Iuri Medeiros – o fruto de uma má política de empréstimos?

Fair PlayOutubro 29, 20175min0

Iuri Medeiros – o fruto de uma má política de empréstimos?

Fair PlayOutubro 29, 20175min0
O Sporting CP tem uma das melhores formações da Europa, mas o caso de Iuri Medeiros é preocupante. Conseguirá o fantasista ser uma opção para Jorge Jesus?

Iuri Medeiros, açoreano nascido na Ilha do Faial a 10 de Julho de 1994, chegou a Alcochete na época de 2004/2005. Integrado nos escalões de Sub-11, rapidamente se tornou numa das maiores promessas do futebol de formação do Sporting Clube de Portugal.

É um jogador que tem, inegavelmente, uma grande capacidade técnica, destacando-se sobretudo pela enorme qualidade do seu pé esquerdo. Joga preferencialmente no lado direito do ataque, procurando diagonais para armar o seu poderoso remate à entrada da área. Um dos seus maiores atributos é a exímia marcação de livres directos.

PEÇA FUNDAMENTAL NOS OUTROS…DISPENSÁVEL EM ALVALADE?

Iuri foi emprestado pelo Sporting na época de 2014/2015 ao Arouca, no ano posterior ao Moreirense e na temporada 2016/2017 ao Boavista. Durante estes três anos jogou na competição mais elevada do futebol profissional português, o que lhe valeu um lugar no plantel principal do Sporting em 2017/2018.

O extremo, com 23 anos, internacional sub-21 por Portugal, conta nesta época com oito jogos (dos quais cinco para a Liga Portuguesa) tendo acumulado apenas 261 minutos. Mas as suas exibições não têm convencido a crítica e têm posto em causa a sua continuidade no plantel, não faltando rumores na imprensa de que a SAD leonina estará a equacionar um novo empréstimo ou a sua venda a título definitivo.

Há que referir que, com exceção da presente época, a política de empréstimos do Sporting tem sido bastante fraca. E Iuri Medeiros é mais um exemplo disso. Foi emprestado a equipas que praticam futebol de contra-ataque e, por isso, já se esperava que brilhasse. Mas fruto do tipo de futebol praticado pelas equipas onde jogou, evoluiu pouco.

Com espaço para jogar, o açoreano é um jogador letal. Mas já o era antes de ser emprestado. Diferente é jogar no Sporting, onde impera uma cultura de exigência diferente, onde o futebol praticado é de posse, e onde é necessária a criação do seu próprio espaço. Veja-se, por exemplo, que na época passada todas as equipas jogavam fechadas, muitas vezes «estacionando o autocarro» contra os verdes-e-brancos.

Com exceção dos dois outros “grandes” (Benfica e Porto), Braga, Guimarães (este ano tão abaixo das espectativas), Rio Ave e Chaves foi assim. Além disso, a concorrência no plantel do Sporting é sempre de qualidade superior à encontrada nos clubes a que os jogadores leoninos são emprestados. Veja-se o presente caso: jogando no lado direito do ataque, Iuri pode ter a concorrência de Gelson Martins, Marcos Acuña e Daniel Podence. Sendo que também por ali podem aparecer, caso seja necessário, Bruno Fernandes ou Bruno César.

Se o treinador pretender utilizar Iuri Medeiros à esquerda ou no centro do ataque como segundo avançado, a situação não se torna mais fácil para o açoreano. Aos nomes já avançados, podemos juntar Doumbia, Alan Ruiz ou até, mais recentemente, Gelson Dala.

IURI NÃO ESTÁ SOZINHO… O CASO DE JONATHAN

Vejamos outro caso idêntico de uma política de empréstimos falhada. Jonathan Silva chegou ao Sporting em 2014/2015 chegando a ser convocado duas vezes para jogos amigáveis da selecção Argentina.

Após uma época no Sporting, com pouco tempo de jogo e sem possibilidades de evoluir em campo, foi entendido por parte do clube patrono que seria favorável para o crescimento do jogador um empréstimo a um clube argentino.

Cedido ao Boca Juniors, onde até conseguiu sagrar-se campeão nacional argentino na última época, regressou ao Sporting para tentar afirmar-se e disputar o lugar de defesa esquerdo com Fábio Coentrão. Posição que, diga-se, também não é estranha para o experiente francês Jérémy Mathieu ou para o macedónio Stefan Ristovski.

E acresce que, no caso de Jonathan Silva, para um lateral-esquerdo que tem claramente problemas de temperamento e de posicionamento, a sua inserção no campeonato argentino não faz qualquer sentido. Ali, o futebol é extremamente viril (por vezes em demasia) e o ritmo competitivo é demasiado baixo.

Voltando a Iuri. O extremo é um jogador com enorme potencial e acreditamos mesmo que possa ser uma grande figura do clube e, quiçá, da seleção nacional. Porém, um novo empréstimo é imperativo.

Podemos questionar que a idade do jogador pode ser um entrave complicado, para um regresso triunfante a Alvalade. Verdade, como aconteceu com vários outros nomes dos últimos 15-20 anos, porém, há um caso que tem de servir de “chamariz” e motivação para Iuri Medeiros, o caso de Adrien Silva. O médio-centro teve dificuldades em se impor nos Leões entre 2007-2010, e só regressaria a Alvalade no ano de 2012. O agora jogador do Leicester, voltou ao Sporting com 23 anos e conseguiu singrar, apesar das várias dúvidas e críticas que se colocaram nesse regresso aos “Leões”.

É necessário que o Sporting lhe conceda mais uma oportunidade de poder “rodar” na principal Liga, de preferência numa equipa que permita a Iuri Medeiros jogar um futebol ofensivo que não seja apenas de contra-ataque. E porque Iuri não é, ainda, solução, o Sporting terá de ir ao mercado adquirir mais um extremo.

TEXTO DE ANTÓNIO MENDONÇA


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS