O que é feito da MLS?

António Pereira RibeiroSetembro 28, 20177min0

O que é feito da MLS?

António Pereira RibeiroSetembro 28, 20177min0
Para quem se esqueceu da competição norte-americana, fica aqui um ponto de situação sobre 2017.

Presente em quase todas as parangonas por alturas do mercado de transferências, a Major League Soccer vê o seu mediatismo desaparecer durante o desenrolar da competição. Por isso mesmo vale a pena debruçarmo-nos sobre a principal competição de clubes norte-americana, que avança a passos largos para a recta final da sua 22ª edição, e perceber como vão as coisas por lá.

 

A LIDERANÇA INCONTESTÁVEL DE UM EMBLEMA CANADIANO

É verdade. A MLS foi tomada de assalto por um dos seus representantes canadianos, os Toronto FC, que assumem a dianteira da classificação global, com uma distância de 7 pontos sobre o perseguidor mais próximo. A diferença pontual não deixa margem para dúvidas, estamos perante um líder incontestável, capaz de dar provas do seu domínio semana após semana. O plantel orientado por Greg Vanney foi construído racionalmente em torno dos cabeças de cartaz Michael Bradley, Sebastian Giovinco e Jozy Altidore, figuras que não dormem à sombra do estatuto. A eles se juntam outras individualidades de valor indubitável, tais como Victor Vázquez, centrocampista espanhol que lidera a tabela de assistências da MLS, com 16 passes para golo, ou Justin Morrow, lateral canhoto pouco ou nada conhecido na Europa, mas cujas exibições tornam-no merecedor de destaque. Resta-nos perceber se esta  super equipa consegue confirmar o seu estatuto soberano quando chegarem os Playoffs.

De notar ainda que na Conferência contrária aos líderes absolutos, também é o Canadá que chefia, por intermédio dos Vancouver Whitecaps. Uma curiosa tendência favorável a um país que coloca apenas três representantes (Toronto FC, Vancouver Whitecaps e Montreal Impact) entre 22 competidores.

 

OUTROS BONS EXEMPLOS VINDOS DA CONFERÊNCIA ESTE

Tanto na MLS como noutras competições norte-americanas de formato semelhante como a NBA, é habitual assistirmos a um ascendente dos clubes situados mais a Oeste. Porém, 2017 tem vindo a contrariar toda a história da MLS, à medida que o domínio da Conferência Este se vai acentuando. Os Toronto FC lideram sem apelo nem agravo, e das quatro equipas que se seguem em ex aequo na tabela classificativa, três delas são oriundas da Conferência Este: New York City FC, Atlanta United e Chicago Fire.

Comecemos pelos nova-iorquinos. Os comandados de Patrick Vieira têm vindo a crescer a olhos vistos de ano para ano, embora o seu sucesso continue a assentar na veia goleadora de David Villa, que já atingiu a marca dos 60 golos no campeonato, em quase três épocas. O veterano espanhol conta igualmente com a companhia de peças fundamentais tais como Alexander Callens, Jack Harrison ou Maxi Morález.

Outro dos emblemas em evidência é o Atlanta United, que curiosamente só começou a participar na MLS este ano. Um arranque de sonho, não só pelos resultados obtidos, mas sobretudo pela falange massiva de apoio que o clube foi capaz de reunir. Bastou uma temporada apenas para ultrapassar a média de espectadores dos anteriores líderes neste capítulo, os Seattle Sounders. A média fixa-se actualmente nos 47 mil espectadores por cada jogo no seu estádio, mas promete crescer ainda mais. Os resultados dentro de campo têm vindo a acompanhar este sucesso, com uma influência sul-americana substancial (Josef Martínez, Miguel Almirón, Yamil Asad, Leandro Gonzalez Pirez, Hector Villalba…), não fosse esta equipa dirigida por Tata Martino. Uma turma que entusiasma tanto pela tela como pela moldura.

Em Chicago mora uma das grandes surpresas de 2017. Os mesmos Fire que ocuparam o último posto da classificação na temporada transacta, sob a liderança do mesmo Veljko Paunovic, lutam agora por um lugar no pódio da Fase Regular. O técnico sérvio tratou de construir pacientemente o seu plantel ao longo da sua estadia de quase dois anos, e reúne presentemente Nemanja Nikolic, David Accam, Johan Kappelhof, Bastian Schweinsteiger e o português João Meira no mesmo balneário.

Fotografia: Sapo24

TUDO A ARDER NA CALIFÓRNIA

O clube mais condecorado da história da Major League Soccer atravessa um momento simplesmente desastroso. A saída do treinador Bruce Arena para a selecção norte-americana, após oito anos de ligação aos Los Angeles Galaxy pontuados pelo apuramento constante para os Playoffs, e pela conquista de três campeonatos, revelou-se fatal para os californianos. Verdade seja dita, esperava-se que o período pós-Arena fosse um verdadeiro desafio, tendo em conta a herança deixada, mas nunca se perspectivou um ano tão catastrófico como este. Actual penúltimo classificado, venceu somente sete dos trinta e um jogos disputados. Entretanto, Curt Onalfo já deu lugar a ‘Sigi’ Schmid no comando técnico, Jonathan dos Santos juntou-se ao irmão Giovani no plantel, e o cenário negro manteve-se. Excepção seja feita ao francês Romain Alessandrini, o único holofote nesta escuridão que são os Galaxy em 2017, ao somar onze golos e uma dezena de assistências.

 

MERCADO DE VERÃO DISCRETO

Os franchisings da Major League Soccer resistiram à loucura que foi o recente Mercado de Verão, e agiram de forma ponderada e racional. A movimentação mais cara deste período agitado acabou por ser a saída de Jonathan dos Santos para os Galaxy, uma transferência que rendeu pouco mais de 4 milhões de euros ao Villarreal FC. Ainda assim, apesar da inexistência de valores avultados, acabaram por se verificar boas surpresas para a competição. Entre as contratações mais importantes, destaque para Paul Arriola (DC United), jovem internacional norte-americano adquirido ao Tijuana, Valeri Qazaishvili (San Jose Earthquakes), georgiano ex-Vitesse, e para Víctor Rodríguez (Seattle Sounders), centrocampista espanhol formado no Barcelona, e que pertencia aos quadros do Sp. Gijón.

Curiosamente, um dos clubes que mais ganhou com o mercado da MLS foi o Sp. Braga. Os arsenalistas venderam Pedro Santos (Columbus Crew SC) e Tomás Martínez (Houston Dynamo), cada um por aproximadamente 2 milhões de euros.

 

CANDIDATOS A JOGADOR DO ANO

A quatro rondas do final da Fase Regular, a luta pelo prémio de Melhor Jogador do Ano parece ter-se reduzido a dois candidatos: David Villa e Diego Valeri. O espanhol obteve este reconhecimento na última época, mas tendo em conta a quantidade de vezes que continua a colocar o esférico no fundo das redes, pode muito bem repetir a proeza. Contra si tem um médio criativo que lidera a lista de melhores marcadores, com 20 (!) golos. Diego Valeri é sempre elemento de destaque da prova, independentemente do rendimento colectivo dos Portland Timbers, só que 2017 tem sido especialmente produtivo. Duas dezenas de golos e nove assistências, pelo menos para já, são números impressionantes.

Este artigo foi desenvolvido em parceria com a Sapo24, e a sua versão original pode ser consultada aqui.


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