Revista da Primeira Metade da Premier League: Destaques e Previsões

João NegreiraDezembro 28, 201712min0

Revista da Primeira Metade da Premier League: Destaques e Previsões

João NegreiraDezembro 28, 201712min0
Já passou a época natalícia e com ela o Boxing Day; o ano está a acabar e é altura de nos concentrarmos no que já aconteceu e no que poderá acontecer.

Fazendo uma analogia com o artigo de antevisão da Premier League 2017/2018, há que dizer que vão ser feitas algumas correções/alterações. A antevisão foi a perspetiva dos autores do artigo sobre como a liga se iria desenrolar no contexto da altura. Contudo, muita coisa aconteceu e a perspetiva, agora, é outra. Passemos aos Destaques e às Previsões

Destaques

O título aparentemente entregue e a acesa disputa pelos milhões da Europa

À 20ª jornada o título parece entregue. Com uma máquina bem oleada e pragmática, os comandados de Guardiola parecem levar já uma vantagem confortável. Destacamos nesta primeira metade o craque Kevin De Bruyne, o criativo David Silva e os supersónicos extremos Leroy Sané e Raheem Sterling, sem esquecer o muro brasileiro Ederson, todos eles fundamentais para a forma como o Manchester City domina as partidas a seu belo prazer.

É este o trio que anda a destruir a Premier League. [Foto: SkySports]

Os pretendentes não parecem ter capacidade de acompanhar os Cityzens, estando por isso acesa a luta pelos lugares europeus. Com United e Chelsea em segundo e terceiro lugares, o Liverpool, Tottenham, Arsenal e o surpreendente Burnley aparecem na luta pelos lugares de acesso à Champions. No United, não há um destaque assinalável, verificando-se uma semelhança na forma da maioria dos elementos. O mais constante tem sido provavelmente Nemanja Matic, ao passo que as figuras Paul Pogba, Romelu Lukaku e Anthony Martial, que custaram muitos milhões, continuam com dificuldade em brilhar. No Chelsea, os destaques da época passada têm apresentado um nível mais baixo (Hazard e Kanté), sendo Álvaro Morata o grande destaque da equipa, a par do ala esquerdo Marcos Alonso.

Nos reds, o destaque tem de ser Mohamed Salah. O egípcio é o melhor marcador do campeonato, e provavelmente o principal desequilibrador. Coutinho e Firmino também se têm apresentado a bom nível, por outro lado a defesa e a baliza têm metido água, com Mignolet e Lovren à cabeça. Nos spurs, mais dependentes de Harry Kane do que nunca, o época a nível interno tem sido inferior aos últimos anos, com baixas de forma de Eriksen e Dele Alli. Já o Burnley é a grande surpresa desta edição da Premier League. Os comandados de Sean Dyche apresentam uma consistência brutal. Os destaques tem sido os avançados Chris Wood e Ashley Barnes, os melhores marcadores da equipa, bem como os motores do meio campo Jeff Hendrick e Jack Cork e o central Ben Mee.

O conforto do meio da tabela

Em situação confortável a meio da tabela encontram-se 4 equipas. Leicester, Everton, Watford e Huddersfield. Os foxes subiram o nível com a chegada de Claude Puel, apoiados nas figuras Mahrez e Vardy, e na consistência defensiva dada por Fuchs, Morgan e Maguire. O Everton foi outra equipa que beneficiou de uma chicotada psicológica. Após a chegada de Sam Allardyce, os toffees levam um registo sem derrotas, com um crescimento exibicional e aparecimento de jogadores que com Koeman não estavam a render, como o dispendioso Sigurdsson, os jovens Tom Davies e Calvert-Lewin, ou o extremo congolês Bolasie.

Duas das agradáveis surpresas de 2017 na Premier League. [Foto: Sky Sports]

O Watford de Marco Silva e o Huddersfield tem tido uma quebra de forma nos últimos dois meses. Os hornets vêm de uma série negativa com algumas derrotas motivadas pela indisciplina dos jogadores (sobretudo Troy Deeney), aliada à falta de definição da tática da equipa, que deambula entre o 4-3-3 e o 3-4-3, dependendo muito da velocidade dos homens da frente, Andre Gray, Richarlison e Roberto Pereyra. O Huddersfield está a pagar a fatura de ter o plantel menos valioso do campeonato, ressentindo-se quando as principais figuras estão em dia não, dependendo muito de Aaron Mooy e Steve Mounié. A probabilidade é que os recém-promovidos continuem nesta trajetória descendente, a não ser que façam uma investida ao mercado.

O fantasma da descida

As equipas situadas abaixo do Huddersfield vivem todas sob o fantasma da descida. Brighton e Stoke lideram este pelotão, os primeiros já estiveram em 8º lugar, tendo baixado de rendimento nas ultimas semanas (Propper e Gros já começam a ser mais vigiados), já os potters apesar de apresentarem um dos planteis mais fortes a nível individual continuam a tropeçar e a depender muito das estrelas Choupo-Moting e Shaqiri.

Em zona perigosa mas acima da linha de água estão Southampton, Newcastle, Palace e West Ham. O Southampton soma 19 pontos, mais um que os outros três, mas os comandados de Mauricio Pellegrino têm revelado dificuldades na maioria dos jogos, sobretudo a nível defensivo, que deve piorar com a perda de Virgil Van Dijk. O Newcastle de Rafa Benítez prima pela regularidade, uma vez que desde o início do campeonato que não consegue aproximar-se dos fugidores da primeira metade da tabela. Os vizinhos londrinos estão neste momento acima da linha de água, tendo revelado uma melhoria com a chegada dos experientes David Moyes e Roy Hodgson. O Crystal Palace tem estado em nível ascendente desde a chegada de Hodgson, com destaque para Wilfried Zaha, Ruben Loftus-Cheak e Yohan Cabaye que elevaram muito o nível. Já nos Hammers, os destaques têm sido o argentino Lanzini e o austríaco Arnautovic, bem como o esteio do meio-campo Koyaté.

Dois veteranos de regresso à premier League. [Foto: wichitalinemanwasasongionceheard.com]

Em zona de descida estão neste momento Bournemouth, West Brom e Swansea. Os swans ocupam o último lugar, e apos o despedimento do técnico e ainda nenhuma anunciação de substituto, a equipa de Renato Sanches parece condenada a continuar nestes lugares. O West Brom também trocou de treinador, uma decisão aparentemente errada, uma vez que Tony Pullis nunca deixou nenhuma equipa descer de divisão, e uma equipa com nomes como Johhny Evans, Krychowiak. Nacer Chadli e Solomón Rondón tem tudo para se manter entre os grandes. O Bournemouth mantem a confiança em Eddie Howe, ele que é apontado como o melhor jovem treinador ingles da atualidade, apoiado no experiente Jermaine Defoe e nos jovens telentos Nathan Aké, Lewis Cook, Ryan Fraser e Joshua King.

Previsões

O titulo aparentemente entregue e a acesa disputa pelos milhões da Europa

Comecemos pelo topo e tendo em conta que colocámos o campeão Chelsea, o Man. City e o Man. United num top-3 a lutar para o título, podemos afirmar que não falhámos assim tanto as nossas apostas; falhámos sim, talvez ainda mais importante, a ordem.

Perspetivámos um Chelsea (bi)campeão, mas na verdade, há outra equipa praticamente no cume desta verdadeira montanha que é a Premier League: o Manchester City. Foram 246, os milhões gastos pela equipa treinada por Guardiola e os resultados são para a o presente: 20 jogos, 19 vitórias, 1 empate e 0 derrotas; quase perfeito. Com estes resultados, os cityzens já levam 15 pontos de vantagem para o 2º classificado, o Man. United. Fazer referência a Kevin de Bruyne e a David Silva que têm comandado o meio-campo do City de uma maneira incrível (o primeiro tem estado ao nível dos melhores dos melhores) e a Sterling e Sané que têm sido autênticas dores de cabeça para as defesas adversárias.

O Manchester United e Chelsea não estão completamente arredados da corrida do título, até porque até ser matematicamente possível vai haver luta, mas os 15 e 16 pontos de desvantagem, respetivamente, não se anulam sozinhos e como o City está, só uma calamidade lhes tiraria o título. Não falamos apenas da vantagem que têm, falamos da maneira como jogam; são um autêntico rolo compressor!

Até agora, Guardiola tem se superado a Mourinho. [Foto: Football365]

Mencionámos um top-6 que seriam aqueles que poderiam vir a ter uma réstia de esperança pelo título e na verdade é que os nossos prognósticos não falharam muito. São esses os 6 primeiros, mas a verdade é que para alguns o título já só é uma miragem (Liverpool, Tottenham e Arsenal). Veremos o que o poderosíssimo ataque do Liverpool (46 golos marcados, 2º melhor ataque) (Salah, Mané, Firmino e Coutinho) pode continuar a fazer, o que Kane (melhor marcador europeu de 2017 com 57 golos) pode dar a mais à sua equipa e se Alexis e Ozil poderão voltar ao que nos habituaram.

Há então, um título aparentemente entregue e uma grande luta pelos lugares que se seguem e, consequentemente, uma luta pelos milhões da Europa.  Pois temos ainda que falar no Burnley, que é a grande surpresa desta edição da Premier (não estando nas nossas contas na antevisão), estando em 7º lugar, podendo causar um upset às grandes equipas e poder entrar na Europa em 18/19.

O conforto do meio da tabela

Para os lugares que se seguem, acertámos no Leicester e no Watford; planeámos outras equipas, mas elas estão mais abaixo. Segue-se assim, Leicester, Everton, Watford e Huddersfield. Os foxes e os toffes beneficiaram de despedimentos, subiram bastante de forma e parece que Claude Puel e Sam Allardyce vieram para ficar; será que também conseguem fazer mais do que manter-se na 1ª metade da tabela? O Everton bem que tem uma equipa, a nível individual, para fazer uma gracinha e voltar a tentar a Europa. O Leicester, mantendo quase a mesma equipa de campeão, já nos provou que pode surpreender qualquer um.

A nova vida dos foxes. [Foto: Record]

O Watford a passar por um mau bocado (não ganhava há 5 jogos antes da vitória sobre o Leicester) e o recém-subido Huddersfield têm-se aguentado nestas posições e parecem querer segurá-las e, ao contrário das 2 equipas acima, não deverão conseguir almejar algo mais que isto. Os hornets, ao comando de Marco Silva, que parece querer estar destinado ao sucesso, aparentam que este lugar lhes assenta com uma luva, pois na verdade não têm qualidade para lutar pela Europa, mas também não são clube de lugares mais baixos. O Huddersfield ainda agora subiu por isso, seria difícil ambicionarem algo mais que isto, tendo em conta também que não prepararam a época para isto e não têm plantel para mais.

O fantasma da descida

Daqui para baixo, aludir para o facto de do 12º lugar para baixo, todos terem que ter cuidados redobrados com a manutenção, tendo em conta a proximidade pontual entre estas equipas. O Brighton e o Stoke, por já terem estado vários lugares acima, parecem estar mais seguros, mas vão ter que melhorar a nível exibicional se quiserem garantir o mais cedo possível a manutenção. De referir também que o Stoke ostenta sempre plantéis que, a priori, lutariam por algo como a Europa, mas que, no final, ficam sempre aquém.

A apenas 1 ponto da linha de água estão o Southampton, o Newcastle, o Crystal Palace e o West Ham. Aparentemente e teoricamente mais fortes seriam o Southampton e o West Ham, este último pelas compras que fez no verão, mas na verdade estão a ter dificuldades para impor-se e afastarem-se da zona de descida. O Southampton é mais um que tem plantel para mais, mas que não consegue lutar pela Europa. O recém-subido, Newcastle, já teve dias melhores e está quase a metade dos pontos desejados por Rafa Benítez (40). A verdade é que os magpies são um clube histórico e fazem parte da história da Premier, não fazendo sentido estarem a lutar pela manutenção. Falta falar do Palace que quase todos os anos anda por estas andanças, mas que consegue safar-se sempre. Conseguirão manter-se na melhor Liga do Mundo?

Palace e Swansea tentam escapar à descida. [Foto: The Eagkes Beek]

Ainda pior que estes, estão o Bournemouth, o West Brom e o Swansea. Apontámos para que o West Brom estivesse vários lugares acima já que contam com nomes como Krychowiak e Nacer Chadli, mas na verdade, estão cá para baixo e a realidade da descida está bem vívida para eles e ainda mais para o Swansea, com 15 e 13 pontos respetivamente. Falamos de outro campeonato, de outras aspirações, mas prevemos que a luta continue intensa para o resto do campeonato. A contribuir para isso está o Bournemouth que apesar de estar abaixo da linha de água, é o único que parece capaz de conseguir almejar a manutenção mais rapidamente.

 

A grande previsão é que lá para cima as coisas se decidam cada vez mais rápido, mas que cá em baixo as coisas podem complicar na luta pela manutenção. Mencionar também que a luta pela Europa também pode ser bastante acesa, tendo em conta que o título pode já estar decidido por meados de fevereiro.


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