Portugal nos Jogos (Dia 14): João Vieira e um exemplo olimpíco de honra

Fair PlayAgosto 6, 20214min0

Portugal nos Jogos (Dia 14): João Vieira e um exemplo olimpíco de honra

Fair PlayAgosto 6, 20214min0
João Vieira cortou a meta no 5º lugar e é o grande destaque de Portugal neste 14º dia de Jogos Olimpícos que o Fair Play relata

João Vieira, aos 45 anos, atingiu a sua melhor classificação de sempre na despedida dos 50Km’s de marcha, e o Fair Play conta o que se passou neste 14º dia de presença da comitiva de Portugal nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.

Artigo de João Bastos (atletismo) e Francisco Isaac (atletismo e canoagem)

O DESTAQUE DO DIA: DIPLOMA OLIMPÍCO PARA O GIGANTE JOÃO VIEIRA

Na última noite (início da manhã no Japão), decorreu em Sapporo a prova dos 50 km marcha, com a participação do português João Vieira. O experiente marchador português de 45 anos do Sporting Clube de Portugal, treinado pela ex-marchadora (e esposa) Vera Santos, a competir nos seus sextos Jogos Olímpicos partia com a determinação de conseguir nesta distância um resultado olímpico condizente com a sua qualidade de vice-campeão do mundo, uma vez que no Rio e em Londres, as duas vezes que alinhou à partida na prova de 50 km, acabou por não conseguir concluir a prova. Vieira esteve sempre na cauda do pelotão principal que começou a esticar e a perder elementos a partir dos 25 km, altura em que o polaco Dawid Tomala encetou uma fuga a solo.

O marchador português foi sempre seguindo com os perseguidores e eliminando adversários até ser fixado um grupo de perseguição de 5 elementos por volta dos 40 km. Aos 42 km já só resistia Vieira, Marc Tur e Jonathan Hilbert atrás de Tomala, mas à entrada da última volta de 2 km o riomaiorense acabou por ceder, sendo ainda ultrapassado pelo canadiano Evan Dunfee que numa recuperação fantástica ainda chegou à posição de bronze. João Vieira terminou num brilhante 5º lugar no tempo de 3:51.28, garantindo o 9º diploma olímpico para Portugal numa prova vencida por Dawid Tomala em 3:50.08, seguido por Jonathan Hilbert e Evan Dunfee.

A SUPERAÇÃO: ANA CABECINHA E A VONTADE DE CONTINUAR

Ana Cabecinha pode ter terminado em 20º lugar na marcha de 20km’s nestes Jogos Olímpicos, mas o exemplo que deixa vai muito para além do que um lugar num ranking final de uma dada competição. A atleta portuguesa superou a infecção sofrida por causa do covid-19 e o falecimento do pai, numa demonstração de força total, ultrapassando os piores momentos e pensamentos para marcar presença naquelas que foram as suas 4ªs Olimpíadas (ficou sempre dentro do top-10 desde Pequim), sem ceder assim à tristeza ou ao desistir.

Ana Cabecinha chegou a estar próxima do pelotão, com um 14º lugar à passagem do 6º km, aguentando uma prova complicada a todos os níveis (a exemplo do que já se tinha passado com João Vieira nos 50 kms) para atingir a meta e poder prestar uma última homenagem especial a todos aqueles que a seguiram e a apoiaram neste ciclo olímpico. Um nome especial da marcha nacional e internacional, a portuguesa merece atenção e ser parabenizada por ter superado o pior e conseguido representar Portugal no maior palco desportivo de todos.

O QUE ESTÁ EM ABERTO: K4 NACIONAL NAS MEIAS-FINAIS

Estamos no fim das modalidades aquáticas destes Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, com os K4 a entrarem em acção e onde a equipa portuguesa procura atingir a final para depois surpreender/sonhar com algo mais naquela que é uma disputa emocionante e desafiadora da canoagem internacional. Emanuel Silva, João Ribeiro, Messias Baptista e David Varela compõem a equipa nacional portuguesa que entrou em acção por duas vezes no dia 6 de Agosto, começando com um tempo de 1:25.515 no primeiro heat, seguindo-se uns quartos-finais disputados com a embarcação lusa a terminar em 4º lugar (1:24.325) e, deste modo, garantir o bilhete das meias-finais, sendo que aqui passam os melhores 5 para a final dos K4 500 metros, ou seja, tudo ao alcance dos representantes de Portugal.

Emanuel Silva é o líder desta equipa de quatro canoístas, que em 2019 fecharam no 6º lugar nos Campeonatos do Mundo de canoagem, tendo até feito o mesmo posto no Rio 2016, mas dentro da distância de 1000 metros dos K4, o que faz desta participação uma estreia olímpica nos K4 500 metros. A diferença de 500 metros é substancial, o que força um arranque potente e coordenado, de modo a garantir estar equiparado aos seus adversários (Hungria, por exemplo) e bater-se até ao fim pelo pódio, exigindo um trabalho imenso e agressivo por parte dos canoístas nacionais, que terão de garantir apenas o 4º lugar nas meias-finais (fica só um para trás) para chegar à luta pelo medalheiro.

Boas expectativas, sem promessas de conquista de mais uma medalha para Portugal, apesar de que quando está Emanuel Silva envolvido, nada é impossível.


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