Onde é que anda o Flop: Kaviedes o matador que nunca jogou

Francisco IsaacNovembro 30, 20176min0

Onde é que anda o Flop: Kaviedes o matador que nunca jogou

Francisco IsaacNovembro 30, 20176min0
Do pacote que veio de Vigo em 2002 nem tudo foi bom... Kaviedes foi, sem dúvida, um dos maiores flops do FC Porto. Sabes quem é ele? Redescobre connosco!

Benni McCarthy quem se esquece do mortífero avançado sul-africano que chegou às Antas/Dragão e num par de meses ganhou um cântico ainda hoje entoado pelos adeptos do FC Porto? Ninguém certo? Então e quem se lembra de Ivan Kaviedes do… bem a adjectivicação correcta seria “fantasma” equatoriano que a única coisa que assombrou foi a SAD portista?

striker chegou no mesmo pacote que McCarthy, já que ambos foram transferidos do Celta de Vigo para a Invicta. Se o sul-africano arrumou com 12 golos no fundo das redes no espaço de cinco meses, já Kaviedes jogou apenas… zero minutos com o símbolo do FC Porto ao peito. Prometeu muito na conferência de imprensa e muito se falou do que podia fazer dentro de campo.

Mas quem era Ivan Kaviedes? Um produto das escolas do Emelec, o ponta-de-lança marcou 43 golos numa só época. Veloz dentro da caixa, com um sentido posicional especial que ia de encontro com um potente poder de remate e finalização. O ano foi 1998 e mesmo com o goleador ao serviço, o Emelec não levantou qualquer título.

De qualquer forma, a excelente prestação do equatoriano mereceu a atenção dos clubes europeus, com o Perugia a ganhar o leilão. Nos poucos meses que teve ao serviço do Perugia, Kaviedes completou 14 jogos e marcou 4 golos, sendo um dos jogadores-salvadores do clube do centro de Itália.

A boa entrada na Europa valeu nova transferência, desta feita para o Celta de Vigo, que vivia os seus anos de ouro com uma forte presença na La Liga (coincidentemente, foi a altura em que a Galiza teve um forte protagonismo no futebol espanhol) e que vinha a “incomodar” os grandes do país vizinho.

Só que o “calvário” de Kaviedes começou com esta ida para Vigo, jogando apenas 6 jogos na primeira metade do campeonato, não conseguindo assumir o mesmo protagonismo que nas passagens pelo Emelec e Perugia. A roda de empréstimos começou com Puebla (2000), Valladolid (2000-2001) e, finalmente, FC Porto.

 

Em Janeiro de 2002, o FC Porto passa por um momento crítico da sua “vida”… Octávio Machado é despedido logo a abrir o ano, Kaviedes chega e José Mourinho assume a equipa. O rebuliço e confusão que se instalou na Invicta acabou por “estragar” com a vinda do equatoriano, que esperava ter conseguido bem mais que 0 jogos disputados no Campeonato.

Chegou rotulado de matador, com um toque de bola mágico e felino, onde ainda combinava bem com a sua velocidade dentro da grande área. Só que não convenceu de forma alguma a equipa técnica azul-e-branca. Jogou frente ao SC Braga para a Taça de Portugal, entrando por Carlos Secretário num momento em que os dragões já perdiam por duas bolas a uma. Nada fez e acima de tudo atrapalhou o ataque do FC Porto que estava desesperado por dar a volta ao jogo.

A 23 de Janeiro chega Mourinho e, ao bom gosto do treinador, muda tudo. Kaviedes deixa mesmo de ser convocado e passa a ser só um empecilho, sendo mesmo retirado da lista de inscritos para UEFA. O clube trata logo de prescindir dos serviços do avançado com uma rescisão de contrato em Fevereiro, mais precisamente a 22 desse mês.

Uma passagem altamente fugaz, sem “alma” e sem sequer ter feito um remate em direcção à baliza, Kaviedes foi uma desolação para o público das Antas, que esperava bem mais de um jogador que vinha com rótulo de serial-killer.

O avançado causou polémica e controvérsia com Octávio Machado a apontar o dedo (ou vários dependendo do alvo) a Jorge Mendes por ter imposto o avançado ao FC Porto. Pode recordar o comunicado do agente aqui.

A saída do FC Porto pode-se explicar por várias razões sendo a primeira a falta de convicção que o próprio tinha nas suas capacidades na altura. Para jogar no Porto de Mourinho era preciso trabalhar, trabalhar e trabalhar, meter o body on the line e tentar demonstrar inteligência com e sem a bola. Kaviedes desistiu rapidamente do sonho europeu, para voltar para o Equador… a corrida pelo Mundial foi mais importante que lutar por um lugar e isso dita a carreira do avançado.

Ironicamente, Kaviedes mal jogou no Mundial, consumando só 90 minutos em três jogos… o Equador não passou da fase-de-grupos. A partir daí, o avançado optou por jogar na América Central e do Sul, tendo sérias dificuldades para se impor no futebol mundial.

No Barcelona… do Equador, Kaviedes ainda conseguiu marcar 14 golos e realizar algumas boas exibições que lhe permitiram regressar à Europa. Mas quem iria buscar um avançado que nunca tinha provado os seus créditos sob pressão? Bem, os negócios ruinosos em Inglaterra são regra e o Crystal Palace foi o clube a dispensar cerca de dois milhões de Libras pelo avançado.

O valor de transferência ainda é alvo de discussão, uma vez que o Palace afirma que não é verdade, apesar de empresário e o Barcelona SC afirmarem e provarem o contrário. Em Inglaterra, completou 4 jogos e…zero golos. Esta situação de “não facturação” à frente da redes aconteceu por sete vezes na carreira do equatoriano: Vigo, Puebla, Porto, Palace, Deportivo Quito, LDU Loja e LDU Portoviejo.

Actualmente, Kaviedes joga nas divisões secundárias,no Clube Aguilas Santo Domingo do Equador, isto com já uns 40 anos nas pernas. Pelas “águias” já marcou sete vezes e tem sido importante na formação do clube. Mas o mais engraçado aqui é o facto de estar a jogar ao lado do seu filho adoptivo, Marco Kaviedes.

Jaime Ivan Kaviedes, El Nine como é conhecido no Equador, marcou uma era do futebol equatoriano já que foi ele o homem que marcou o golo que meteu o país no seu primeiro Mundial, no ano de 2001. Rápido, felino e com um toque de bola “adocicado”, Kaviedes prometeu muito mas acabou por desiludir quase mais de metade dos clubes por onde passou.

No FC Porto é relembrado como um dos maiores flops do século XXI, que prometia golos e mais golos, numa altura em que o clube da Invicta estava desesperado por referências de área (Pena tinha tido uma queda abrupta no ano de 2001 e 2002) e precisava de se revitalizar. O timing foi péssimo, a postura de Kaviedes também não foi a desejada e a paciência da direcção azul-e-branca era mínima.

Kaviedes é um jogador mais “humano” e dedicado às massas, com um amor pelo Equador sem igual, de tal forma que lhe toldou a continuação na Europa. Agora está nas “Águias”, tem a sua própria escola de futebol que funciona dentro do mesmo clube e vive uma vida pacifica.


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