Mundial de Clubes: Urawa Red Diamonds, o explosivo potencial nipónico

Francisco IsaacDezembro 6, 20176min0
Quem são estes japoneses do Urawa Red Diamonds? A equipa nipónica não é um crónico campeão, mas é um adversário temível e com um estilo diferente

Do Japão chegaram e chegam-nos muitas maravilhas e invenções que vemos e usamos no nosso dia-a-dia, numa terra onde uma convalescência de sentimentos vivem lado-a-lado. O típico nipónico parece reservado e silencioso, mas por dentro vive uma alma de criança que se emociona com o mais simples possível. E porquê é que podemos afirmar isto? Bem, é ver como os adeptos sentiram a sua paixão quando os Urawa Red Diamonds lutaram pelo título de Campeão da Ásia.

A equipa nipónica, que não está nada costumada a ganhar a J1 League (muito pelo contrário, já que só levantaram o título por uma vez, no ano de 2006), joga de uma forma tão apaixonada, que liga qualquer adepto à electricidade. Futebol enérgico, motivado, estratégico e pulsante, é o que podem esperar dos japoneses que sonham em chegar tão longe como os seus rivais do Kashima Antlers no ano de 2016 (final perdida para o Real Madrid) no Mundial de clubes.

Mas quem são estes Red Diamonds? O que nos faz querer segui-los? E há algum jogador interessante?

Rafael Silva é o nome que devem recordar… usando uma frase icónica de (supostamente de) Júlio César, Veni, vidi, vici ou seja, Vim, Vi e Venci, o brasileiro fez o mesmo ao serviço do Urawa Red Diamonds. Na AFC Champions League (Liga dos Campeões Asiática) o artilheiro marcou nove golos, dois deles na final jogado a duas mãos.

Com um pé canhão, um jeito para “partir” as ancas do adversário, de encontrar espaços em “sítios fechados” e um motor de arranque, Rafael Silva tem sabido carregar as esperanças dos adeptos dos Reds, com golos, assistências, lances geniais e jogadas diabólicas. É um extremo-avançado que tem gosto pela bola, exibe um belo controlo dela e tem a capacidade de assumir o ataque com preponderância.

Deu bastante jeito ao treinador, Takafumi Hori (um autêntico homem da casa, já que nos seus tempos de jogar actuou pelos Urawa Red Diamonds) ter Silva às suas ordens, já que o brasileiro decidiu não só a final (tanto o golo fora no estádio do Al-Hilal ou em casa, foram decisivos) mas como resolveu a meia-final frente ao SIPG de André Villas Boas (2-1 no acumular das duas mãos), com um espectacular cabeceamento que não teve adversário à altura. E isto de um extremo que gosta de descair para o centro mais avançado do terreno com elegância.

Mas, fugir (ou pelo menos tentar!) de Rafael Silva, o jogador que merece todas as atenções é Yuki Abe. Quando procuramos lendas, Abe deveria figurar na lista, já que aos 36 anos apresenta um vigor e uma classe que pouco se encontra no Desporto-Rei. Tanto joga a trinco (onde sempre fez carreira e motivou o Leicester a contratá-lo em 2010) ou a central, garantindo estabilidade, saída para o ataque e um bom fio condutor de jogo, algo fundamental para o sucesso dos Urawa.

Mesmo com uma idade já (algo) avançada, Yuki Abe movimenta a equipa com eficiência, como se fosse uma extensão da “massa cinzenta” do banco técnico mas dentro das quatro-linhas. Para além disso, a experiência e capacidade de pensar nos momentos de maior pressão, fazem do trinco/central um dos melhores capitães no Continente asiático, algo que pode muito bem fazer a diferença no Mundial de Clubes.

Na Liga dos Campeões da Ásia, os Urawa Reds foram o melhor ataque de toda a prova com 18 golos marcados e 7 sofridos na fase-de-grupos, ampliando mais 11 golos até ao final da competição, para além de ter conseguido duas reviravoltas dentro dos oitavos e quartos-de-final (Jeju United da Coreia do Sul e Kawasaki Frontale, do Japão), provando que há uma paixão intensa e um espírito resiliente e de não desistência dentro destes Diamantes Vermelhos.

Por isso, são os Urawa Red Diamonds uma equipa a temer no Mundial de Clubes? Pela história que têm na competição (chegaram à medalha de Bronze em 2007), é melhor que o Al Jazira/Auckland City estejam preparados para “sofrer” no jogo dos quartos-de-final, uma vez que os nipónicos são de longe os favoritos para esse encontro.

Depois há o Real Madrid e apesar do favoritismo cair todo em cima da equipa de Cristiano Ronaldo e Cª, é preciso ter muito cuidado com as “surpresas” que surgem dos confins da Ásia, especialmente dos país de onde o Sol Nasce. A seu favor está o facto de apresentarem um estilo intenso, dinâmico, onde a conjugação dos extremos com os avançados fazem todo o sentido e potenciam-se excelentes lances de ataque.

Para além disso, o meio-campo tem capacidade de aguentar com o impacto de equipas mais “violentas” em termos físicos, sabe gerir o controlo de bola e gosta de metê-la em velocidade tanto nas costas dos centrais ou nas alas. Na defesa há a tal experiência de Yuki Abe, que se encontra com a “pantera nipónica” Shusaku Nishikawa (27 vezes internacional pelo Japão), apresentando uma perfeita sintonia entre centrais, laterais e guarda-redes.

Contudo, equipas que gostam de ter a bola no pé, que tenham uma qualidade táctica-técnica acima da média e assumam o jogo por inteiro, acabam por causar problemas sérios para os Urawa Red Diamonds, que apesar de gostarem de “sofrer” (quando são obrigados a tal), não o conseguem fazer durante muito tempo.

MVP: Rafael Silva (típico “samba” do futebol);
Striker: Shinzo Koroki (inteligência e um bom finalizador);
Treinador: Takafumi Hori (o homem da casa);
Porque é que entram?: Ganharam o AFC Champions League 2016-2017;
Até onde vão?: meias-finais e perdem contra o Real Madrid;
Pontos fracos: problemas contra equipas que assumem o jogo no meio-campo, falta de frescura para jogar no máximo durante 80 minutos;
Pontos fortes: colectivo intenso, sabem manipular bem o jogo contra equipas que são fisicamente mais “agressivas” e respiram bem em situações de perigo;
Primeiro jogo: vs Auckland City ou Al Jazira dia 9 de Dezembro às 16h30 (horas portuguesas)

A final gloriosa ante o Al Hilal (referente à 2ª mão)


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