No início da época, temos um grande Inter. E em maio?

Pedro CouñagoOutubro 4, 20177min0

No início da época, temos um grande Inter. E em maio?

Pedro CouñagoOutubro 4, 20177min0
O Inter, nos últimos anos, tem sido um gigante adormecido, com o cúmulo a chegar na passada temporada. No entanto, este parece ter sido o clique necessário para a mudança, e esta época temos uma equipa com um espírito renovado, com algumas mudanças fulcrais, e que, em maio, pode concretizar um ano de rejuvenescimento.

Comportamento irreconhecível da equipa, até alguém impor disciplina

O Inter tem estado bastante apagado nas últimas temporadas, com más classificações no campeonato, exibições terríveis e resultados humilhantes, algo que se traduz num incrível sub rendimento dos seus atletas e uma dança da cadeira no que toca ao comando técnico da equipa. Os adeptos nerazurri têm sofrido muito com as sofríveis exibições da equipa, tanto que já existiram protestos em forma de abandonos do histórico estádio no qual o clube realiza os seus jogos. O Giuseppe Meazza não tem sido qualquer tipo de talismã para a equipa, e este facto entristece os adeptos do futebol.

Mesmo com o apoio chinês da Suning, não tem sido fácil para o clube sair da malapata. Pelo menos até à chegada de Luciano Spalletti. Tem sido uma diferença da noite para o dia face às últimas temporadas, ainda que apenas tenham sido disputadas 7 jornadas do campeonato. Em 7 jogos, o clube ainda não perdeu, tendo apenas empatado 1 jogo, estando assim no pódio da Série A. É um momento positivo que o clube pretende continuar, de modo a que, quando chegarmos a maio, 2017/2018 possa ser considerada a época de viragem do clube milanês.

Com o apoio chinês, o clube tem durabilidade financeira. No entanto, precisa de manter a competência dentro de campo (Foto: Público)

A verdade é que o clube tem condições para, de facto, fazer uma boa época e continuar aquilo que de bom vem fazendo neste início de época, por diversas razões. Como já mencionado, a chegada de Luciano Spalletti ao Inter é o maior destaque a fazer, porque aqui se demonstra a importância que um técnico pode ter na mudança de mentalidade da equipa. Spalletti chega com uma mentalidade vencedora e com uma larga experiência, não só em clubes italianos como no estrangeiro, e é disto mesmo que o Inter precisa.

Quais são as principais características do Inter?

O estilo de jogo que Spalletti tipicamente implementa nas suas equipas raramente é o mais atraente, foca-se na exploração dos erros dos seus adversários e na segurança defensiva, privilegiando ainda o contra ataque. É dada a liberdade a jogadores rápidos e criativos que consigam levar a equipa para a frente, com uma máquina incansável, um forte meio campo, por trás de si, e a verdade é que o Inter tem jogadores de imensa qualidade que lhe permitem corresponder aos objetivos e ao modelo de jogo proposto pelo seu treinador.

Quando olhamos para a defesa da equipa, vemos que foi bem reforçada com jogadores como Dalbert e Milan Skrinniar, que têm conseguido entrar para a equipa inicial e formar parcerias com jogadores como Miranda e Danilo D’Ambrosio. Nota-se uma clara evolução no processo defensivo, com apenas 3 golos sofridos em 7 jogos, estando assim Samir Handanovic bastante bem protegido.

No que toca ao meio campo, percebemos que temos uma incrível profundidade no centro do terreno, com diversas opções como Matias Vecino, Borja Valero, Roberto Gagliardini, Marcelo Brozovic e o nosso português João Mário, que tem vindo a ganhar cada vez maior preponderância na equipa, ligando todo o jogo da equipa, criando oportunidades, concretizando assistências para golo e sendo o principal apoio à estrela da equipa, Mauro Icardi. As opções são abundantes e de qualidade, não se perdendo qualidade e, com a mentalidade certa, todos eles se poderão manter motivados mesmo quando não jogam.

Nas alas, temos jogadores com grande capacidade de trabalho, autênticos panzers que estão sempre muito disponíveis para o jogo. Falamos de Ivan Perisic e de Antonio Candreva. O croata tem tido ainda maior destaque devido à sua veia goleadora, tanto que é um jogador cobiçado e do agrado de qualquer treinador. Yann Karamoh é uma das alternativas, e o francês suscita grande curiosidade sobre como se poderá comportar num nível superior ao do Caen na Ligue 1, mas é um jogador com potencial tremendo para explodir, deve ter o seu período de crescimento. Existe ainda Éder, que é um jogador que alterna entre as alas e a frente de ataque, mas que, por estar tapado na frente, joga mais enquanto ala, tendo o instinto goleador para poder sair do banco e dar o seu importante contributo.

Na frente, não há dúvidas sobre quem lidera a equipa. Mauro Icardi é capitão de equipa, a estrela da companhia e uma das maiores figuras da Série A. É um jogador que já passou por problemas com a claque no passado, mas que conseguiu ultrapassá-los, fazendo mea culpa e conseguindo a reconciliação com os aficionados. Ainda bem que tal aconteceu, na medida em que o argentino é fundamental na manobra da equipa, tem muito peso no balneário e é agora idolatrado. Será curioso ver se Spalletti consegue fazer dele o melhor marcador do campeonato esta temporada face a feroz competição de avançados como Dzeko, Dybala e Mertens, entre outros.

Icardi é um jogador que já esteve em maus lençóis junto dos adeptos do Inter. Hoje, é um dos maiores ídolos do clube (Foto: The Sun)

A ausência das competições europeias pode ser benéfica?

Existe um motivo particular pelo qual pensamos que o Inter pode ser uma séria ameaça este ano a, pelo menos, disputar os lugares do pódio do campeonato, que se relaciona com o facto do clube apenas jogar competições internas esta temporada. Por vezes, é preciso um passo atrás para dar dois à frente, e a verdade é que o clube vinha num decrescendo sem nenhuma luz ao fundo do túnel, culminando no péssimo sétimo lugar da época passada e uma humilhante participação na Liga Europa, em que ficou em último de um grupo com Hapoel Beer-Sheva, Sparta Praga e Southampton.

Foi, a todos os níveis, uma época que não só se vinha adivinhando, tendo em conta o adormecimento da equipa desde o início da década, como era absolutamente necessária acontecer para o clube finalmente acordar do profundo sono em que se encontrava, de modo a corrigir os erros que vêm sendo efetuados. 2017/2018 pode ser considerado como uma espécie de ano zero para a equipa.

Por enquanto, os 19 pontos decorrentes de 6 vitórias e 1 empate (nenhuma derrota) e o segundo lugar no campeonato, em igualdade pontual com a Juventus, deixam excelentes indicadores, mostram que a equipa está com confiança e que tem um treinador experiente e à altura do desafio de reerguer a equipa nerazurri. São indicadores muito bons para o resto da época, transmitem confiança aos tiffosi, que certamente irão em maior número ao estádio, e podem proporcionar uma nova vida a um clube que bem estava a precisar de que algo lhe acontecesse para se reinventar. Para bem do futebol italiano, que seja para durar este momento de clubes históricos como o Internazionale.

Esperemos por maio para perceber o que foi o cômputo geral desta época, porque é certo e sabido que o futebol tem reviravoltas em cada canto. Portanto, o clube precisa de ser consistente. Se o conseguir, as suas aspirações para 2018/2019 serão outras, e poderemos falar no acordar de um gigante adormecido.


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