5 conclusões a retirar de uma semana espetacular

Diogo PiscoMarço 13, 20184min0

5 conclusões a retirar de uma semana espetacular

Diogo PiscoMarço 13, 20184min0
Uma das provas mais aguardadas do calendário internacional do ciclismo. O Tirreno-Adriático tem tudo: grandes nomes, montanha intensa, quedas e o poder de afirmação por parte de muitos ciclistas. Num "must" do ciclismo, o Fair Play tira 5 aspetos da semana que findou hoje.

O mais dos mais!

Neste momento, o nome Kwiatkowski deve ser a tradução mais correta da expressão “pain in the ass” para as restantes equipas do World Tour. Mesmo quando a Sky já não tem 4 ou 5 ciclistas para trabalhar, mesmo quando Froome falha, mesmo quando os problemas mecânicos afetam Thomas, mesmo quando as fugas ganham demasiado tempo, os adversários olham para o lado e lá está aquele pequenino que anda sempre ali na cabeça do pelotão seja em que terreno for.

Este ciclista é a prova viva de que “trabalhar” para os outros não significa deixar de “trabalhar” para nós. “Kwia” nunca desiste de seguir o grupo principal mesmo quando já não tem força para levar os seus líderes na roda e mais do que aproveitar oportunidades, o polaco cria as oportunidades. Isto

Porquê? Porque ele está lá. Aliás, ele parece estar sempre lá. Esteve lá para fazer 4º na segunda etapa no meio dos puros sprinters, esteve lá para chegar no 3º grupo na terceira etapa perdendo apenas 6 segundos para os favoritos, esteve lá para salvaguardar a equipa quando tudo falhou na quarta etapa, esteve lá para fazer 3º na quinta etapa e reclamar a Maglia Azurra com as bonificações, aproveitou de forma segura a proteção da equipa na sexta etapa e voltou a não desiludir, cumprindo um contra-relógio que lhe permitiu aumentar a vantagem para o segundo classificado em 20 segundos.

É normal que no ciclista se fale no próximo Contador, Valverde, Bonnen… A continuar assim é normal que daqui a uns anos se ande à procura do próximo Michal Kwiatkowski, o vencedor do Tirreno-Adriático 2018.

Líderes por mérito

O ciclismo contemporâneo parece seguir um rumo muito interessante no que à formação de plantéis diz respeito. Já não é só na Sky que vemos uma equipa com gregários de luxo e capazes de liderar a equipa sempre que se justifique. Ou que vemos um ciclista que tenha feito Top 10 numa grande volta a trabalhar para um colega que tenha uma situação de corrida mais favorável no momento.

Esta situação traduz-se no facto de os líderes principais programarem, cada vez mais, o seu pico de forma a um certo objetivo da época não sendo necessário assumir a responsabilidade das vitórias da equipa em provas de menor dimensão. Isto porque têm nos seus gregários ciclistas cada vez mais capazes de assumir a liderança da equipa nos vários tipos de provas.

Note-se que quando se fala em capacidade, esta refere-se tanto a qualidades físicas como psicológicas e comportamentais. É provável que as crises de liderança que por norma a imprensa atribui à Sky comecem a ser alongadas a equipas como a Sunweb, Movistar, UAE-Emirates, Astana ou Bahrain. Equipas com grandes nomes na segunda linha hierárquica que começam a mostrar capacidade e vontade de controlar um pelotão e de impor ritmos muito fortes capazes de meter respeito a qualquer equipa.

Marcel Kittel de regresso

Marcel Kittel celebra, com o desalento de Peter Sagan em destaque atrás.
(Foto: Eurosport)

Nenhuma das quedas que antecederam as duas vitórias de Kittel lhe podem retirar prestígio. O alemão foi imperial naquele que é o seu terreno e não deixou espaço para ninguém se intrometer na vitória das duas etapas que poderiam ser vencidas ao sprint. Se na primeira o seu comboio funcionou como ainda não o tinha feito esta época, na segunda, Kittel foi perspicaz o suficiente para tirar partido do seu antigo comboio e aproveitar o “lançamento” de Maximiliano Richeze e Zdenek Stybar que tentavam discutir o sprint. Welcome back to the game.

Fora do Top 10…

… ficaram nomes como Chris Froome, Vincenzo Nibali, Fabio Aru, Bob Jungels, Romain Bardet, Miguel Angel Lopez, Domenico Pozzovivo, Rafal Majka, Louis Meintjes ou Primoz Roglic. O que para além de provar que esta foi uma das edições com mais possíveis vencedores à partida, comprova que foi uma corrida bastante atacada e dura, que deixou homens desta qualidade com dores nas pernas. Alguns estiveram mais ativos e procuraram a glória, outros mais discretos em virtude de ainda estarem atrasados em relação à sua forma física – mas a qualidade está lá e não foi suficiente para estarem entre os dez mais desta semana.

Uma corrida azarada

A descrição de Cavendish diz tudo…

Foram muitas as quedas e os abandonos. Entre os nomes mais sonantes estão Fernando Gaviria e Mark Cavendish. Com quedas graves, quase todos os dias o pelotão sofreu nesta corrida com muitos dos ciclistas a chegarem à meta com marcas de guerra que só os mais fortes conseguem suportar ao longo de dias em competição.


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