão de juniores.

Em primeiro lugar, e pela barreira que quebrou, destacamos a benfiquista Letícia André. Até há 5 anos nenhuma portuguesa tinha nadado 200 metros livres abaixo de 2 minutos. Volvidos 5 anos, já 3 conseguiram baixar desse limiar e Letícia André foi a primeira júnior a fazê-lo. A nadadora do Benfica já vinha ameaçando que este recorde (júnior-17 anos) podia passar para as suas mãos, mas nestes campeonatos fê-lo enfática e irrepreensivelmente. Com uma viragem a meio da prova em 59.71 já parecia difícil chegar aos 2:00.35 do recorde de Ana Sousa, mas uma segunda metade de prova do outro mundo em 59.91 concretizou-lhe o objectivo. Tempo final: 1:59.62. Está a 1 segundo exacto do recorde absoluto!

O recorde nacional mais antigo a cair nestes nacionais vigorava há 24 anos. Era pertença de Petra Chaves que em 1994, com 16 anos, nadou os 200 metros costas em 2:12.80. Esse tempo não vai comemorar as bodas de prata enquanto recorde nacional júnior-16 anos já que agora esse recorde passou para as mãos de Camila Rebelo. A nadadora do Louzan Natação deu boa réplica a Rafaela Azevedo na final júnior da prova e acabou com a marca de 2:11.74. Camila e Rafaela protagonizaram os duelos mais entusiasmantes de seguir no escalão de juniores.

De 2004 era o tempo de Tiago Venâncio de 23.14 que constituía recorde nacional júnior-17 anos dos 50 metros livres. De Tiago para Tiago, o nadador do Sporting de Aveiro, Tiago Machado fez o que já tinha feito enquanto juvenil e bateu o tempo do vice-campeão europeu de juniores. Machado nadou em 23.12 na final de juniores sendo apenas um de três juniores de primeiro ano a vencer uma prova individual no sector masculino.

Ana Sousa também é um nome habitual entre os destaques de campeonatos nacionais de há um ano a esta parte. Na sua primeira competição nacional a competir pelo Algés fez o seu melhor resultado logo na sua primeira prova, os 100 metros livres, onde superou o recorde nacional júnior-17 anos que estava na posse de Diana Durães que em 2012 nadou em 56.54. Ana melhorou consideravelmente essa marca e fixou o máximo nacional em 56.07.

Foto: Luís Filipe Nunes/FPN

7. Estafetas de alto nível

Temos de recuar até ao ano de 2009 para encontrarmos um campeonato nacional de piscina curta que produzisse tantos recordes nacionais de estafetas. Na altura, em Leiria, foram estabelecidos 11 recordes nacionais seniores e absolutos, mais 4 recordes nacionais de juniores, mas esse ano foi o último da era dos fatos de poliuretano que, se beneficiavam a performance individual, ainda mais potenciavam bons tempos em provas em que o todo é a soma de quatro partes.

Este ano não caíram tantos recordes em estafetas mas contabilizaram-se 4 recordes nacionais seniores e absolutos e ainda 5 recordes nacionais juniores, o que é bastante elucidativo do poderio actual das melhores equipas nacionais.

Nas estafetas a equipa que mais recordes estabeleceu foi a equipa do Benfica com dois recordes nacionais seniores e absolutos (4×50 e 4×100 metros livres masculinos) e um recorde nacional de juniores (4×100 metros livres masculinos).

As equipas do Benfica tiveram a seguinte constituição:

  • 4×50 metros livres masculinos seniores: Guilherme Dias, Luiz Pereira, Miguel Nascimento e David Leiria – 1:29.16
  • 4×100 metros livres masculinos seniores: Luiz Pereira, Guilherme Dias, Miguel Nascimento e José Carvalho – 3:15.63
  • 4×100 metros livres masculinos juniores: Diogo Lebre, Rafael Aires, Ricardo Ferreira e João Bernardo – 3:28.98

Seguiu-se a equipa do Sporting com recordes nacionais seniores e absolutos nos 4×50 metros estilos masculinos e 4×200 metros livres masculinos. A equipa de Alvalade alinhou com os seguintes nadadores:

  • 4×50 metros estilos masculinos seniores: Francisco Santos, Alexis Santos, Igor Mogne e Diogo Dantas – 1:38.33
  • 4×200 metros livres masculinos seniores: Tiago Costa, Igor Mogne, Francisco Santos e Alexis Santos – 7:10.67

O Porto e o Algés conseguiram dois recordes nacionais de juniores, cada uma das equipas. As jovens portistas estabeleceram novas marcas nos 4×100 metros livres e 4×200 metros livres, ao passo que as algesinas melhoraram os recordes dos 4×50 metros estilos e 4×100 metros estilos.

O Porto alinhou com:

  • 4×100 metros livres femininos juniores: Ana Rita Ramos, Mariana Barbosa, Maria Leonor Amorim e Catarina Soares – 3:54.55
  • 4×200 metros livres femininos juniores: Ana Rita Ramos, Catarina Soares, Maria Leonor Amorim e Mariana Barbosa – 8:24.59

O Algés alinhou com:

  • 4×50 metros estilos femininos juniores: Rafaela Azevedo, Clara Pereira, Sara Cruz e Ana Sousa – 1:56.40
  • 4×100 metros estilos femininos juniores: Rafaela Azevedo, Clara Pereira, Sara Cruz e Ana Sousa – 4:15.24
Foto: Luís Filipe Nunes/FPN

8. Alexis e Raquel, os vencedores do medalheiro

O olímpico do Sporting, Alexis Santos, foi o nadador que saiu de Felgueiras com mais ouros. Ao todo foram 7, com mais duas pratas que perfez um total de 9 medalhas. Alexis venceu quatro provas individuais – 50 metros costas, 50 metros mariposa, 100 metros bruços e 100 metros estilos – participando ainda nas duas estafetas que já fizemos menção e ainda nos 4×100 metros estilos do Sporting que também saiu vencedora.

Raquel Pereira, do Sport Algés e Dafundo, contabilizou 6 medalhas, sendo quatro delas correspondentes ao primeiro lugar e duas ao segundo. Individualmente venceu os 100 e 200 metros bruços, juntando as estafetas 4×50 e 4×100 metros estilos. Em termos individuais foram Ana Rodrigues (50 livres, 50 bruços, 100 livres e 100 estilos) e Diana Durães (400, 800 e 1500 metros livres e 400 metros estilos) as maiores ganhadoras.

Nos juniores, o benfiquista Rafael Aires foi o mais medalhado com 8 medalhas – o mesmo número de David Cristino da SFUAP e Diogo Lebre do Benfica, mas com mais ouros – 5 delas de ouro. Individualmente venceu os 100 e 200 metros livres. Nas estafetas venceu todas as de livres. O maior vencedor individual foi Tomás Silva (Naval do Funchal) – 200 metros bruços, 200 e 400 metros estilos.

Nas juniores foi Ana Sousa a liderar o medalheiro com 5 ouros num total de 8 medalhas. Venceu os 50, 100 e 400 metros livres e ainda as estafetas de estilos.

Foto: Luís Filipe Nunes/FPN

9. A prova dos campeonatos

Esta avaliação será bastante discutível. Primeiro porque é subjectiva e depois porque houve várias provas de grande nível nestes campeonatos. Chegámos à conclusão que o melhor ficou reservado para o fim e que, à semelhança do ano transacto, a última prova individual foi a melhor de todas. Falamos dos 100 metros estilos e consideramos quer o sector feminino, quer o masculino, com a vantagem de no feminino ter terminado com um recorde nacional.

Começando então pela prova feminina, o alinhamento já deixava antever aquilo que depois se verificou.

Estavam nos blocos de partida a recordista nacional e campeã nacional da distância, Raquel Pereira, a anterior recordista nacional da distância, Victoria Kaminskaya, a vice-campeã nacional em título que no ano passado tinha perdido por apenas dois centésimos, Inês Fernandes, a medalhada de bronze do ano passado, Ana Pinho Rodrigues e ainda Ana Margarida Guedes, uma nadadora com fortes argumentos para também poder vir a vencer a prova.

Em 2017 a primeira tinha nadado em 1:02.36, a segunda em 1:02.38 e a terceira em 1:02.91. Era difícil que a prova fosse mais renhido, mas a verdade é que este ano foi.

Inês Fernandes e Ana Margarida Guedes, como seria de esperar saíram na frente fazendo jus aos melhores percursos de mariposa e costas que apresentam em relação às adversárias, mas depois tinha de se haver com o triunvirato de brucistas Victoria, Raquel e Ana. Aos 75 metros já foi Ana Rodrigues que virou primeiro e, sendo ela a melhor sprinter de crawl entre as presentes, já não perdeu a primeira posição terminando com recorde nacional e 1:01.83. Inês Fernandes voltou a repetir o segundo lugar do ano passado melhorando 4 centésimos. 1:02.34 foi o tempo da sportinguista e, se no ano passado ficou apenas 2 centésimos atrás da vencedora, este ano ficou apenas 1 centésimo à frente da terceira classificada, Victoria Kaminskaya que nadou em 1:02.35. Raquel Pereira partiu como campeã e recordista nacional e acabou fora do pódio. Ainda assim nadou em 1:02.71. Ana Margarida Guedes lutou até ao fim com as quatro adversárias mas acabou sendo desclassificada.

No lado masculino o grande atractivo da prova era o confronto entre o recordista nacional Alexis Santos e Gabriel Lopes. Alexis melhorou recentemente o recorde que já era seu no decorrer dos mundiais de piscina curta fixando-o em 52.91.

Ambos partiram muito fortes e muito equilibrados nos percursos de mariposa e costas com ligeira vantagem para Alexis no toque na parede. Gabriel forçou o ritmo em bruços e veio para frente, mas Alexis respondeu com um grande percurso subaquático de crawl que não foi suficiente para o colocar de imediato na frente mas no grande sprint final levou a melhor o nadador do Sporting que venceu no excelente tempo de 53.12 com Gabriel a fazer o seu recorde pessoal de 53.28.

São cada vez mais entusiasmantes as provas de estilos, sejam no sector masculino – também a prova de 400 metros foi fantástica com três nadadores a fazerem mínimos de acesso aos Europeus de Curta (Gabriel Lopes, Tomás Veloso e José Paulo Lopes) e um quarto a ficar a centésimos (Bruno Ramos) – quer no sector feminino (nos 200 metros estilos a recordista nacional Victoria Kaminskaya foi muito apertada por Ana Catarina Monteiro). Provas autenticamente de nível mundial!

Foto: Luís Filipe Nunes/FPN

10. 215 recordes nacionais em 2018

Durante o ano civil de 2018, o Fair Play foi fazendo a contagem dos recordes nacionais estabelecidos durante o ano. Com os 32 novos máximos nacionais fixados nestes nacionais, 2018 fecha com um total de 215 recordes nacionais, um aumento de 53% face aos 140 recordes de 2017.

Confira aqui a contagem.


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