#FernandoSantosOut: quem pode/deve se seguir como seleccionador?

Francisco IsaacDezembro 15, 20228min0

#FernandoSantosOut: quem pode/deve se seguir como seleccionador?

Francisco IsaacDezembro 15, 20228min0
Saída inglória no Mundial 2022, será que é hora de Fernando Santos sair de seleccionador? Escolhemos 4 nomes que podem se seguir no comando

Chegamos à fase pós-Campeonato do Mundo, e depois de 7 anos de intensa dedicação à selecção nacional por parte de Fernando Santos, a eliminação nos quartos-de-final no Mundial de 2022 precipitou a Federação Portuguesa de Futebol a proceder a uma mudança no cargo de seleccionador, apesar de ficar a faltar alterações na estrutura afecta ao futebol sénior e alto rendimento, de modo a reformular pensamentos, reestruturar objectivos e a planear os próximos ciclos competitivos. Apesar de ser um tópico de enorme importância em abordar, o tema de hoje vai acabar por ser mais secundário, já que vamos só olhar para uma simples troca no comando da selecção nacional “A”, escolhendo quatro hipotéticos nomes, lembrando ainda uns quantos outros que merecem ser considerados por terem as condições mínimas para entrar nas nossas contas.

Ponto prévio, os 4 nomes apontados neste artigo são aqueles que reúnem mais condições para nós, o que não significa que seja o cenário mais realista…

RUI JORGE (SELECÇÃO NACIONAL SUB-21)

Como nota pessoal, foi um nome que me passou ao lado nos últimos dias, mas felizmente, por via de um debate positivo e saudável, foi me relembrado por alguns utilizadores do Twitter. Antes de irmos aos motivos contra, é importante perceber o porquê do actual seleccionador sub-21 ter as condições mínimas para chegar ao escalão máximo da FPF. Comecemos pelas duas razões mais básicas: o de conhecer profundamente todas as gerações que desde 2010 passaram pelas suas mãos – de Bernardo Silva e William Carvalho, a Gonçalo Ramos e Vitinha -, sabendo bem quem são os atletas, como os adaptar e moldar face ao colectivo; e de ter calo no que toca ao saber lidar com a “casa” e as pressões externas, conhecendo bem como funciona a FPF.

O futebol jogado de Rui Jorge vai dependendo de quem são as novas fornadas de sub-21 do futebol português, mas, no geral, tem uma expressão positiva, de querer dar espaço aos jogadores para arriscar, sem comprometer com o aspecto táctico ou estratégico, como se viu por exemplo na campanha da fase-final do Euro 2021. Actualmente apresenta uma taxa de vitórias na ordem dos 71% (64 vitórias em 89 jogos disputados) e uns entusiasmantes 150 golos marcados nestes quase 10 anos ao serviço dos sub-21, com a ida à final em duas edições do Campeonato da Europa (atingiu a fase-final em três ocasiões, e só por uma vez não conseguiu apuramento).

Verdade que se deram algumas incongruências em umas poucas raras convocatórias – caso de Gonçalo Inácio em 2021, por exemplo -, contudo, no global, Rui Jorge é um treinador com relativo sucesso, com ideias (e ideais) bem estabelecidos e que pode imediatamente fazer uma transição mais pacífica e rápida.

JOSÉ MOURINHO (AS ROMA)

Dificilmente irá abandonar um projecto a longo-prazo na AS Roma – especialmente quando é bem amado e apreciado pelos adeptos dos giallorossi  – para regressar a Portugal, e o momento para ocupar o lugar de seleccionador nacional poderá já ter passado, mas é um dos nomes que merece atenção. O antigo treinador do FC Porto, Real Madrid, Inter de Milão, Chelsea, entre outras equipas, tem o condão para lidar com a imprensa, não se escusando a chocar de frente caso seja necessário defender a equipa, os jogadores, ou a si próprio. É difícil dizer o tipo de futebol que poderia implementar na selecção nacional, até porque entre a sua passagem pelo Manchester United, Tottenham e AS Roma, deu-se uma variação de qualidade, forma e pensamento, o que não ajuda a retirar o véu da dúvida de como José Mourinho abordaria o futebol de selecções.

O certo é que identidade, ambição, inteligência e colectivo uno seriam palavras chave no processo do treinador que conquistou todos os troféus a nível de competições europeias de clubes, podendo ser um seleccionador vocacionado para oferecer uma segurança maior ao processo defensivo e uma saída para o ataque mais pensada – que pode cair no “mastigado” e pouco imaginativo enquanto futebol colectivo -, com o foco posto em desenvolver um grupo de trabalho forte.

Todavia, e apesar das vantagens e experiência de José Mourinho, a FPF teria de encaixar bem naquilo que é a parte emotiva do treinador, sem criar entraves excessivos ou amordaçá-lo, especialmente na relação com a imprensa ou na honestidade plena com algum jogador.

SÉRGIO CONCEIÇÃO (FC PORTO)

Não há treinador que defenda a sua causa e os seus jogadores com mais paixão e agressividade que Sérgio Conceição, com este, por vezes, a transpor o limite da racionalidade e a ir a um extremo que pode ir para lá do exequível contudo, é alguém com uma capacidade especial para elevar os seus atletas para outro patamar, sabendo trabalhar bem com aqueles que já estão num nível individual alto – o problema no FC Porto foi nunca pode ter usufruído, na maioria das vezes, dos diamantes que lapidou – e gosta de pulsar por um futebol intenso, de procura de profundidade e de boa tração na estratégia defensiva.

Possivelmente, Sérgio Conceição estará a olhar para se manter no FC Porto por mais umas quantas temporadas ou sair em direcção ao campeonato italiano – fala a língua e conhece bem o futebol da Serie A -, o que torna esta opção praticamente inviável. Teria de ser um esforço sério da Federação Portuguesa de Futebol, e de apresentação de um projecto coerente, em que Sérgio Conceição não seria alvo de qualquer pressão exterior ou de ter de jogar com algum tipo de condicionamento que criasse um ambiente de trabalho pouco saudável.

Efectivamente, o facto de ter pretendentes e ainda ser jovem complica esta possibilidade, mas que encaixaria na perfeição na selecção nacional pelo perfil, identidade e carisma que detém, podendo fornecer uma energia completamente nova aos 7 anos de Fernando Santos.

LUÍS CASTRO (BOTAFOGO)

É um dos mestres do salto qualitativo da formação do FC Porto, tem créditos firmados enquanto treinador sénior, é um astuto pensador do jogo, e comunica com uma excelência visível, podendo ser uma excelente opção para o cargo de seleccionador nacional de Portugal. Poderá não ter uma tipologia de jogo imensa ou extremamente atractiva, mas tem os pormenores técnicos e tácticos que fomenta lógica, coerência e consistência ao 11, sabendo mexer na equipa quando necessário, possuindo uma aura mais calma que beneficia o colectivo nos momentos de maior aperto ou tensão.

Luís Castro sabe articular bem entre o mundo dos jovens e dos veteranos, não se deixa ficar em estatutos e saberia lidar com aquilo que os jogadores procuram num colectivo que procura escrever uma página de igual qualidade ao ciclo anterior, com mais títulos debaixo do braço, um pormenor que falhou algo na carreira do actual técnico do Botafogo.

O único senão é se terá a frontalidade para lidar com certas pressões e de injectar um espírito ambicioso na equipa, sem deixar cair todo o resto do processo que Luís Castro gosta de construir por onde passa.

MENÇÕES HONROSAS

Abel Ferreira (Palmeiras): ambicioso, sabe conquistar títulos, tem crença e tem eloquência para construir uma nova sinergia dentro da selecção nacional. As únicas questões é o caractér tempestivo com que lida com a imprensa – culpa dos dois lados, atenção – e o facto de ter uma série de interessados nos seus serviços, sendo um dos nomes apontados para substituir Tite no Brasil;

Leonardo Jardim (Shabab Al Ahli): está longe do futebol europeu, e parece ter perdido um pouco daquele espírito de vontade de provar o seu valor, mas possui as condições mínimas para se sentar no banco da selecção nacional. Futebol de bons processos com os olhos voltados para uma ambição alta, Leonardo Jardim sabe potenciar grupos de trabalho a um ponto alto.

Vítor Pereira (sem clube): poderá estar a caminho do “milionário” Flamengo, o que torna quase impossível a sua contratação, e isso deve bastar para retirá-lo de uma hipotética lista de candidatos, isto caso Fernando Santos abandone o comando da selecção. Vítor Pereira consegue incutir princípios psicológicos importantes nas suas equipas, e tem o dom de elevar boas defesas… a questão é se tem o que é necessário para levar Portugal às vitórias, uma vez que o último título foi conquistado pelo SIPG em 2019.

Foto de Destaque da Federação Portuguesa de Futebol


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