AS Roma: o renascer de José Mourinho na Città Eterna

Emanuel RicardoSetembro 19, 20226min0

AS Roma: o renascer de José Mourinho na Città Eterna

Emanuel RicardoSetembro 19, 20226min0
Da amargura e queda no futebol inglês, para o renascer e recuperar, esta é a história de José Mourinho, que encontrou nova vida em Roma

Das sombras para a luz, de um “estranho” esquecimento para a eternidade, José Mourinho encontrou na Cidade Eterna e no AS Roma o caminho perfeito para voltar a sorrir, e continuar a deixar a sua marca no futebol mundial… mas como?

Temporada 2021/2022

O regresso de José Mourinho a Itália, um país onde já viveu imensas alegrias, foi um passo em frente no que é o rejuvenescer da sua carreira, aos 58 anos. Após uma experiência no Manchester United onde consegue ganhar três troféus (Liga Europa, a Carabao Cup e a FA Community Shield) e uma menos conseguida pelo Tottenham Hotspur, o treinador português assina um contrato válido por três anos pelo AS Roma, no dia um de julho de 2021.

Mourinho chega ao clube da capital italiana para substituir o treinador português Paulo Fonseca, depois uma época menos conseguida onde a Roma não foi além do sétimo lugar no campeonato. Com José Mourinho no comando dos giallorossi existiu uma profunda reformulação do plantel romano para a temporada 2021/2022. Grande parte dos veteranos da Roma saíram do plantel no período de transferências de verão (Edin Džeko , Alessandro Florenzi, Pedro, Bruno Peres, Juan Jesus, Frederico Fazio, e Steven Nzonzi). A segunda parte da revolução do plantel romano surge através de um investimento monetário realizado pela direção do clube, que ao trabalhar com Mourinho, contrata vários atletas que preenchessem as necessidades do treinador português.

O maior investimento foi em Tammy Abraham, ponta de lança inglês, que deixa o Chelsea e assina pela Roma por 40 milhões de euros. Juntamente com Abraham chegaram à capital Shomurodov, Matías Viña, Bryan Reynolds e o português Rui Patrício. O clube romano adquiriu também os direitos de Roger Ibañez e Kumbulla, após já terem estado emprestados ao clube na temporada anterior.

Os romanos tiveram um bom início de época, alinhando no clássico 4-2-3-1 de José Mourinho, e somaram seis vitórias nos primeiros seis jogos da temporada. A entrada rompante do Special One rapidamente desvanece-se, culminando numa derrota por 6-1 contra o Bodo/Glimt na fase de grupos da Europe Conference League. A equipa do treinador português pecava bastante no momento defensivo, algo anormal nas equipas de José Mourinho que priorizam bastante o sucesso da defesa. No mercado de janeiro, como forma de reforçar o meio-campo e a ala direita defensiva chegam, respetivamente, Sérgio Oliveira e Maitland-Niles, ambos por empréstimo.

A temporada dos romanos continuou sem conseguir rivalizar com os candidatos aos lugares cimeiros da tabela italiana, terminando em sexto lugar (apenas uma posição acima de Paulo Fonseca na temporada anterior) qualificando-se para a liga europa. O Renascer de Mourinho dá-se na primeira edição da competição Europe Conference League, onde após ultrapassar a fase de grupos em primeiro, derrota o Vitesse, o Bodo/Glimt (com quem tinha sofrido a pesada derrota na fase de grupos), o Leicester City e o Feyenoord na final. Mourinho consegue trazer para Roma o primeiro troféu desde a temporada 2007/2008 e o primeiro título europeu desde a Taça das taças em 1960/1961.

O treinador consagra-se então o primeiro a ganhar os três troféus europeus (Champions League, Liga Europa e Conference League) e mantém o registo imaculado de cinco finais europeias jogadas, cinco finais europeias ganhas.

Temporada 2022/2023

Embalado com a conquista no final da última época o Special One começa a temporada 2022/2023, na cidade eterna, com a moral em alta e uma equipa rejuvenescida à imagem de Mourinho, um plantel jovem (média de idades de 25,5 anos) e um estilo de jogo dinâmico e agradável à vista. O treinador português completa a revolução na sua equipa adquirindo contratações metódicas para cada setor do campo romano. O mercado de transferências foi exímio por parte da direção do clube, adquirindo atletas de bastante qualidade por um total de apenas oito milhões e meio de euros.

A baliza romana garantiu o jovem guarda-redes belga Svilar, ex-benfica, para substituir e ir evoluindo com Rui Patrício. Para a defesa é investido o maior capital, na transferência do lateral direito turco Celik, ex-Lille, que custa sete milhões aos cofres romanos. Para a lateral esquerda a Roma disponibiliza ainda do fantástico Spinazzola que regressa em pleno da lesão de longo período contraída no euro 2020.

No setor do meio-campo Mourinho reúne-se com Nemanja Matic, a custo zero, após ter treinado o sérvio no Chelsea e no Manchester United, um verdadeiro jogador à Mourinho. O neerlandês Wijnaldum, na procura de mais tempo de jogo, em ano de mundial, chega por empréstimo vindo do PSG. Também por empréstimo, mas com taxa de um milhão e meio de euros chega, vindo do Olympiacos, o guineense Camara. O meio-campo romano possuí um incrível equilíbrio de capacidades, adicionando qualidade à titularidade de Bryan Cristante, fortalecendo o que teria sido para Mourinho uma das principais razões dos falhanços que ocorreram na temporada anterior.

As contratações mais sonantes da equipa italiana chegam para jogar no ataque à baliza adversária e ambas a custo zero, cimentando uma incrível abordagem ao mercado. O ponta de lança italiano Andrea Belloti chega para concorrer diretamente com Tammy Abraham e dar uma maior profundidade às opções ofensivas de Mourinho. Para jogar imediatamente nas “costas” de Belloti e Abraham chega a ex-estrela da Juventus, Paulo Dybala, que após terminar o contrato com a vecchia signora troca Turim pela capital italiana. O argentino irá participar no “carrossel” de médios ofensivos, juntamente com Zaniolo e Pellegrini, e pode muitas vezes fazer a diferença pelos Giallorossis, como já mostrou com três golos e duas assistências nos seus seis primeiros jogos.

A intensidade e futebol de bela qualidade que a Roma de Mourinho mostra no início da nova época promete assustar os rivais e fazer com que os romanos sejam mais uma vez respeitados na corrida aos primeiros lugares da Serie A. Nos primeiros jogos já foi possível observar que a equipa se arruma em campo em 4-2-3-1, com elementos que caracterizam bastante o estilo de jogo de Mourinho. A capacidade de controlo de jogo a partir de uma forte defesa capaz de disparar contra-ataques rápidos é fortalecida por um conjunto de defesas centrais que têm no seu arsenal um belo passe, curto ou longo.

A criatividade dos médio ofensivos que são protegidos por uma linha do meio-campo forte e segura, surge com o objetivo de potencializar ao máximo os homens golos do treinador português, Abraham e Belloti. A qualidade que a equipa possuí promete lutar por mais que um sexto lugar na tabela da Serie A 2022/2023, ser uma séria ameaça as taças italianas e relativamente ao futebol europeu a Roma é uma grande candidata a chegar longe na prova da Liga Europa, tal como fez no ano anterior na Conference League.


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