União da Madeira sem união?

Daniel CarvalhoDezembro 20, 20176min0

União da Madeira sem união?

Daniel CarvalhoDezembro 20, 20176min0
Da subida à Liga NOS em 2015 até à atual classificação, o Fair Play tomou a liberdade de analisar o passado recente do clube de forma a encontrar resposta às interrogações que permanecem juntos dos amantes do futebol português e, em específico, dos adeptos do União.

O União da Madeira, atual 17º classificado da Ledman Liga PRO, está a passar por um mau capítulo da sua história.  As últimas três épocas foram autênticas maratonas de emoções que permitiram ao clube trazer o seu nome até à ribalta do futebol português. Esta temporada, os resultados desportivos não estão a ser os desejados pelos madeirenses e são já muitos aqueles que prevêem um desfecho menos positivo para o União. Será que ainda temos muito futebol para ver dos pés destes bailarinos da Madeira ou o Campeonato Nacional de Seniores está já ao virar da esquina?

Da glória até ao fenómeno Tondela

Em maio de 2015, é escrita uma das mais belas histórias do livro “União da Madeira”. Os rapazes comandados por Vítor Oliveira após uma última jornada louca, deixam Desportivo Chaves e Sporting da Covilhã para trás na corrida e alcançam a histórica subida à Liga NOS. À entrada para o último capítulo da temporada 14/15, quatro equipas estavam perante uma autêntica roleta russa em modo futebol, com Tondela, Chaves, Sporting da Covilhã e União a poderem subir ou não à primeira divisão do futebol português. Como referido, a sorte sorriu ao União e ainda ao Clube Desportivo de Tondela, o campeão desta temporada com 81 pontos (mais 1 do que os restantes concorrentes).

Porcellis na festa da subida à Liga NOS (Foto Mais Futebol)

A vitória por 3-0 ao Oriental de Lisboa na última jornada permitiu assim ao União catapultar-se para o palco principal do futebol português onde estreou da melhor forma frente aos seus “colegas de casa” Marítimo com uma vitória por 2-1. A vitória na estreia frente à “Super” equipa do Marítimo, composta por nomes como Dyego Sousa, Marega, Edgar Costa, Ghazaryan, Alex Soares e Fransérgio, deixava indicadores bastante positivos para o resto da temporada. No entanto, logo à segunda jornada, novamente em dérbi Madeirense, os pés do União voltaram à superfície, após derrota por 1-0 frente ao Nacional. O campeonato estava a cumprir aquilo que tinha prometido, e o União, orientado por Norton Matos, sabia que a luta pela manutenção seria até ao último segundo da Liga NOS 15/16.

No final, a sorte não sorriu aos “azuis e amarelos” tendo eles sido a primeira vítima do fenómeno da manutenção “Tondela”. À entrada para as duas jornadas finais do campeonato o União tinha já a permanência no primeiro escalão praticamente garantida, beneficiando dos 5 pontos de avanço sobre Tondela. Só um milagre poderia condenar os Madeirenses, visto que, somente num cenário de 2 derrotas para o União juntamente com 2 vitórias do Tondela poderiam condenar a formação de Norton de Matos. Ironia das ironias, o milagre rapidamente se transformou em realidade e a descida de divisão bateu à porta do União da Madeira. Terminava assim um sonho que parecia ter outro destino, no entanto, ficava a promessa de que o bom futebol madeirense não era apenas partilhado entre Nacional e Marítimo.

De volta à realidade LEDMAN

Após o desgosto de maio de 2016, a nova face do União, liderada por Filó, regressava em agosto aos trabalhos com um único objetivo em mente: o regresso à Liga NOS.

No entanto, a má sorte de final de época transata parecia ainda estar bem presente sobre o pensamento da formação madeirense. Após 5 jornadas disputadas, o União da Madeira encontrava-se apenas uma posição acima do limite de descida de divisão para o III escalão do futebol português. Os maus resultados continuaram a imperar e o tão habitual despedimento da equipa técnica foi inevitável. Filipe Rocha, mais conhecido por Filó, abandona os quadros do União em dezembro e deixa a liderança da equipa à mercê de Jorge Casquilha, conhecido entre os adeptos do futebol português pelas subidas de divisão do Moreirense desde a III até á I liga.

O rótulo com que chegava até à Madeira não tardou em transformar-se em bom futebol e os resultados foram apenas o culminar de um excelente trabalho realizado por toda a equipa técnica em conjunto com rapazes do União. Com a subida de divisão a ser uma realidade impossível, o União conseguiu nada mais nada menos que passar dos míseros 5 pontos à 5º jornada os quais lhe atribuíam a 16ª posição na tabela classificativa aos 64 pontos alcançados na última jornada que lhes permitiram alcançar um heroico 3º lugar.

Assim sendo, após um regresso atribulado à Ledman Liga PRO, o final de 2017 deixava indícios de que o União tinha mais do que capacidade para regressa à I Liga.

Novamente, os indícios não se concretizaram e a formação Madeirense atravessa repetidamente uma seca de resultados, estando hoje na 17ª posição.

A má gestão do clube (salários em atraso) aliado aos maus resultados desportivos tem feito do União a maior deceção dentro e fora do relvado nesta temporada. É uma das equipas da Ledman que sofre mais golos do que aqueles que marca, tendo uma das defesas mais inconsistentes do segundo escalão do futebol português. Atualmente, o União vai já na terceira equipa técnica e a primeira metade do campeonato ainda não está concluída. A recente vitória sobre o anterior segundo classificado Famalicão, expressa bem a realidade de que o União tem tendência para se superar nos jogos “grandes” (também já tinha ganho ao Académico de Viseu, atual primeiro classificado), não conseguindo manter o bom futebol ao longo das restantes jornadas.

A gota de água nas aspirações de uma possível recuperação ainda esta época ocorreu, recentemente, a 14 de dezembro quando, à semelhança de Orlandic, 5 outros jogadores pedem rescisão de contrato à direção do clube pelos salários em atraso, nomeadamente, Tony, Romaric, Marakis, Gonçalo Abreu e Júnior Sena.

Os tempos não se adivinham fáceis para a formação Madeirense (Foto: SapoDesporto)

A esperança dos adeptos num possível regresso à Liga NOS é já praticamente inexistente, sendo a manutenção palavra de ordem por terras madeirenses. Jogadores como o matador Luan Santos, Malfeury ou até mesmo o jovem Flávio Silva fazem os adeptos acreditar na possibilidade de uma segunda metade de época repleta de qualidade, ainda assim, são poucos os recursos para a exigência imposta.

Os tempos não se adivinham fáceis para o União da Madeira, sendo a condenação financeira e desportiva a realidade mais previsível. Por parte do Fair-Play resta-nos apenas deixar a promessa de que no final do campeonato cá estaremos novamente para confirmar ou não as previsões efetuadas neste fecho de ano de 2017.


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